Voar não é preciso

sex, 05/06/09
por Rafael Lopes |

Fila no guichê da Air France, no Rio

É sempre uma barra quando ocorre um acidente de avião, em especial se ele acontece próximo de nós. Nestas catástrofes que raramente deixam sobreviventes, são sempre cem, duzentas vítimas fatais de uma tacada só. No caso do vôo da Air France que desapareceu no Atlântico, exatas 228.

São 228 histórias, 228 sonhos interrompidos por um só acidente. A lista de passageiros e tripulantes mostra bem isso. Há o engenheiro, a professora, o maestro, a médica, o juiz, a cantora, os noivos e até o príncipe, que embarcaram juntos para o mesmo destino. Que acabou, por força maior, sendo diferente do esperado. Não há como não se envolver ao ler alguma coisa a respeito destas pessoas.

É claro que tragédia é tragédia, pois não há como achar normal uma perda desta magnitude. E é claro, também, que todos se solidarizam com as famílias das vítimas. Porém, é importante e necessário relativizar certas coisas. Os desastres aéreos impressionam pela quantidade de vítimas que produzem de uma só vez, mas ainda assim não se comparam, proporcionalmente, ao que acontece nas estradas do Brasil.

São desesperadores os índices que aparecem no noticiário a cada feriado prolongado. No período entre 20 de dezembro de 2008 e 4 de janeiro de 2009, por exemplo, foram registrados nas rodovias federais nada menos que 7140 acidentes, que deixaram 435 mortos. Quase o dobro do número de ocupantes daquele Airbus, e com a assustadora média de uma vítima a cada 16 acidentes.

Acidentes de avião, felizmente, são raros, por todos os procedimentos de segurança que envolvem uma operação de vôo. No entanto, vem aí mais um feriadão, período no qual milhares de veículos trafegarão pelas rodovias brasileiras. Baixar o número de acidentes é possível, desde que se dirija com consciência, respeitando as leis de trânsito, os limites das estradas, do equipamento e dos demais motoristas. E, logicamente, evitando a qualquer custo a mistura de álcool e direção.

Para quem vai viajar, lembro da mensagem escrita em um adesivo da Embraer, colado no carro do meu padrinho, que me acostumei a ver quando criança. Um recado simples, mas que dizia tudo: “Calma. Voar é para avião.”

O jornalista Alexander Grünwald é produtor do programa Grid Motor, do SPORTV, e dono do Grün Blog. Ele escreve neste espaço todas as sextas-feiras.

Crédito da foto: Divulgação

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4 Comentários para “Voar não é preciso”

  1. 1
    Sérgio Dellova:

    Olá Alexander, parabéns pela lembrança!
    Infelizmente acidentes aéreos impressionam pelo número de vítimas que faz, mas mais que isso, impressionam pelo sentimento de impotência que nós sentimos! Quando um avião cai não há o que fazer, apenas contar os mortos!!
    Diferentemente das estradas, pois quando acontece um acidente mesmo que haja mortos o sentimento é de que era possível fazer alguma coisa para se evitar.
    Nós brasileiros sempre reclamamos das coisas, falta de transporte público adequado, falta de rede saúde pública de qualidade, falta de político honesto, falta de ensino de qualidade, código penal de 1940 e por aí vai!!!
    Ficamos o tempo todo arrumando uma desculpa para encobrir os nossos próprios erros! Acho que já passou da hora de assumirmos as nossas responsabilidades, não só como nação, mas como gente!!!
    O governo decretou a lei seca no país, com a criação da lei houve uma redução de quase 40% no atendimento de emergência nos hospitais em geral, em alguns casos a redução chegou a 55%! mas sabe o que aconteceu? Um sujeito que se acha acima do bem e do mal foi até a televisão dar uma declaração de que a lei era abusiva, e o teste do bafômetro era um crime contra o cidadão pois produz prova contra ele mesmo!!!
    Desculpem a minha total ignorância se eu tiver falando algo errado, mas achar que uma lei que gerou benefícios instantâneos e tão importante pra todos os cidadãos do nosso país é abusiva é uma total falta de responsabilidade, aquele senhor poderia ter ficado com a boca fechada e não dizer através do seu conhecimento de advogado que a lei era abusiva.
    Se a lei de fato é abusiva, acho eu com minha total falta de conhecimento que: O traficante deveria ser colocado na rua, pois estava carregando drogas e a droga produz prova contra ele mesmo! O corrupto deveria ser colocado na rua , pois os dólares em sua cueca produziram provas contra ele mesmo! O ladrão deveria ser colocado na rua, pois o produto do roubo produz prova contra ele mesmo!
    Se toda vez que uma lei for criada para trazer bem-estar e segurança para as pessoas de bem, alguem se achar acima do bem e do mal e questionar essa lei, viveremos para sempre com o código penal de 1940, teremos saúde pública de péssima qualidade, transporte, políticos, educação tudo de pésima qualidade.
    Oque podemos mudar é o nosso voto, reeleger politico por 5, 6 mandatos seguidos é um tiro no pé, poilitica não deveria ser profissão!
    Nós brasileiros deveriamos bater o pé pra mudar as coisas pra melhor, melhor ensino, transporte, saúde, impostos justos, código penal severo, lei igual pra todos, nada de regalias pra políticos e empresários, muito menos pra detento que cometeu crime e está tirando férias na cadeia.!
    Infelizmente quando reclamamos de lei abusiva estamos deixando bem claro que adoramos impunidade, queremos viver sem leis, sem regras, igualzinho o estado do Pará (PARÁ: ex.,diga-se; degradador universal da natureza com suas imensas queimadas e desmatamento desenfreado; mães que vendem filhas; patrões que matam empregados como forma de pagamento; mazela; anarquia; lei do quero o meu; etc…etc…etc…).
    Acorda BRASIL!!!!!!!!!!!!!!!!
    Estradas não matam, quem bebe e dirige é que mata! e o pior é que quem morre na maioria das vezes é sempre aquele que estava andando de forma correta.
    Às famílias do triste acidenta aéreo, meus sentimentos e respeito (que eles encontrem em Deus a paz que merecem) : (

  2. 2
    alemao:

    Grande comentario , limpido como agua , nada a acrescentar Sr. Segio
    abraco
    Alemao

  3. 3
    Gilson Lana:

    pow chegou a vez do Barriquelo!

  4. 4
    RANULFO TAVARES:

    sera que rubinho não vence uma?



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