Menos é mais

sex, 20/03/09
por Rafael Lopes |

Max Mosley e Bernie Ecclestone entregam prêmio a Michael Schumacher

São seis décadas de história. Cinquenta e nove campeonatos disputados até o fim de 2008, com um respeitável hall de ídolos, circuitos, carros e corridas inesquecíveis. Um legado que muitos esportes nem sonham em conquistar, mas que o automobilismo possui, em fartas doses, graças a uma categoria chamada F-1.

Não é por acaso que o número um faz parte do seu nome. Tida, ao longo de todos estes anos, como a expressão máxima do esporte a motor, ela personifica a nata, o supra-sumo do automobilismo. Com raras exceções (as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans, por exemplo), não há como exaltar outra categoria ou outro evento motorizado sem compará-lo com a F-1. Chegar lá é – e sempre foi – o sonho de dez entre dez pilotos. Um objetivo que poucos conseguem alcançar de fato.

E uma das razões para transformar a Fórmula 1 num parâmetro, numa referência tão cobiçada e admirada, é a maneira direta como as corridas sempre foram tratadas. O que outrora se classificou como arrogância, nada mais era, no fundo, a certeza de que o evento nunca precisou de artimanhas para ser tão forte. Nada de pontuações malucas, reagrupamento dos carros durante as provas ou variáveis táticas que aproximassem as provas de um show, de uma loteria.

Isso até quinze anos atrás, quando começaram a ser implantadas diversas mudanças que, pouco a pouco, começaram a descaracterizar a categoria. A lista é longa: banimento da eletrônica, pit stops obrigatórios, pneus sulcados, entradas do safety car, pontuação ampliada, formatos múltiplos de classificação, proibição de testes, e por aí vai. Embora algumas destas medidas vislumbrassem o aumento da segurança e a diminuição dos custos, coisas absolutamente louváveis, os efeitos colaterais foram muitos, e bastante sentidos.

O golpe mais dolorido, no entanto, ainda estava por vir. Descaracterizando uma F-1 cada vez mais descaracterizada, a FIA inventou um sistema que consertava uma lambança através de outra maior ainda. Dar o título ao piloto com mais vitórias, ignorando solenemente os outros sete pontuadores, é um tiro no pé sem precedentes. É ainda pior do que a idéia de distribuir pontos a oito pilotos num grid de apenas vinte.

Após uma enxurrada de críticas, a notícia de um adiamento (ou até esquecimento) desta norma parece mais uma reação assustada do que um surto de consciência dos dirigentes. Seria ideal, na verdade, que eles pensassem direitinho no que vêm fazendo há anos. Afinal, quanto mais mexem, mais estragam o espetáculo – fazendo tudo isso, ironicamente, em razão do espetáculo. Já que perguntar não ofende, fica a questão: será que um dia eles vão entender que a simplicidade é chave da funcionalidade?

O jornalista Alexander Grünwald é produtor do programa Grid Motor, do SPORTV, e dono do Grün Blog. Ele escreve neste espaço todas as sextas-feiras.

Crédito da foto: Divulgação

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11 Comentários para “Menos é mais”

  1. 1
    lucas:

    boa materia!!!eu tambem acho i um erro o campeao ser quem tem + vitorias e nao pontos…o melhor seria dar 12 pontos pro primeiro e 9 pro segundo!!!esse ano a formula 1 vai ser bem + emocionante e acirrada…eu aposto no raikinem e no massa e kubica e hamilton correndo por fora….rubinho eu acho que vai lutar pelo podios e de vez em quando deve buscar uma ou duas vitorias!!!

  2. 2
    Rodrigo Oliveira:

    A mudança era radical demais, mas de fato alguma coisa deve ser feita para que a busca pela vitória aumente. É realmente muito chato só ter emoção no momento da largada e das paradas nos boxes, ou quando cai umc chuva repentina, tivemos longos anos de uma formula 1 que apesar de fantastica e cheia de glórias no passado ficou chata e monótona. já não basta que de um grid de apenas 20 carros, somente 4 ou 6 vão ter chances de disputar o título.
    A diferença de apenas 2 pontos do primeiro para o segundo é muito pouca, raramente o segundo colocado parte para cima do lider, mesmo que falte 15, 20 voltas para o final da corrida, nesses casos os engenheiros mandam que os pilotos baixem o giro e cuidem para que o carro volte para garagem inteiro e com os pontos no bolso.
    Na minha opinião a diferença deveria ser de 4 pontos, 12 para o primeiro e os 8 pontos para o segundo, a vitória tem que ser pontuada bem acima do segundo lugar, não de forma desproporcional, como essa nova regra propõe.
    É isso
    GO, Barrica, Massa e Piquet!!!

  3. 3
    JOSE LUIZ:

    BRINCADEIRA É O MOSLEY FALAR Q O BERNIE HAVIA COMENTADO Q AS EQUIPES CONCORDAVAM, SEM NADA POR ESCRITO, TUDO DE BOCA. É UMA BRINCADEIRA, VERGONHA ABSOLUTA. NÃO DÁ PARA ACREDITAR NUM NEGÓCIO DESSE.UM ESPORTE TÃO PROFISSIONAL COMANDADO POR AMADORES DESTA MAGNITUDE.ANTES ATÉ O BALESTRIE Q ESSE MOSLEY. O BALESTRIE PELO MENOS SÓ ATRATAPALHAVA O SENNA, O MOSLEY QUER ATRAPALHAR TODO MUNDO. VAMO VÊ ONDE ESSA CANOA VAI VIRAR.ESPERO Q PELO MENOS ESTE REGULAMENTO RIDÍCULO CAIA NO ESQUECIMENTO.

  4. 4
    Zani (Autozani):

    Bonito e completo texto. Parabéns, Rafael.
    A salada vinha ganhando força nos ultimos anos; foram penalidades discutíveis e até muitas vezes claramente injustas, regras descabidas, abuso de poder, etc. Mas, agora a FOTA mostrou as garras, os dentes e tudo o que teve direito, desta vez apoiada pela maioria das equipes, nomes respeitáveis do automobilismo internacional e torcedores no mundo inteiro.
    Acho que daqui para a frente os dirigentes vão ‘tirar o pé’ e pensar duas vezes antes de elaborarem outras receitas.
    Esta terminou em pizza.

  5. 5
    B'Hengler@RR1:

    O texto é bom…
    Pena que na foto não tenha ninguém de valor…
    Prá que mostrar o “Dick Vigarista” e seus pais???

  6. 6
    Hélio Sampaio:

    Excelente texto. Mas uma ressalva. A tradição da F1 nunca será maior que o risco de correr em circuitos como Mônaco! 240 km/h em ruas estreiras, bueiros e tudo mais parece primitivo demais.
    Charme, tradição, só se for pra contentar aqueles que vibram com o risco alheio. Os pilotos que arriscam a vida neste circuito são obrigados pelo patrocinador e as equipes. É claro que são todos maiores de idade, vacinados, mas, concordo com Nelson Piquet, do qual sou fâo nº 1, que nunca gostou de correr neste circuito.
    Fosse só isto tudo bem, mas, quando da vistoria em Interlagos, por exemplo, todo ano são centenas de exigências num circuito de pista larga amplas áreas de escape e totalmente, ou quase, seguro. Pelo menos o é mais que Mônaco.
    Ao meu ver precisamos abandonar a tradição perigosa e o sadismo travestido de charme, afinal quem senta no bando dos bólidos são os pilotos e não nós.

    Abraços.

  7. 7
    Ramon:

    Fiquei indignada com as declarações de Felipe Massa quando comparou Ayrton ao Maradona e Schumacher ao Pelé. Felipe Massa é brasileiro ou alemão?? Será que tem uma dosagem de despeito aí? Ayrton Senna é o melhor piloto de todas as épocas, bas ta lembrar que nos treinos classificatórios, o nosso saudoso brasileiro saia dos boxes e garantia a pole com apenas uma volta. As corridas em que vencia sempre eram marcadas por grande emoções e ultrapassagens, Senna podia largar em 15, bastavam duas voltas e já estava na pole. Nos circuitos em que não existiam muitos pontos de ultrapassagens, o Ayrton desvendava pontos onde realizava suas ultrapassagens, provando que piloto de verdade sempre encontra um caminho. Quando estava atrás dos outros carros, dirigia como um míssel perseguindo um alvo e quando o alcançava logo efetuava a ultrapassagem. Debaixo de chuva era incomparável. Enquanto todos os pilotos escorregavam na pista, o nosso Ayrton parecia estar pilotando no seco. Existe um epísodio no qual o Ayrton corria na 1ª posição quando avistou um carro batido no meio da pista. Inesperadamente, Senna estacionou seu carro abandonando a corrida enquanto corria em direção ao carro batido para socorrer o piloto acidentado. Quem era o piloto? Ora, o então estreante Schumacher. Ayrton Senna sempre foi o melhor nas pistas e fora delas também, através de seus atos e suas condutas, um exemplo! Por fim, devemos lebrar que o Senna só não conquistou mais vitórias e campeonatos porque teve sua carreira encerrada após o acidente trágico, na corrida em que estava na pole, à frente do Schumacher. Já o alemão, quando vencia as corridas, não via muita emoção. Sempre aquela tática caótica, mas eficaz: antes de parar nos boxes dava duas voltas rápidas e voltava à frente. Às vezes a equipe do alemão tinha que obrigar o nosso Rubinho a ceder a posição, o que representava um “estupro profissional”, pois o Rubinho estava prejudicando sua própria carreira. Sinceramente não vejo o alemão como um grande piloto. Acho ele um pouco arrogante e anti-ético e suas vitórias e campeonatos, e as conquistas devem ser atribuídas à Ferrari e a Rubinho, que sempre obrigado a favorecer o alemão. Na verdade, quando Schumacher vencia as corridas, não via muita emoção, não eram corridas de ultrapassagens. Diferente do caótico alemão, o Senna brilhava, fazia o mundo inteiro admirar a Fórmula 1, ali sim, tinha emoção, ali sim, tinha um rei pilotando o que nos faz lembrar o Pelé nos gramados. AYRTON SENNA É O MELHOR PILOTO DE TODAS AS ÉPOCAS!!!. Hamilton. que é Ingles parece ser mais inteligente do que outros pilotos que andam falando besteiras por aí, pois Hamilton sabe reconhecer um piloto de verdade. Hamilton já disse que o maior piloto de todas as épocas é o Senna, alías, é em Ayrton Senna que ele se inspira ao pilotar um Fórmula 1. Pois é, mesmo sendo brasileiro, aqui de Salvador – Bahia, este ano vou torcer por Rubinho, ou Nelsinho ou Hamilton. O Massa está decepcionando com essas declarações que, aliás, merecem retratação.
    AYRTON SENNA É O MELHOR PILOTO, É O PELÉ DA FÓRMULA 1!!!
    obs: Na oportunidade, gostaria de sugerir fosse criado um espaço para que os leitores comentassem as notícias da fórmula 1 no site da globo.

  8. 8
    Leonardo Barbosa:

    Sobre a polêmica declaração do Felipe Massa sobre quem seria o melhor piloto da F-1, acho que tem havido comentários neste blog totalmente irracionais, mas não só em relação a isso. Sempre vejo aqui pessoas exaltadas quando tem algum brasileiro no assunto.
    Para essas pessoas há uma frase de um escritor, Oscar Wilde, não lembro exatamente as palavras, mas o sentido é esse: “O NACIONALISMO É O ÚLTIMO REFÚGIO DOS IDIOTAS”.
    Ah, minha opinião sobre quem seria o melhor de todos os tempos… Não seria justo apontar o melhor de todos os tempos, mas creio que os três melhores seriam Michael Schumacher, Juan Manuel Fangio e Ayrton Senna.

  9. 9
    B'Hengler@RR1:

    Mas é esse tipo de declaração que faz com que o Massa seja o piloto brasileiro com chances de lutar pelo título mundial com menor aprovação no Brasil…
    Lamentavelmente, ele continua sem ficar com a boca fechada…
    E toda vez que ele fala “m&rd@” a “m&rd@” volta dentro da pista…
    Foi assim o ano passado inteiro… Já tá começando 2009 do mesmo jeito…

  10. 10
    IDAILTON:

    EU SÓ QUERIA VER SE COM AS REGRAS DE CONDUTA ADOTADAS HOJE EM DIA NA F1, O QUE SERIA DESTE TAL “schummi”, E RESPONDO, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, POIS SE UM PILOTO COMO HAMILTON É PUNIDO PELA LARGADA QUE FEZ NO JAPÃO NO ANO PASSADO, IMAGINA O QUE A FIA NÃO FARIA HOJE CONTRA UM PILOTO QUE EM 2 TEMPORADAS, EM 2 DISPUTAS DE TÍTULO JOGOU O CARRO EM SEUS ADVERSÁRIOS PARA SER BENEFICIADO, E MAIS, JOGOU O CARRO EM CIMA DO PRÓPRIO COMPANHEIRO DE EQUIPE, JOGANDO-O PARA FORA DA PISTA NO GP DOS EUA 2005. ENTÃO APESAR DO GRANDE TALENTO E CAPACIDADE QUE DEMONSTROU COMO PILOTO E ACERTADOR DE CARROS, ESSES 7 TÍTULOS MUNDIAIS QUE ELE “conquistou” PARA MIM NÃO SIGNIFICAM NADA.

    CARO RAMON “22/03/09″, NÃO LIGA PARA O QUE O MASSA DISSE, POIS NA REALIDADE ELE SABE QUE O SENNA FOI O MELHOR DE TODOS OS TEMPOS, E ATÉ O PRÓPRIO “schummi”, POIS ESSA DECLARAÇÃO DELE NÃO PASSA DE UMA ATITUDE POLITICAMENTE CORRETA, POIS TODOS SABEMOS QUE O “schummi” AINDA TEM VOZ DENTRO DA FERRARI, E ELE (MASSA) SÓ ESTÁ NA EQUIPE ITALIANA PORQUE TEM O APOIO DO ALEMÃO. TODOS SABEMOS QUE O ALEMÃO SÓ SABIA CORRER COM UM COMPANHEIRO DE EQUIPE SUBORDINADO, E ASSIM TBÉM FOI COM O MASSA, POIS ATÉ NO GP DOS EUA 2006 QDO OS DOIS ERAM COMPANHEIROS DE EQUIPE, MASSA ESTAVA DANDO EXPLICAÇÕES AO “schummi”, QDO ESTAVAM INDO PRO PÓDIO, DO POR QUÊ ESTAVA ANDANDO TÃO RÁPIDO E QUE CONTROLOU A VELOCIDADE DO SEU CARRO PARA NÃO ULTRAPASSÁ-LO, ISTO POR ACASO É CORRIDA? É DISPUTA DE POSIÇÃO?

    ALGUNS ACHAM QUE BERGER FOI CAPACHO DE SENNA, MAS COM CERTEZA NINGUÉM VIU ELE SE EXPLICANDO PRO AYRTON DO POR QUÊ ESTAR ANDANDO TÃO RÁPIDO EM UMA CORRIDA, MUITO PELO CONTRÁRIO, NA COLETIVA DO GP DO JAPÃO EM 1991, ENQUANTO SENNA COMEMORAVA SEU TRI-CAMPEONATO, BERGER DIZIA QUE À PARTIR DO ANO SEGUINTE QUERIA LUTAR POR TÍTULOS, MESMO COM SENNA JUNTO COM ELE NA MCLAREN. ENTÃO VAMOS DEIXAR O MASSA ALISAR O EGO DO ALEMÃO, QUE JÁ É POUCO, E CONTINUAR TOCANDO O BARCO.

    ABRAÇO A TODOS.

  11. 11
    Celso Henrique Mendes Ferreira:

    É realmente uma pena que a FIA tenha recuado com o novo sistema de pontos. Perdemos a chance de ter mais emoção, e as equipes pequenas perderem a chance de disputar um título. Mas é assim mesmo, as pessoas temem o que é novo, o desconhecido.



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