No Esporte Espetacular

dom, 01/08/10
por Rafael Lopes |

Carlos Gil, repórter da Rede Globo e grande amigo, fez esta ótima matéria sobre a repercussão do vexame do GP da Alemanha no público e na Fórmula 1. Ele ouviu as opiniões de Reginaldo Leme, Luciano Burti, Oscar Ulisses e Celso Itiberê. Para falar sobre o efeito da polêmica na internet, ele me entrevistou e mostrou o blog Voando Baixo, que teve recordes de audiência na semana passada. Assistam!

Dia 3: O que vem por aí

dom, 17/01/10
por Rafael Lopes |

Mini-header Madonna di Campiglio

Massa e Alonso em Madonna di Campiglio

Gostaria de me desculpar com todos pelo atraso desta última postagem de Madonna di Campiglio. No encerramento do evento fiquei envolvido com a solução de alguns problemas de horário para envio de material via satélite para a TV Globo. Mas, felizmente, consegui ver a disputa acirradíssima entre Felipe Massa e Fernando Alonso numa corrida que, para seres normais, seria uma brincadeira. Quando digo normais, tento expressar a surpresa e admiração cada vez que vejo pilotos profissionais de perto. À beira da pista de gelo fiquei ainda mais impressionado com o arrojo e a maneira diferente que estes caras têm de encarar os desafios e tirar o máximo dos carros, mesmo que sejam de passeio.

Mesmo num evento festivo todos eles entram para disputar para valer. E a disputa Massa x Alonso nos carros 4×4 foi bem legal. O brasileiro levou a melhor na final, dando um “xis” numa tentativa de ultrapassagem e defendendo a posição na última volta. Seria ótimo que a temporada fosse assim. Aguerrida, com muitas ultrapassagens, decidida no último Grande Prêmio. Pena que os dirigentes não se preocupem tanto assim com o aspecto esportivo, que perde, de longe, para o comercial. Apesar da proposta dos atalhos do Bernie…

Fora da pista, no último dia, Felipe e Fernando se mostraram entrosados. Quando disse que falou mais com o espanhol em três dias do que com Kimi Raikkonen em três anos, Massa não estava exagerando. Em Madonna di Campiglio, o finlandês nunca fez 10% do que Alonso fez para conquistar as pessoas, deixar uma boa impressão, parecer fazer parte de uma equipe. Na festa de encerramento, numa discoteca, os dois pilotos da Ferrari passaram vários momentos juntos. Chegaram a dançar na mesma roda de amigos. Se vai ser assim durante o ano, acho difícil. Não que aposte numa briga. Só que a competitividade, nesse nível, é altíssima.

Quando a temporada começar de fato, é cada um por si. E para Felipe, em último ano de contrato, é fundamental um bom início de ano. Quem sabe vencendo já no Bahrein, pista onde costuma se sair bem. Já Fernando está motivadíssimo com a Ferrari. Fez seguidas declarações de amor à escuderia e se disse ansioso para voltar a enfrentar Michael Schumacher. No entanto, não é demais torcer para um ano em que o clima interno da Ferrari seja saudável. Da entrevista que fiz com Felipe guardei uma frase dele: “na pista cada um vai trabalhar forte para ganhar, isso é o legal do esporte”. Às vezes a Fórmula se esquece que é um esporte. Ainda bem que não é sempre.

Dia 2: A dor de cotovelo

qua, 13/01/10
por Rafael Lopes |

Mini-header Madonna di Campiglio

Domenicali na entrevista coletiva

Enquanto a Ferrari recebe jornalistas do mundo inteiro na vigésima edição do Wroom em Madonna di Campiglio, em Jerez de la Frontera, Espanha, sem a presença da imprensa, Michael Schumacher testa um carro da GP2 com vistas à readaptação aos monopostos e a reestreia na Fórmula 1. Pela Mercedes.

“É impossível não estranhar. Assim como é impossível dizer que os fãs da Ferrari estejam felizes com essa escolha que ele fez. Mas ficam as boas lembranças. De tudo o que Michael fez pela equipe. E do que a equipe fez por ele”. Assim reagiu Stefano Domenicali, homem-forte da escuderia italiana ao ser perguntado sobre a sensação de ver Schumi como adversário na temporada 2010.

Schumacher testa o GP2A Ferrari acusou o golpe e não fez questão de esconder a dor de cotovelo. Foram treze anos, entre pilotagem e consultoria, e seis títulos mundiais (cinco dele e um de Raikkonen, quando Michael trabalhava nos bastidores da equipe). O alemão tirou a Ferrari do jejum, quebrou todos os recordes e trouxe muito prestígio e exposição para a marca do cavalinho empinado. Assim como a Ferrari emprestou seu selo de qualidade e charme para impulsionar de vez a carreira de um piloto que já dava provas de talento e perspicácia na Benetton.

Como disse Domenicali, será meio esquisito ver Schumacher correr contra a Ferrari. Mas vai passar. Faz parte do jogo. Se Michael deve muito aos italianos, também devia este agrado à fábrica que apostou nele quando garoto. No mais…

Stefano Domenicali respondeu a 26 perguntas na coletiva oficial de imprensa de hoje. Sete, de alguma maneira, tocavam no assunto “relacionamento Alonso e Massa”. Muita gente pode ter visto na coluna anterior um exagero. Continuo com a mesma opinião. Ninguém é bonzinho na F-1. Todas as ações, mesmo as mais simples, são pensadas. Pelos corredores ainda se fala do escândalo de Cingapura, das declarações daquela época, das posições tomadas por cada piloto. Ao comentar a postura política de Alonso, que chegou à Ferrari ciente de que precisa cativar as pessoas, não se faz uma crítica a esta postura. Apenas uma constatação. Não se põe lenha na fogueira, apenas se reporta o fato. Nem crápula, nem santo. Um piloto experiente, bicampeão do mundo, que sabe que o marketing pessoal tem muito peso na F-1.

A nova Ferrari será lançada em Maranello, no dia 28. Nos testes de Valência um dia de provas para Massa – dia 1º de fevereiro – e os dois seguintes para Fernando Alonso. Na segunda sessão de treinos da pré-temporada deve-se inverter esta ordem. Em princípio.

Mudando de assunto

Em visita à Itália, Bernie Ecclestone, chefe comercial da Fórmula 1, disse que não crê que todas as equipes inscritas alinhem no grid no GP do Bahrein, no dia 14 de março. Começam a pipocar notícias de problemas financeiros na Campos, por exemplo. Bruno Senna tem bons patrocinadores e condições plenas de manter vivo o sonho de estrear na categoria. Mesmo que seja em outro time.

Dia 1: O jogo de Alonso

ter, 12/01/10
por Rafael Lopes |

Mini-header Madonna di Campiglio

Alonso e Massa posam para fotos

Fernando Alonso não é bobo. E esta frase não é novidade para ninguém. E, além de esperto e talentoso nas pistas, o asturiano é sedutor fora delas. Não no sentido galanteador do termo. Até porque debater a vida amorosa do bicampeão não interessa por aqui. Ele é o tipo de cara que sabe o que dizer, na hora certa. E, mais importante, fala o que se espera dele, o que os outros querem ouvir.

Se a tática do “latin lover” não caiu nas graças da inglesa McLaren, pode servir como uma luva na italiana Ferrari. Ao chegar à estação de esqui de Madonna di Campiglio, onde o evento Wroom, bancado por patrocinadores da escuderia, comemora a vigésima edição, Alonso era só sorrisos. Tudo bem, um piloto “top” de F-1 tem mais é que sorrir mesmo com o salário que recebe. Mas não é só isso. Fernando Alonso sabia que a imprensa mundial que o aguardava aqui, nos Alpes italianos, e iria analisar cada movimento, medir cada palavra, especular cada gesto. E Dom Fernando veio preparado.

Alonso brinca com câmera de cinegrafista italianoAo tomar a câmera de um cinegrafista italiano e brincar que gravava imagens do baile de gala realizado na segunda à noite, ele moveu a primeira peça do desafiador xadrez que terá pela frente ao longo de toda a temporada. Onde e como Felipe Massa derrotou Kimi Raikkonen nos bastidores da equipe – a ponto de a Ferrari dispensar um campeão do mundo para apostar num piloto que vem de longo período de inatividade?

A resposta Alonso conhece. Massa tem o coração da Ferrari. Fala italiano, é gentil com os mecânicos, com a imprensa – até onde é possível. Ao posar de amigo do cinegrafista, o espanhol – que, da mesma forma, fala italiano fluentemente – estava mandando um recado. Eles, que são seus amigos, Felipe, podem ser meus amigos também.

A Ferrari, a todo custo, se esforça para demonstrar que o tratamento será igual para os dois pilotos. No entanto, é inegável que a expectativa da semana em Campiglio é ver, perguntar, ouvir o que Fernando Alonso tem a dizer como novo contratado da mais charmosa e poderosa equipe da Fórmula 1. Ele é capa dos jornais, dos sites, assunto das TVs europeias. Mais de vinte jornalistas espanhóis foram convidados para o evento (contra cinco brasileiros). Antes mesmo da temporada começar, Alonso prepara seu xeque-mate contra o companheiro de equipe. Para os torcedores de Felipe, vale a mesma frase que abriu esta coluna. Tranquilos. Felipe Massa não é bobo.

Neve em Madonna di Campiglio

Japão: o mundo não tem outro lado

ter, 29/09/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Vista do Monte Fuji, tradicional cartão-postal do Japão

Eu adoro o Japão. E com esse depoimento pessoal abro esta coluna Passaporte. E poderia abri-la com o sentimento oposto. O quarto de hotel de onde escrevo tem, sem exagero, uns cinco metros quadrados. Cinco! É quase um daqueles hotéis-pombais, onde se entra num misto de caixão e gaveta, deita-se e dorme-se de barriga para cima, pois não há espaço para virar o corpo. O meu quarto não chega a ser assim. A mala, no entanto, não pode ficar aberta no chão (não há armário) ou eu não consigo entrar no banheiro. E, no banheiro, tomar banho é sentir-se um gigante em terra de anões. A cabeça bate no teto e a estrutura de vaso sanitário, pia e chuveiro é uma só. Um molde pré-fabricado onde todos os encanamentos são interligados. Difícil imaginar? É, só vendo mesmo. Porém, se fosse listar tudo o que há aqui dentro pareceria que o espaço é cinco vezes maior. De cada buraco sai uma extensão que se desdobra em outro componente e se transforma numa mesa, numa cadeira, numa tábua de passar roupa.

Isso porque os japoneses são muito práticos. E aprenderam a viver num território apertado e hostil. Uma vez um deles me disse que o Japão era muito estranho. Um país que tinha como principal cartão-postal um vulcão adormecido. Ou seja, que idolatra a montanha que pode cobri-los de lava e trazer a destruição. Falo do Monte Fuji, onde tive a sorte de estar duas vezes, nos dois últimos Grandes Prêmios. E tirei fotos para provar. Sim, porque os japoneses também dizem que ver o Fuji é uma dádiva. Tem gente que vem até aqui, passa uma semana tentando bater uma fotinho só… E nada. As nuvens estão sempre cobrindo o cume.

Máquinas encontradas nas esquinas do JapãoNeste ano, a F-1 volta a Suzuka, de onde não se vê o Fuji mesmo. Só que o entorno de Suzuka é igual ao de Fuji. Casinhas semelhantes, restaurantes pequeninos, ruas apertadas, plantações de arroz e maquininhas com tudo o que se possa imaginar em cada esquina (de novo a praticidade dos japoneses. Você pode comprar de tudo nessas caixas automáticas: café, água, doces, cigarros, refrigerantes, chá, sucos, cerveja, cartões de recarga de celular etc, etc, etc, etc.).

A diferença é que Suzuka tem laços afetivos eternos com os torcedores brasileiros. A simples menção ao nome de Ayrton Senna faz os locais suspirarem. Este ano, no circuito, haverá uma loja dedicada exclusivamente a produtos com o nome e a marca do tricampeão. Réplicas dos bonés azuis do Nacional, camisetas, chaveiros, adesivos, bichos de pelúcia, bandeiras. Uma linha especial para lembrar os quinze anos da perda do piloto brasileiro que conquistou seus três títulos mundiais na pista japonesa.

Quando se fala do Japão sempre se ouve expressões do tipo “do outro lado do mundo”. Quando se está no Japão o sentimento é de que o mundo não é tão grande assim. Tudo cabe num quartinho de cinco metros quadrados. A memória está preservada. No templo xintoísta ou em alguns quilômetros de asfalto. Sorrisos abrem portas quando faltam palavras e sobra boa vontade. E, se faltam todas as palavras, sushi é sushi e sashimi é sashimi. Não se passa fome. Se a culinária local não agrada, as maquininhas salvam. Basta um punhado de moedas.

O jeito certinho e respeitador do japonês às vezes espanta, às vezes diverte, às vezes irrita. Igual ao jeitinho brasileiro. O jeitinho brasileiro do bom sentido. O da alegria, do improviso, da hospitalidade. Não aquele de querer levar vantagem em tudo (esse, só irrita).

Tem gente que diz que “japonês é tudo igual”. Aqui, no Japão, se aprende que ser humano é tudo igual.

E é por isso que eu adoro o Japão.

P.S.: Dica de leitura: Qualquer livro do Haruki Murakami. Vale à pena a maneira simples e direta da crônica da mistura entre o Japão moderno e o tradicional. O mais recente chama-se “Após o anoitecer”.

Cingapura e a sopa de letrinhas

ter, 22/09/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Vista aérea da reta do circuito de Cingapura

Não conheço todos os idiomas do mundo. Mas, de todos os que conheço, apenas em português Cingapura se escreve com “C”. Lá para eles é “Singapore”. Tudo bem, isso não tem a menor importância. Foi apenas uma maneira de dizer que este segundo GP de Cingapura, o primeiro – e até aqui único – noturno da Fórmula 1 começa sob o signo da letra C. De cinismo, de culpa, de cansaço.

Imagem da cidade de CingapuraJá no fim da temporada encarar um voo que começa às quatro da tarde de segunda-feira e termina só às oito da manhã da quarta não é mole. Esse cansaço prévio da chata rotina dos aeroportos é o sinal mais evidente de que o Natal e as férias estão mais próximos.

Falemos, pois, de cinismo e culpa. Afinal, as curvas do circuito de rua de Cingapura foram palco de uma das maiores e mais sujas armações do esporte mundial nos últimos tempos. Briatore punido, Symonds também. Foi pouco, não acham? Mas previsível, não concordam? Ou alguém esperava uma verdadeira caça às bruxas nesse episódio lamentável? Provada a culpa, veio a condenação. E a pena integral não será cumprida. Os pilotos envolvidos estão livres para guiar onde quiserem. E a equipe que estava por trás continua nos paddocks da vida. Dos três “C”s prevaleceu mesmo o do CINISMO.

Fico com o C de Cingapura, então. Uma ilhota ao sul da Malásia. Pequenina, quente toda a vida e cheia de dinheiro. Um dos portos mais movimentados da Ásia, aliado a incentivos fiscais e desenvolvimento industrial na área de tecnologia garantem ao país traços modernos, frota de veículos novíssimos e um turismo em crescimento.

E chamar Cingapura de Ilha da Fantasia não é exagero. Encravada no sudeste asiático, cercada de nações politicamente instáveis, o país é composto por etnias distintas, dividindo harmonicamente o (pouco) espaço. Chineses, hindus, muçulmanos, europeus. São variados os rostos que encontramos ao caminhar pelas ruas e avenidas limpíssimas, onde o governo proibiu até mesmo o consumo de chiclete!

Imagem da cidade de CingapuraA sensação inicial de que se trata de um paraíso artificial, de um pequeno país sem muita história ou personalidade me parece uma dose exagerada de preconceito. Um preconceito de quem não quer admitir que as soluções mais simples são as melhores e que uma nação tão minúscula possa ter encontrado o caminho que outras terras adoradas de encantos mil ainda buscam.

Pena para Cingapura que o seu inédito e interessantíssimo GP noturno tenha ficado marcado pelo antiético, anti-esportivo, anti-tudo-aquilo-em-que-queremos-acreditar. Que a partir deste fim de semana a “Ilha do Leão” seja mais lembrada pela Solidariedade, Sinceridade, Simpatia, Simplicidade e tudo o mais que o seu “S” original possa trazer ao esporte.

A terra (nostra) das paixões

ter, 08/09/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Na frente da Galleria Ferrari

Coliseu, torre torta, gôndolas, catedrais, Da Vinci, Michelangelo e Ferrari. A Itália é tudo isso e muito mais. Não dá para dizer que a paixão pelo automobilismo é tão antiga quanto os mais famosos monumentos (se bem que os romanos eram bem chegados a uma corrida de bigas), mas é difícil achar torcedor mais fanático que o italiano ferrarista, quase um pleonasmo.

Imagem de MichelangeloMonza é o templo de uma seita de hábitos incomuns para um esporte individualista, onde heróis são pilotos. Eles são devotos de um time, uma marca, um mito, não importa quem vista o macacão – e deram sorte de não precisar torcer para Luca Badoer in loco! Gostem ou não – e são muitos os que torcem o nariz para ela, não sem boas justificativas – a Ferrari se confunde com a história da F-1. E a relação torcedor-equipe é diferente quando se fala na “Nazionale Rossa”, a seleção vermelha, a escuderia do cavalinho empinado de Maranello. Da Itália. Do mundo.

Assim como as ruínas de Roma, o erro arquitetônico tão famoso de Pisa, o romantismo de Veneza, o estilo de Milão, a genialidade de tantos personagens históricos, a Itália é conhecida e reconhecida no mundo pela fábrica de carros que leva o sobrenome do comendador que a fundou.

Uma vez, batendo papo com amigos que cobrem a F-1, fizemos o seguinte exercício: numa pesquisa “Top of Mind”, dessas que publicitários organizam para avaliar o poder de uma marca perante o público consumidor, onde estaria a Ferrari em relação à Itália? Se um hipotético pesquisador te parasse na rua e perguntasse: Diga cinco marcas que você associa com a Itália. Quantas pessoas responderiam Ferrari entre as cinco? Ou mesmo entre três, duas, uma marca apenas.

Imagem da Torre de PisaPois é, muitas, né? Certamente a maioria. Esse fascínio que arrasta multidões a Monza e a todos os autódromos do mundo resistiu a anos de jejum de títulos, fortaleceu-se com um grande ídolo, Schumacher, e se espalhou pelos continentes. Ainda este ano, em Abu Dhabi, um parque temático da equipe será apresentado em fase adiantada de construção.

O time italiano é bom de marketing, cultiva bom relacionamento com a imprensa, sabe como agradar. Inova nas pistas, mas também vacila de vez em quando. Gosta de aparentar nobreza e altivez, mas sabe ser uma “família”. Sabe que precisa afagar para, quando escorregar na ética, receber afagos. Um estereótipo da Itália que representa. País com um pé no futuro e outro no passado. Para o bem e para o mal. Por isso, cercado de paixões. Quando se fala em Itália – ou em Ferrari – ninguém é indiferente.

Interior do Coliseu de Roma

Spa é Spa

qui, 27/08/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Vista aérea de Spa-Francorchamps

Não apenas pela Eau Rouge, pelos bosques das Ardennes, pelo charme e tradição. Spa é Spa seja em francês ou flamengo (variação do holandês falada no norte da Bélgica), o que é fundamental na orientação. Perder-se no caminho de Bruxelas à cidadezinha no sul do país não é difícil em um carro sem GPS. Siga a estrada para Liège, dizem os belgas. Só que, de repente, os sinais para Liège somem. E é preciso conhecer um pouquinho de geopolítica para se dar conta de que o “Luik” que se lê em algumas placas nada mais é do que o nome de Liège em flamengo…

Estrada para LiègeEstado independente desde 1830, a Bélgica é mais ou menos do tamanho de Sergipe. Imaginem o estado do Nordeste brasileiro com imigrantes africanos, árabes, sul-americanos, asiáticos e uma população que fala três idiomas distintos e não necessariamente se suporta. Que caldeirão…

Basicamente, a Bélgica é formada por duas grandes regiões: o Flandres, de influência holandesa e alemã, e a Valonia, de maioria francesa. Este ano, por causa de brigas políticas entre os dois grupos, o país ficou sem governo constituído durante meses. Nenhum dos dois lados queria ceder.

Mas, voltando à estrada, graças à boa vontade da maioria, chegar a Spa não é um problema tão grave quanto o primeiro-ministro belga formar seu gabinete. A viagem é sempre uma grata surpresa. O verão por aqui não é aquele verão com o qual estamos acostumados. Vinte graus é luxo e motivo para o povo esticar a toalha no gramado e (tentar) pegar aquele bronze. As estradinhas próximas ao circuito são lindas e nos fazem pensar como deve ser o inverno, com a neve sobre a copa das arvores, legítimos pinheiros de Natal. Mas a floresta não traz apenas boas recordações. Aqui foi travada uma das mais cruéis batalhas da Segunda Guerra Mundial, entre dezembro de 1944 e fevereiro de 1945, debaixo de muito, muito frio.

Imagem da Eau Rouge em 2007Na Formula 1 é uma pista simbólica para Michael Schumacher. A primeira corrida, a primeira vitória. Mas a Ferrari vai mesmo, ainda, de Luca Badoer. A RBR espera reagir com temperaturas mais baixas. E Rubinho vai tentar dar a arrancada para virar o jogo, como fez Kimi Raikkonen em 2007. O finlandês venceu em Spa. Um dos circuitos mais desafiadores do circo e, como sobremesa, os “gaufres” (espécie de waffle típico da Bélgica, com chocolate e chantili, uma perdição). Seja em francês, holandês ou alemão, Spa é Spa. Uma história que resiste à própria historia da Bélgica.

Os traços e troços de Valência

ter, 18/08/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Imagem de Valência, sede do GP da Europa

O que é isso? E a imaginação voa como a de crianças tentando decifrar os desenhos das nuvens. Aquilo ali parece um esqueleto de peixe gigante, um fóssil da era cenozóica ou coisa do gênero. E aquele outro prédio, uma réplica em tamanho monumental do capacete dos guardas imperiais de “Guerra nas Estrelas”. Há anos a Espanha se destaca pela ousadia estética urbana. Gaudí é herói – não à toa – em Barcelona. E Valência seguiu estes traços e inventou troços bem bacanas, justamente no trecho por onde vai passar a Fórmula 1 mais uma vez. Ao optar por uma corrida de rua, o governo da província – a Generalitat de la Comunitat Valenciana – não pensou em questões esportivas. Que, diga-se de passagem, andam fora de moda na F-1. Pensaram na imagem de cidade moderna, em vender turisticamente este belo balneário. Valência vale mesmo, e muito, a visita. Mas que era – e é – difícil competir com Madri e Barcelona como pólo turístico, ah, isso é.

Imagem de Valência, sede do GP da EuropaAssim, no ano passado, o GP da Europa, o mais nômade do circo, desembarcou no mar Mediterrâneo. O autódromo já existente, usado em testes, ficou às moscas. O Negócio (com N maiúsculo mesmo) era apostar nos bólidos cortando as avenidas, passando pelo porto revitalizado, pelos prédios novos e antigos da charmosa capital da paella. Se a corrida será chata, sem ultrapassagens, disputada debaixo de um calor abissal, e daí? Não é assim que pensam os donos do jogo? Infelizmente sim.

O que não tira os méritos de Valência. Do charme que tem, da boa comida, das praias, da arquitetura revolucionária. O peixão e o capacete, na verdade, fazem parte de um complexo batizado de Cidade das Artes e das Ciências (cariocas que se lembraram da mal fadada Cidade da Música, esqueçam, não tem nada a ver com a obra inacabada da Barra da Tijuca). Museus, aquários, espaços para exposições e por aí vai. Tudo numa área que foi reformada como parte de um projeto que mudou a cara da zona portuária da cidade. Primeiramente, por causa da realização da America’s Cup, principal competição de vela oceânica do mundo, que Valência sediou. E a Fórmula 1 acabou herdando essa cidade passada a limpo.

A Espanha passou a ter dois GPs muito em função do sucesso do bicampeão Fernando Alonso. Assim como a Alemanha de Schumacher organizou dois Grandes Prêmios por um bom tempo. Felizes, os fãs poderão torcer por Alonso e sua Renault, punida apenas com uma multa pela barbeiragem que resultou na perda de uma roda em Hungaroring. Nem sei se foi justa ou não a decisão da FIA. Mas são tantas as lambanças nos tribunais que, querem saber?, achei melhor assim mesmo. Deixa a torcida festejar. Corridas de rua têm isso de bom, a participação popular. E os espanhóis, de modo geral, aprenderam a amar a Fórmula 1 com Alonso. Que ele esteja pilotando, então.

Imagem de Valência, sede do GP da Europa

Não estarão Nelsinho e Felipe. Rubens Barrichello será o único brasileiro no grid. Como não estive na Hungria deixo aqui, também, meus votos de sucesso para o Piquet Jr. e saúde para o Massa. Felipe, estamos todos muito felizes com a sua rápida recuperação. Em 2008 você deu um show em Valência. No último dia dos Jogos Olímpicos, ele conquistou a sua medalha de ouro bem longe de Pequim. Domingo que vem, diante da TV, vai viver essa experiência diferente. De certa forma, voltar a ser menino, quando as corridas eram diversão de domingo via satélite.

Faremos um brinde. Você merece. Valência também.

Abre-se a Cortina

qua, 22/07/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Imagem de Budapeste, capital da Hungria

Para uma criança e pré-adolescente do fim da Guerra Fria o Leste Europeu sempre exerceu um grande fascínio. O que se esconderia, afinal, atrás daquela quase intransponível Cortina de Ferro? A Fórmula 1 começou a descobrir em 1986. Nem sempre afinada com a linha dura imposta pelos burocratas de Moscou, a Hungria tem uma história de desafios. Não só aqueles de 1956, trinta anos antes da chegada da F-1 portanto, quando a população foi às ruas cobrar mais liberdade – e acabou sufocada pelos tanques soviéticos.

Imagem de Budapeste, capital da HungriaUma nação criada pelo chefe de uma tribo nômade, não-eslavos cercados de outros povos sempre dispostos a invadi-los. Um idioma que trava a língua do diabo, como bem definiu Chico Buarque. Um ex-império, o Austro-Húngaro, de fronteiras reduzidas por tantas guerras. Mas a Hungria não foi feita apenas de divisões. E a maior prova está na pérola do leste, a cidade que nasceu do casamento de duas. As colinas de Buda e as pradarias de Peste.

Ícone do capitalismo, a Fórmula 1 desembarcou há 23 anos pela primeira vez em um país comunista. E Budapeste abriu suas cortinas, de flores e encantos temperados com páprica, ao mundo do esporte. Se o Hungaroring está obsoleto – e está -, se a prova é uma procissão de poucas ultrapassagens, se o calor de agosto no coração da Europa é seco e insuportável… São detalhes que acabam passando despercebidos diante da imponência dos monumentos às margens da nobreza nem sempre azul do Danúbio, a artéria principal desta delícia de cidade.

Deliciosa como o “goulash”, o picadinho típico do leste europeu, e os doces da Gerbaud, a confeitaria mais tradicional e charmosa de Budapeste. As praças, os prédios, o castelo, a ponte das Correntes. Dos violinos sai a música de herança cigana e viaja-se no tempo.

Imagem do circuito de Hungaroring, em Budapeste

Num pequeno restaurante, de pouco mais de dez mesas, bem próximo da avenida que leva à estação central de trens, encontramos o polonês Robert Kubica. Jantava com o empresário e alguns poucos amigos. Vindo da vizinha Polônia, ele já conhecia os encantos da cidade. Não se deixou aprisionar em um quarto de hotel cinco estrelas e viveu Budapeste por mais uma noite. “Olá, tudo bem, bom apetite”. Foi o máximo que dissemos a ele. Nada de pedidos de fotos ou entrevistas. Ali, éramos, por alguns momentos, turistas encantados.

No dia seguinte, Robert vestiu o macacão, entrou no carro, acelerou. Por dentro do capacete, por trás da viseira já não via mais a arquitetura clássica, não sentia os sons e os cheiros da cidade. Nem nós. Mas ela ficou marcada para sempre. Mesmo para quem jamais esteve lá Budapeste é inesquecível. Chico que o diga.

Dica de leitura: Budapeste, Chico Buarque. Escrito sem que o autor tenha botado os pés na capital húngara, o que de fato aconteceu anos depois.

Schumi, e a Alemanha descobriu a F-1

ter, 07/07/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Imagem de Heidelberg, próximo a Hockenheim

Schumacher no pódio de Nürburgring em 2004Sou do tempo em que a Alemanha não era do primeiro time de países formadores de pilotos de Fórmula 1. Para não ficar refém das ferramentas de pesquisa da internet, puxei pela memória. Só me lembrei do Manfred Wilkelhock, morto nos anos 80. Manfred passou pela categoria sem grande destaque. A vizinha Áustria era representada na época por Niki Lauda e Gerhard Berger, o que dá a dimensão do abismo de talento que separava os alemães de outras nações mais tradicionais neste esporte, entre elas o Brasil.

Os anos 90 foram um divisor de águas. Graças a Michael Schumacher. São tantos os recordes que ficaria até chato fazer uma relação completa. Mas seria injusto não citar alguns números. Sete títulos mundiais, 91 vitórias, 68 poles, 76 voltas mais rápidas, 154 pódios, 1.369 pontos e por aí vai.

Como fruto deste domínio histórico a Alemanha entrou, definitivamente, para o grupo de formadores de pilotos. O irmão de Michael, Ralf, chegou a fazer corridas e temporadas razoáveis. Na Fórmula 1 atual é alemão um dos pilotos mais promissores, se não o mais promissor, Sebastian Vettel. Há jovens talentos como Nico Rosberg e Adrian Sutil. Timo Glock, campeão da GP2, também conquistou seu espaço. Nick Heidfeld não chega a ser uma estrela, mas tem seus méritos.

Imagem de Heidelberg, próximo a Hockenheim

Natural que o interesse do público e da mídia alemãs aumentasse ao longo dos últimos anos. A cobertura dos veículos locais é grande, a audiência também. Por anos o país foi premiado com dois Grandes Prêmios, fato ligado diretamente à popularidade de Schumacher: Hockenheim e Nurburgring. O primeiro era o GP da Alemanha e o segundo, da Europa (transferido para Valência, na Espanha, muito em função dos títulos de Fernando Alonso).

Hockenheim, próxima a encantadora cidade universitária de Heidelberg, é o circuito mais bonito e preferido de quem cobre a temporada. No entanto, este ano, no rodízio estabelecido pelos organizadores, Nurburgring vai representar o país de chucrutes, salsichões, cerveja, gasolina e graxa. O país que soube derrubar estereótipos e se mostrar alegre. Que se reconstruiu, livrou-se da imagem obscura de nação inimiga, exibiu a sua nova face. A Copa-2006 provou a boa parte do mundo que o alemão sabe sorrir. Michael já os havia ensinado anos antes.

Silverstone, os fãs, o pato e o ídolo

ter, 16/06/09
por Rafael Lopes |

Passaporte, por Carlos Gil

Carlos Gil no paddock de Silverstone

Entrada d'O PatoEmbora os chefões da categoria se esforcem para acabar com eles, ainda há templos da Fórmula 1. Silverstone é um deles. A “Casa do Automobilismo Britânico”, como se lê nos portais de entrada. Um autódromo construído numa antiga base aérea militar da Segunda Guerra Mundial. O tempo deixou como legado, além da história, uma série de melhorias a serem feitas. Mas templos podem ser reformados. Tradição não se compra ou vende.

Ao redor de Silverstone há uma série de cidadezinhas que, mais ou menos, têm a economia ligada às corridas. Northampton, Brackley, Towcester. Nesta última fica o Rice Bowl. A partir de agora, simplesmente “O Pato”.

O Pato é um restaurante chinês. Onde se bebe cerveja chinesa. E come-se o melhor pato laqueado do mundo. Afirmativa baseada em incursões próprias aos considerados melhores restaurantes típicos de Pequim e Xangai, as duas maiores cidades chinesas. Pois o pato anglo-chinês é melhor do que o original. Trata-se de um pato inteiro, desfiado, servido enrolado em panquecas com aipo e molho agridoce. Quando chega a semana do GP da Inglaterra, ir jantar n’O Pato torna-se programa tão oficial quanto se perder à procura do hotel no trajeto Aeroporto de Londres-um-vilarejo-qualquer-do-noroeste inglês.

Restos do Pato laqueado e jornalistas brasileiros no restaurante

O Pato foi frequentado por Ayrton Senna. E a partir daí os jornalistas brasileiros o descobriram. Michael Schumacher também passou por lá. Fotos autografadas de próprio punho pelo heptacampeão comprovam. Hoje, parece inimaginável aos atuais pilotos sentar-se às mesas apertadas e coloridas, dividir um rolinho primavera com algum dos demais comensais, desviar da estrada principal e experimentar a deliciosa culinária oriental made in Towcester.

Hamilton, o ídolo jogado para escanteio, e Button, o estereótipo do ÍDOLO britânico, jamais estiveram n’O Pato. E, muito provavelmente, jamais estarão. A partir de sexta-feira, o atual e o futuro campeão da Fórmula 1 – assim como todos nós -  começam a se despedir de Silverstone (nunca é bom afirmar que algo acabará na F-1 de Max e Bernie mas, a partir de 2010, o GP da Inglaterra está previsto para acontecer em Donington Park).

Rua da cidadezinha de Towcester

Button vai ganhar de novo? Será que vai chover? FIA e Fota vão chegar a um acordo? Silverstone vai mesmo sair do mapa? Diante de tantas dúvidas, fico com apenas uma: quem vai pagar “O Pato”?

O que está em jogo

dom, 07/06/09
por Rafael Lopes |

Bastidores de Istanbul Park

Reunião da Fota com os pilotos

Antes do GP da Turquia, a Fota e os pilotos de oito das dez equipes deram uma clara demonstração da insatisfação com os rumos que a FIA tem determinado para a Fórmula 1. Teto orçamentário, novas vagas, Kers, difusores, título pelo número de vitórias, fim de reabastecimento, blá-blá-blá. Tudo isso tem um peso pequeno. A grande questão é, para variar, o dinheiro.

As equipes se deram conta de que são mais fortes unidas. Não importa qual o piloto vai ganhar o campeonato. O que importa é que o público compra um boné do Hamilton, camiseta do Raikkonen, quer autógrafos do Alonso, uma bandeira da Ferrari, tirar uma foto da McLaren, ver o Massa, acha até uma Force India linda. Ninguém paga um tostão para levar para casa um cachecol onde se lê “Força Bernie”. Ou uma caneca com as iniciais de Max Mosley.

Ou seja, a parte que cabe a quem faz o espetáculo não está agradando. Eles acham pouco. E acham que os atuais comandantes da categoria estão enriquecendo às custas da paixão do público e, por conseguinte, às custas das equipes.

Já vimos casos como o da Indy-IRL-Fórmula Mundial-Cart-não-sei-mais-o-quê. Não é impossível que a F-1 se desmembre. Embora ninguém veja esse racha como melhor opção, ele não pode ser descartado. No momento…

Se a conversa evoluir para questões financeiras, todos passam a falar a mesma língua.

Ainda dá?

Era a pergunta geral no paddock ao final do GP da Turquia. É claro que, matematicamente, o campeonato não está decidido. Mas será possível que Button perca esse título? Imaginem a seguinte situação hipotética: Ferrari sobrando na turma. Massa vence seis em sete. Raikkonen está 26 pontos atrás. O que a imprensa brasileira estaria cobrando da escuderia do cavalinho? “Já está na hora de a Ferrari priorizar o campeonato do Massa!”. É ou não é? Podemos criticar a Brawn se, a partir de agora, o melhor pedaço do bolo ficar para o Jenson?

Quem aparece como segunda força? A RBR? Mas Vettel e Webber estão tirando pontos um do outro. Há um grande equilíbrio entre eles. Parecido com o que custou à McLaren o caneco de 2007. Hamilton e Alonso eram fortes, disputaram prova a prova até o fim. E não levaram.

Não defendo que a RBR dê a Vettel ou Webber a prioridade, que arme resultados. Só vejo que, do jeito que está, não há um candidato capaz de tirar a diferença que Button construiu ao longo das sete primeiras provas.

Em se tratando de um esporte, sempre pode haver uma virada. Resultados assim acontecem para queimar a língua dos apressados. Mas será que é perigoso demais afirmar que o próximo campeão do mundo já saiu? O que vocês acham? Existe chance de Jenson Button perder o título de 2009?

O pulo do gato

sex, 05/06/09
por Rafael Lopes |

Bastidores de Istanbul Park

Heikki Kovalainen sai da pista nesta sexta-feira

- O treino de sexta-feira não foi muito elucidativo. Kovalainen o mais rápido? Não dá para acreditar que o finlandês vá incomodar. Alonso? Kubica? Quem não aparece muito na corrida, precisa fazer uma espuma no treino para agradar os patrocinadores. É o caso da Williams também. Muitos desses carros andaram com pouco combustível.

Vettel teve bom desempenho, não fosse a falha mecânica que arruinou a segunda parte do treino dele. A RBR pode ser uma desafiante à altura para a Brawn por aqui. A Ferrari? Talvez. Mas Felipe Massa pareceu excessivamente cauteloso ao comentar a escolha certa dos pneus. Nem ele nem (quase) ninguém sabe o que é melhor no Istanbul Park: compostos macios ou duros.

Na escolha certa da estratégia de pneus pode estar o pulo do gato de quem vai fazer a pole e, principalmente, vencer a corrida. Se bem que aqui isso é sinônimo até hoje:

2005 – Kimi Raikkonen (McLaren) – pole e vitória
2006/07/08 – Felipe Massa (Ferrari) – pole e vitória

- Uma pena o jornalzinho “Red Bulletin”, informativo da equipe RBR, ter parado de circular corrida a corrida. As edições eram divertidas e traziam boas informações e, esporadicamente, boas pautas. A crise transformou o jornalzinho em revista mensal. A capa desse mês nada tem a ver com a Fórmula 1, mas com o Brasil. É Maya Gabeira, a surfista de ondas gigantes. Com direito a belas fotografias na praia de Ipanema.

- O “Energy Station”, mega-construção da equipe que fica no paddock durante as corridas europeias, não veio à Turquia. Foi para as 24 Horas de Le Mans. Será que os times já estão se acostumando a trocar a Fórmula 1 por outras categorias? (isso é para ser levado MEIO a sério, brincadeiras à parte).

- Button de novo? Pelo bem do campeonato, torço para que outro ganhe.

- Quem acredita que a (encantada) centésima vitória de um piloto brasileiro sai na Turquia?

Rápidas Turcas

qui, 04/06/09
por Rafael Lopes |

Bastidores de Istanbul Park

Quinta-feira no paddock do GP da Turquia

- Engraçada a reviravolta nos bastidores da Fórmula 1. Em outros anos, quando a metade da temporada ia chegando, a especulação do troca-troca de pilotos esquentava. Agora, fala-se muito mais em novas equipes do que propriamente em quem vai guiar estes carros. Há o grupo das que tentam romper a última barreira e conseguir entrar para o clubinho exclusivo. Campos Meta, Litespeed, Epsilon Euskadi. E também os projetos “revolucionários”, como a US. Aquela que vem sendo prometida há pelo menos dois anos, a Prodrive. E as equipes ressuscitadas: Lola, March, até em Brabham Grand Prix já se falou. Hoje, o L’Équipe, da França, comentava o interesse da Oreca, time com histórico em participações de categorias de monoposto, turismo e off-road. Entraria em 2011. E estaria interessada em contar com Bruno Senna. Para saber quais conseguirão as teóricas três vagas no grid basta responder a uma simples questão: quem dá mais?
 
- Não são apenas as equipes que se movimentam nos bastidores. As cidades-sede de GPs também. Istambul teme perder a corrida em breve. Precisa melhorar as condições de trânsito, que são péssimas. O autódromo é ótimo. E ainda dá sorte aos brasileiros. Seria uma pena a F-1 deixar a Turquia, um dos maiores atrativos do calendário. País fascinante.
 
- A maioria das fornecedoras de combustível das equipes tem estudos avançados sobre o novo regulamento que proibirá, mais uma vez, o reabastecimento durante as corridas a partir do ano que vem. Muda muita coisa. A estratégia, obviamente. E, quimicamente, os engenheiros fazem uma série de análises de rendimento, combustão, desempenho. Para quem curte estes aspectos mais técnicos dá para achar alguma coisa sobre as pesquisas nos sites destas empresas. Pouco. A surpresa é fundamental.
 
- Rubens Barrichello deixou-se inspirar pela superstição e pelo esoterismo dos turcos. Está usando duas pulseiras “energéticas”. São de um novo patrocinador. Mas o piloto garante que trarão energias positivas. Para Rubinho já passou da hora da virada.
 
- Meu voo chegou tarde à Istambul e não tive a chance de falar com Felipe Massa. Na sexta passo detalhes do papo.
 
- Acabo de voltar do jantar. Jenson Button estava na mesa ao lado. Nem sabia que ele estava hospedado no meu hotel (que, diga-se de passagem, é um bom hotel, mas nada perto do glamour a que os pilotos estão acostumados). Andei sondando algumas pessoas sobre uma possível mudança de personalidade do até aqui favorito ao título. Todos acham que Button continua o mesmo cara, atencioso e profissional. As cinco vitórias em seis provas não viraram marra. Será que ele muda ao longo da temporada? Tomara que não. Não é preciso ser arrogante para ser um campeão da F-1.



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