Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Vitória

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

Apesar de ter retornado à Série A, o Vitória teve uma performance excelente no Brasileiro, ainda com chance de conquistar uma vaga na Copa Libertadores. Isso é interessante porque significa que o clube conseguiu montar um bom elenco a partir de um ano de receitas menores. Um bom trabalho de gestão. Resta ver, é claro, se o custo para tal empreita não ultrapassou o limite do bom senso e equilíbrio, o que saberemos em maio próximo.

A receita do Vitória em 2012 foi de R$ 52,3 milhões.

 

Equilíbrio e Resultados

O Vitória é um dos 4 clubes que retornou à Série A em 2013. 

A situação geral do clube é bastante boa. Trata-se de um clube equilibrado, sem dívidas, que investe mais fortemente em Categorias de Base, mas que convive com suas dificuldades por ser regional. 

Em termos de Receitas, o crescimento em 2012 foi de 52%, puxado pelas Receitas com TV, que saltaram de R$ 9 milhões para R$ 34 milhões. As demais receitas tiveram comportamentos distintos, sendo que Publicidade e Venda de Atletas sofreram queda, enquanto Bilheteria cresceu. 

Em termos de Custos, este cresceram 67%, e refletem um possível tentativa de montar um time competitivo que possibilitasse reais chances de voltar à Série A, o que de fato ocorreu. Isto fez com que o clube novamente atingisse o equilíbrio em termos de geração de caixa, cujo EBITDA em 2012 foi de R$ 1 milhão, enquanto em 2011 foi de R$ 2 milhões. 

Na prática, o clube utiliza de forma recorrente dos Adiantamentos de TV para fazer frente à demais necessidades, como Investimentos. Em 2011 adiantaram R$ 14 milhões e em 2012 foram outros R$ 12 milhões. Com isso, os Investimentos foram de R$ 8 milhões em 2011 e R$ 6 milhões em 2012. Vale ressaltar que as categorias de Base recebem a maior parte desses recursos. Porém, o uso dos Adiantamentos gera situações como a vista em 2011, quando as receitas de TV sofreram queda de 44%. Adiantar hoje significa faltar amanhã. 

Ainda assim o clube não possui Dívida bancária, o volume de Impostos renegociados é moderado e as Despesas Operacionais estão dentro do que se entende como adequado. Mas é um clube que depende muito do desempenho do ano para ter melhor resultado econômico-financeiro. 

PERSPECTIVAS 

Precisa manter o equilíbrio, mas reforçar o time para a Série A, o que é sempre um dilema para quem sobe. São as dificuldades em ser regional. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube foi Campeão Baiano e ocupa a 6ª colocação da Série A. 

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Vasco da Gama

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

Apesar de ter efetuado diversas mudanças, a gestão de Roberto nunca mexeu de fato nos balanços, que se não são tão imprecisos e ruins como nas antigas gestões, continuam deixando muito a desejar. O interessante é que um balanço é, ou deve ser, muito mais que um mero documento obrigatório. Bem feito, ele dá uma visão excelente sobre a entidade, empresa, clube. Se a situação é boa ou ruim não importa, um bom balanço é fundamental para se conhecer o que se tem. E, sinceramente, quanto pior a situação, mais necessário é ter um bom balanço. Para mudar é preciso conhecer.

A receita do Vasco em 2012 foi de R$ 139,5 milhões.

 

Cenário desconfortável

Primeiramente, é preciso fazer um disclaimer de que este balanço dificulta qualquer tipo de análise mais profunda. As notas explicativas são vagas, há movimentações contábeis sem lógica aparente, há ajustes sem explicações e a Auditoria apresenta ressalvas importantes. Desta forma, nossa avaliação será bastante superficial. 

As Receitas cresceram apenas 2% em 2012, e diferente da grande maioria dos clubes, as Receitas de TV caíram 13%. Possivelmente reflexo de adiantamentos feitos em períodos anteriores. Com exceção das Receitas com Venda de Atletas, que chegaram a R$ 30 milhões frente R$ 5 milhões de 2011, todas as demais contas sofreram redução, e Publicidade andou de lado, crescendo 15%. 

Em termos de Custos, estes cresceram 17%, o que levou a uma redução na geração de caixa quando comparada a 2011.  

Os Investimentos cresceram em 2012 e atingiram R$ 26 milhões, contra R$ 17 milhões de 2011. A maior parte dos investimentos de 2012 foi na Formação de Elenco, atingindo R$ 17 milhões. 

Como a geração de caixa foi menor, o clube manteve o expediente de adiantar Receitas da TV, e o montante chegou a R$ 24 milhões. Além disso, o prazo médio das Despesas Operacionais aumentou, e isto possibilitou mais algum ganhou de caixa. Em termos de Dívidas, a Bancária apresentou pequena queda, mas o grande problema são as dívidas com Impostos, Atletas e outras Entidades, espalhadas pelo Balanço em diversas contas. 

Voltamos ao início da análise, e o maior problema do Vasco é não ter um balanço minimamente explicado para que se possa chegar à real condição do clube. 

PERSPECTIVAS 

A partir desta situação acima, vemos que o Vasco passa por uma situação bastante delicada. Esta falta de clareza, os Adiantamentos, a queda nas receitas, o aumento do prazo de pagamento de Impostos, tudo isso são sinais de uma situação desconfortável, que inclusive reflete nas notícias de que o clube vive com atrasos de salários. Há muito a fazer para recuperar o clube. Fica muito difícil fazermos uma avaliação e tecermos comentários técnicos dado a dificuldade encontrada. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Carioca e ocupa a 18ª colocação da Série A.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Sport

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

Apesar de sua grandeza e história, o balanço do Sport é lamentavelmente pobre em informações.

A receita do Sport em 2012 foi de R$ 78,1 milhões.

 

Equilibrado, mas Rebaixado

O Sport Recife é um dos 4 clubes que foi rebaixado à Série B em 2012. 

Antes de iniciar a avaliação, ressaltamos que a qualidade das informações está aquém do ideal, e que não temos dados de 2010 para fazer as avaliações necessárias, de forma que nossa atuação é bastante limitada. 

As Receitas cresceram 70% em 2012, puxadas pelas Receitas denominadas “Futebol”, que cresceram 82% e representam 92% do total de Receitas. Dado o que temos de informações, devem estar nesta conta as Receitas de TV e a Bilheteria, mas não sabemos a composição.  

Em termos de Custos, cresceram 21%, o que permitiu ao clube gerar R$ 28 milhões de caixa. A partir disso, o clube apresentou boa gestão. Suas contas de giro estão em ordem, não demandou adiantamentos, os Impostos estão em dia, nas nossas contas investiu cerca de R$ 9 milhões e ainda sobrou dinheiro em caixa, de forma que o clube não tem Dívida Bancária. Mas isto não se traduziu em sucesso esportivo, pois dentro de campo foi rebaixado à Série B. 

PERSPECTIVAS 

A gestão do Sport Recife fez tudo certo, como vimos, mas sem resultado. 

Jogando a série B o clube tende a ter menos Receitas, mas ao menos parte de uma base de caixa razoável, sem dívidas, estruturado. Tem condição financeira de retornar, basta saber se a gestão esportiva terá sucesso. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube foi Vice-Campeão Pernambucano e ocupa a 5ª colocação da Série B.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – São Paulo

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteiraer-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

A equipe de analistas foi muito feliz na escolha do título para sua análise, que segue mais abaixo: O Rei está nu. Nos últimos anos – 2009 a 2012 – o São Paulo desdisse na prática tudo que dele se falava anteriormente em termos de gestão. Atentem para o montante de investimentos no futebol profissional e de base feitos pelo clube, que resultaram em um só título, situação à qual se junta o ano corrente e mais um montante de investimentos ainda não revelado, uma única conquista, a da Copa Sul-Americana de 2012. 

A receita do São Paulo em 2012 foi de R$ 283,1 milhões, a segunda maior do Brasil. Do valor da transferência de Lucas (que só será contabilizado em 2013) o São Paulo ficou com 75% e o atleta com os outros 25%.

 

O Rei está nu

Segundo maior Receita do Futebol Brasileiro, tido por muitos como a melhor gestão de futebol do País, o São Paulo já não é mais o mesmo, e nem serve exatamente de exemplo. 

Pelo lados das Receitas, o clube apresentou crescimento de 26% em 2012, impulsionado pelas receitas de TV (+68%), Venda de Atletas (+86%) e Bilheteria (+36%). Na contramão, Publicidade caiu 42%, porque o clube ficou uma boa parte do ano sem patrocinador master e as Receitas do Morumbi caíram 13%, mostrando o quão voláteis são, pois em 2011 cresceram 19%. Há uma forte dependência de shows, e em anos onde eles não ocorrem, as Receitas caem.  

Em termos de Custos, estes estão bem administrados, e cresceram 16%, abaixo portando das receitas. Isto possibilitou forte geração de caixa, que atingiu R$ 91 milhões no ano. Mas, a partir daqui começam os problemas do São Paulo. 

Primeiro aspecto são os Investimentos. O São Paulo é o clube que mais investe no Futebol Brasileiro. Nos últimos 3 anos foram R$ 267 milhões, assim divididos: R$ 59 milhões nas Categorias de Base, R$ 63 milhões em Estrutura e R$ 145 milhões na Formação de Elenco. Comparativamente, o clube gerou R$ 192 milhões de caixa no mesmo período, o equivalente a 72% dos Investimentos. Logo, esta diferença entre Geração e Investimento, de R$ 75 milhões foi suportada por outra fonte de recurso, basicamente Dívida Bancária. 

Dos Investimentos, o que chama a atenção positivamente é o forte interesse nas Categorias de Base e Estrutura, basicamente focados no CT de Cotia e nas melhorias do Estádio do Morumbi. Nesse sentido, a venda dos Direitos do atleta Lucas ao Paris Saint Germain por R$ 115,9 milhões representa 95% do investimento feito na Base em Estrutura nesses 3 últimos anos. Se pensarmos apenas no investimento na Base, representa quase duas vezes o que foi investido entre 2010 e 2012. Mas lembramos que o objetivo de um clube não deve ser vender direitos de atletas, e que não se fazem Lucas, nem se encontra compradores endinheirados o tempo todo. 

Entretanto, quando falamos nos Investimentos na Formação de Elenco, que é a aquisição de direitos de Atletas, apenas em 2012 foram gastos R$ 69 milhões. Daí vem o primeiro grande questionamento ao clube: com tantos investimentos, o resultado esportivo foi pífio, limitado a uma Copa Sul-Americana. Ou seja, não se trata de volume de Investimentos, mas sim da qualidade desses, e se qualidade é traduzida em títulos, o que vemos no São Paulo não é bom. 

Assim, se o Investimento é alto e não tem trazido retorno em campo, e se para executá-lo o que se gera de caixa não é suficiente, de onde vem o dinheiro do São Paulo para bancar estes Investimentos? Dado que não é de Antecipações de Receitas, prática não adotada pelo clube, ao menos em larga escala, resta recorrer a Dívida Bancária. E falemos deste assunto. 

No cômputo geral, as Dívidas Operacionais estão absolutamente em dia, dentro dos prazos usuais para tal. Não há renegociações ou atrasos renegociados, exceto os já feitos via Timemania. Mas, em compensação, a Dívida Bancária do São Paulo atingiu expressivos R$ 156 milhões, a maior dívida bancária de um clube Brasileiro. 

Tecnicamente poderíamos afirmar que a dívida nem é assim tão elevada, considerando que representa 1,5x o EBITDA anual, base 2012. O mercado financeiro opera em limites bem superiores a isto. Porém, o custo financeiro atrelado a este endividamento é bastante elevado, e parte importante das Receitas é volátil. Além disso, qualquer descontrole de custos e lá se foi a geração de caixa. Logo, sob esta ótica, o volume é sim elevado. 

Mas, ficou mitigado pela venda dos direitos do Lucas, que é mais uma prova de que a dívida está elevado. Segundo a imprensa, a Diretoria do São Paulo informou que parte substancial dos R$ 115 milhões do Lucas seria utilizada para pagar dívidas. Ou seja, investiu muito, mas com dinheiro de terceiros, e quando viu retorno, foi para pagar dívida. Resta saber se a partir de agora, com a estrutura das Categorias de Base montada, o clube conseguirá novas receitas que justifiquem este investimento. 

PERSPECTIVAS 

O resumo do São Paulo é que falamos de um clube que gera muita receita, muito caixa, investe bastante, mas com recursos caros e com resultado ruim. Se por um lado a marca e a estrutura atraem Receitas, por outro a gestão dessas é equivocada. Como o clube lidará com esta situação nos próximos anos, e como a nova Diretoria que assumirá em 2014 se portará, está aí a chave para fazer o São Paulo retornar ao rumo das conquistas. O resultado de 2009 até agora é esquecível, e não justifica a fama de clube bem gerido. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Paulista e ocupa a 16ª colocação da Série A.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Santos

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

A venda do direito federativo de Neymar acabou por ser um furo n’água. Tal como esse OCE havia alertado anteriormente, quando o Barcelona publicou em seu balanço 2011 uma transação no valor de 40 milhões de euros, sem o nome do jogador, o grosso do dinheiro foi para destinos outros que não o cofre da Vila Belmiro. Apesar disso, a situação geral do clube parece bastante saudável, ao menos quando tomamos como comparação o conjunto de nossos clubes. O próximo ano, entretanto, apresenta muitos desafios, e não digo isso pensando em títulos para o time e sim em geração de caixa e montagem de um bom elenco. A análise dos profissionais do Itaú BBA botou um dedo numa ferida importante: quando joga no Pacaembu o clube ganha mais dinheiro. Há momentos, acredito eu, para jogar na Vila e há momentos – a maioria, na minha opinião, principalmente grandes jogos – para jogar no Pacaembu ou mesmo no Morumbi. Dentro de certos limites, especialmente os éticos, vale a frase atribuída ao Presidente Mao Tse Tung: não importa a cor do gato, desde que ele cace os ratos.

A receita santista em 2012 foi de R$ 197,8 milhões.

 

Situação equilibrada, mas desafios pós-Neymar

O Santos continua seu processo de evolução na gestão financeira e sedimentação de uma estrutura sustentável no longo prazo. Aliás, comparativamente aos demais balanços do Futebol Brasileiro, o do Santos é certamente um dos mais saudáveis. 

Em 2012 as Receitas evoluíram pouco, apenas 5% em relação a 2011, desempenho bem abaixo dos 62% de crescimento de 2011. As Receitas de TV continuaram fortes e cresceram 50%, representando 45% das Receitas Totais. A movimentação que segurou o crescimento das Receitas Totais foi a redução de 54% nas Receitas com Bilheteria (ou R$ 20 milhões menor). Em 2011 estas receitas foram turbinadas pelo título da Libertadores, mas especialmente porque parte dos jogos foi realizada no Pacaembu, que comporta público maior. Em 2012, apesar de chegar às semifinais, os jogos foram disputados na Vila Belmiro, o que ajuda a explicar a Receita menor. Precisamos destacar as receitas com Publicidade, que cresceram 40% em 2011 e 20% em 2012, chegando a R$ 50 milhões. Parte importante dessas receitas é fruto da presença de Neymar na equipe, que atrai holofotes, patrocínio e dinheiro. 

Positivamente, o Clube conseguiu reduzir seus Custos em 6%, o que possibilitou excelente geração de caixa, atingindo R$ 69 milhões. Em 2011 o desempenho já havia sido muito bom, atingindo R$ 52 milhões. Esta boa geração de caixa permitiu ao clube condições de gerir com eficácia seu fluxo de caixa. 

Em termos de Investimentos os números têm se mantido elevados, sendo que em 2011 investiu R$ 35 milhões e em 2012 foi ainda maior: R$ 40 milhões. Conforme vemos no resultado em campo, o Santos investe pesado nas Categorias de Base. Em 2011 foram R$ 14 milhões e em 2012 outros R$ 16 milhões. Mesmo assim não descuida da Formação do Elenco, visto que investe em média mais que R$ 20 milhões anualmente. 

As Dívidas do clube são relativamente baixas e estão controladas. As Operacionais cresceram mas estão dentro de prazos médios regulares, na casa dos 40 dias. Os Impostos Parcelados são pequenos e a Dívida Bancária é decrescente, tendo sido reduzida em R$ 15 milhões em 2012. Isto, inclusive, explica o pequeno montante de Despesas Financeiras. Ainda resta como Dívida valores a pagar a ex-Gestores, que em 2012 estava registrado como R$ 24 milhões, e que vem sendo amortizado. 

Importante frisar que o clube não utiliza de Adiantamentos de recursos da TV ou de Patrocinadores para fechar seu fluxo de caixa, o que é bastante saudável e garante equilíbrio no longo prazo. 

PERSPECTIVAS 

A situação do clube é equilibrada e em 2013 ainda houve a venda dos direitos de Neymar, que ajudarão a formar um caixa mais robusto, sem contar eventuais reduções de custos, mas que de certa forma serão compensadas por novas contratações. AO mesmo tempo, o clube iniciou o ano sem Patrocinador Master e mantém esta condição até o presente momento, o que significa redução de Receitas. O clube agora precisa buscar novas alternativas de receita para se livrar da “neymardependência”, que é tão grande fora de campo quanto dentro. De qualquer forma, o clube passará por uma remodelagem de elenco, mas está bem posicionado em termos financeiros para isto. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube foi Vice-Campeão Paulista e ocupa a 9ª colocação da Série A.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Portuguesa

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

A Portuguesa parecia fadada ao rebaixamento em 2013, mas uma boa campanha reverteu essa expectativa, praticamente. É possível que a transferência de alguns valores revelados melhore a situação do balanço 2013, bem descrita em 2012, quando a receita da foi de R$ 50,3 milhões.

 

Andando em círculos

A Portuguesa é um clube de Capital com jeito de Regional. Com uma torcida pequena, ainda que fiel e apaixonada, a “Lusa” sofre dos males dos times de Interior. 

Em termos de Receitas, 2012 seguiu a média dos clubes e apresentou salto de 72%, chegando a R$ 50 milhões. A predominância é das Receitas de TV (R$ 18 milhões), mas a Venda de Atletas foi importante, atingindo R$ 13 milhões. Estas duas correspondem a 64% do total de Receitas do Clube do Canindé. 

Por seu lado, os Custos cresceram apenas 11%, o que permitiu ao clube uma geração de caixa expressiva, de R$ 18 milhões. Se tomarmos os anos anteriores como referência, o salto foi substancial, uma vez que em 2010 a geração foi negativa em R$ 3 milhões e em 2011 foi zero. 

Mas, ainda assim foi insuficiente para significar uma melhora no clube. Apenas para pagamento de Despesas Financeiras o clube gasta R$ 12 milhões anuais, o que faz com que as sobras para as demais demandas seja pequena, e isto reduz a capacidade de Investimentos, que foram praticamente zero em 2012. 

O clube tem obrigações com Impostos parcelados e outras saídas que demandam recursos adicionais. Como a condição do clube não permite acesso direto a financiamentos bancários, conforme nota explicativa do próprio clube, seus Diretores tomam empréstimos junto a Bancos e repassam à Lusa. E este montante de dívida chegou a R$ 49 milhões de saldo em 2012. Strictu sensu, este é um valor que poderia estar na Dívida Bancária, mas como é uma dívida formalmente tomada pelos Diretores, optamos por mantê-la como Coligadas. 

Ou seja, mesmo num ótimo ano em termos operacionais, a Lusa ainda assim não conseguiu o equilíbrio, fruto das dificuldades geradas em outros tempos. 

PERSPECTIVAS 

A Portuguesa vive as inusitada situação de ser um clube tradicional da Capital Paulista, mas com torcida pequena e que gera pouco exposição na mídia. É um clube de Interior na Capital. E isto torna a gestão muito difícil, e a obriga a viver no limite entre montar um elenco à base de empréstimos e contratos curtos, sem ter condições de investir com força nas Categorias de Base. Resta à Lusa contar com o apoio incondicional de sua Torcida e viver um ano de cada vez.  

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Paulista e ocupa a 12ª colocação da Série A.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Ponte Preta

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

A Ponte Preta já foi rebaixada nessa temporada e vai disputar a Série B do Brasileiro em 2014. Pode, entretanto, disputar a Copa Libertadores, pois disputará o título da Copa Sul-Americana na próxima semana, em Buenos Aires. Mesmo sendo campeã, precisará de bom trabalho no futebol para retornar à Série A em 2015, aliado a uma boa gestão financeira.

Em 2012 a receita da Ponte Preta foi de R$ 30,1 milhões.

 

Um clube para chamar de seu

A Ponte Preta é um clube que tem uma particularidade, que é a presença de um “mecenas”, que vem a ser um grupo Gestor, cujo principal nome é Sérgio Carnielli, ex-Presidente do clube. Não temos conhecimento do modus operandi deste acordo e nem fazemos qualquer juízo de valor a respeito. O que entendemos é que, ao final do período, todo o déficit do clube é coberto com recursos do próprio Sérgio Carnielli e de duas empresas. Não temos informações de como será o ressarcimento. 

Isto posto, a Ponte Preta viu suas Receitas crescerem 85% em 2012, bastante impactadas pelo aumento das Receitas com TV, que saltaram de R$ 7 milhões para R$ 18 milhões, representando aumento de 152%.  

Os Custos se comportaram relativamente bem, crescendo 65%, ou seja, abaixo das Receitas. Mas, ainda assim, a geração de caixa foi negativa em R$ 13 milhões, praticamente repetindo os R$ 10 milhões negativos de 2011.  

Os Investimentos do clube são pequenos, e giram na casa dos R$ 4 milhões ao ano, divididos em Estrutura e Formação de Elenco. Não vemos investimentos nas Categorias de Base nos 3 anos analisados.  

Em termos de Dívidas, o clube se comporta relativamente bem, com praticamente nenhuma Dívida Bancária, Dívidas Operacionais dentro dos padrões usuais e aumento nas Provisões para Contingências, o que é positivo e ajuda o clube a se organizar no longo prazo. O destaque é que o clube carrega uma dívida de R$ 99 milhões com o grupo Gestor, e não temos detalhes de como será paga.  

No fim das contas, o grupo gestor tem colocado entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões anualmente para fechar as contas do clube. 

PERSPECTIVAS 

A Ponte Preta é mais um dos times regionais e que vive com alguma dificuldade em função de menores receitas. Mas conta com o suporte do grupo Gestor capitaneado pelo ex-Presidente Carnielli, que tem possibilitado ao clube manter-se na Série A e disputar em boas condições o Campeonato Paulista. O futuro depende da manutenção deste acordo e de como será liquidado. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Paulista e ocupa a 19ª colocação da Série A.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Palmeiras

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

O Palmeiras, ou melhor, a Sociedade Esportiva Palmeiras tem tudo para manter-se sem dores de cabeça com um dos quatro ou cinco melhores times de futebol do país. Isso, entretanto, não vem ocorrendo, exceto momentaneamente. A leitura da análise abaixo explica uma parte importante e fundamental do porquê do time não corresponder à grandeza do clube e torcida: gestão financeira. Esta, por sua vez, é influenciada, é subordinada a uma gestão geral que prioriza a política ou é por ela conduzida, não conseguindo cumprir metas traçadas.

Em 2012 a receita do Palmeiras foi de R$ 183,3 milhões. O time foi rebaixado para a Série B, mas em 2013 já fez o “dever de casa” com antecedência, voltando à Série A na condição de campeão da Série B.

 

Quando os dias melhores virão?

O Palmeiras foi um dos 4 clubes rebaixados à Série B de 2013. Esta situação condiz com sua realidade financeira? 

As Receitas do clube tem crescido consistentemente. Foram 23% em 2011 e 25% em 2012. Os destaques são as Receitas de TV, que cresceu 57% em 2012 mas praticamente não sofreu alteração em 2011. Bilheteria foi importante, crescendo 53% em 2012, muito por conta da boa campanha na Copa do Brasil, competição da qual o clube sagrou-se Campeão. 

Se nas Receitas foram bem, nos Custos não foram exatamente bem. Se em 2011 conseguiram forte redução e controle, reduzindo-os em 20%, para 2012 os Custos subiram 30%, acima do que aumentaram as Receitas. Nem foi exatamente um desastre, visto que a base tinha sofrido redução, e de forma que a geração de caixa foi de R$ 30 milhões, pouco acima do que gerou em 2011, quando atingiu R$ 28 milhões. Então, estava tudo bem? Mais ou menos. 

A gestão do Palmeiras aparenta ações reativas e intempestivas, e isto gera desequilíbrios no longo prazo. Vejamos a questão dos Investimentos. Em 2010 o clube gastou R$ 48 milhões na Formação de Elenco. Estes gastos resultaram num aumento brutal dos Custos naquele ano, de forma que a Geração de Caixa fosse negativa em R$ 28 milhões. Além disso, geraram aumento na conta Fornecedores referente a dívida com outros clubes pela aquisição de direitos de atletas, e consequentemente, aumento na conta de Direitos de Imagens, que será Custo nos anos seguintes. 

Posteriormente, em 2011 o clube colocou o pé no freio e reduziu Investimentos em Elenco para R$ 13 milhões, cortou Custos e equilibrou a geração de caixa. Mas, em 2012 voltou a Investir forte na Formação de Elenco, e gastou R$ 34 milhões, além de elevar Custos para os próximos períodos, novamente. 

Mas é um problema Investir? Não, claro que não, desde que haja recursos suficientes para isto. O que o Palmeiras tem feito é usar e abusar de Adiantamentos de Recursos da TV – foram R$ 55 milhões nos últimos 3 anos! – e de Financiamentos de Giro. Em 2010 aumentou suas contas de Giro em R$ 56 milhões e em 2012 foram mais R$ 43 milhões, sendo que a maior parte foram Obrigações a pagar pela aquisição de direitos de atletas e seus respectivos contratos. E tem mais um detalhe: o prazo médio das Despesas com IRRF e FGTS está aumentando ano-a-ano, o que pode significar que haja algum contratempo no pagamento. Não é possível afirmar que há atrasos, mas o que vemos é este aumento no prazo médio de pagamento. 

Ora, como sempre ressaltamos, os Adiantamentos podem ser positivos mas se usados com parcimônia. No caso do Palmeiras significa que falta recursos para outras necessidades. Por exemplo, só de Despesas Financeiras o clube paga perto de R$ 30 milhões por ano, o que é a geração de caixa do período. Como vai sobrar dinheiro para fazer Investimentos? Aliás, quando no início comentamos que as Receitas de TV ficaram estáveis em 2012 em relação a 2011 é justamente o efeito dos Adiantamentos. E como continua antecipando, vai continuar faltando em algum momento mais a frente. 

Desta forma um clube é insustentável no longo prazo.

Em termos de Dívidas, o clube deve muito pouco em Impostos renegociados, a Dívida Bancária até foi reduzida em 2012 – não é exatamente pequena, mas está em níveis controláveis, apesar da concentração no curto prazo, e que para melhor gestão financeira deveria ser alongada – mas o problema é o aumento das Dívidas Operacionais, seja Fornecedores, seja Despesas Provisionadas, reflexo do que reportamos anteriormente. 

PERSPECTIVAS 

Primeiramente, o clube não caiu por conta da sua condição econômico-financeira, mas certamente esta gestão atrapalha em muito a condução do elenco, e envida esforços adicionais para manter a casa em ordem. Tanto é que o clube foi Campeão da Copa do Brasil, e já apresentava uma situação muito parecida com o que vimos ao final de 2012. 

Mas 2013 tem outros desafios, e o principal é retornar à Série A, condição que melhora a exposição, aumenta receitas, mas aumenta Custos também. Para 2013 o elenco mudou, a gestão mudou – há um novo Presidente – e o desafio citado não deve gerar maiores esforços, mesmo para um clube que inicia o ano debilitado financeiramente. A grande mudança para o Palmeiras precisa ser traçada em 2013 para ser posta em prática em 2014, ano do Centenário, da nova Arena e, esperam seus torcedores, de uma nova realidade, que passa necessariamente pela melhora da saúde financeira do clube. Não será fácil, porque as receitas estão dados, o upside delas é pequeno, e o ajuste se dará por duas formas: i) redução nos Custos, que para 2013 tem mais facilidade de ocorrer, mas que para 2014 será muito difícil; ii) gerar recursos através da venda de jogadores, mas o clube não dispõe de tantas e tão boas peças para isto.  

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Paulista e ocupa a Liderança da Série B.

 

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Náutico

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

O Náutico, já rebaixado para a Série B em 2014, é mais um clube que apresenta indícios no balanço de ter praticado a “gestão de giro”, ou seja, atrasando os pagamentos de tributos para geração de caixa. O ponto positivo dessa prática, com o qual os clubes contam e dão como certo, é a aprovação do Proforte, como já explicado.

Em 2012 a receita do Náutico foi de R$ 41,1 milhões.

 

Vivendo um ano de cada vez

O Náutico é outro clube de alcance regional, o que limita o acesso a Receitas. A despeito disso, o clube apresentou bom crescimento em 2012, que foi de 114%, impulsionado pelo que foi definido como “Receita de Futebol”, que vem a ser a soma de Publicidade e TV. Naturalmente que o grande impacto deve ter sido a TV. Estas Receitas cresceram 441%, atingindo R$ 25 milhões, e representando 61% das receitas Totais. As demais receitas são pequenas e evoluíram na casa dos 15%. 

Os Custos cresceram 94% em 2012, e isto é uma característica que vemos nos clubes regionais, pois os elencos são formados praticamente para o ano, e isto é feito com base na receita esperada. Desta forma, Custos e Receitas crescem quase que na mesma proporção. Assim, a geração de caixa de 2012 foi zero, mesma condição do ano anterior. 

Naturalmente, o clube precisa de outras fontes para suas atividades. Em 2012 recorreu à gestão de capital de giro para formar caixa. Não é possível afirmar que houve atrasos, mas as contas representativas de Imposto de Renda, INNS e demais Tributos tem um prazo médio entre os mais elevados dos clubes Brasileiros.  

O clube praticamente não investe, a dívida bancária é pequena e suas obrigações são essas operacionais citadas anteriormente e Impostos renegociados ou em renegociação. Aqui, para o porte do clube, valores expressivos, que montam R$ 40 milhões.   

PERSPECTIVAS 

A característica do clube permite pouco ao Náutico. Conforme acompanhamos, é recorrente sua dificuldade em gerar receitas e isto não permite grandes saltos em termos de investimentos, que possibilitem evolução significativa. Para 2013 acreditamos na manutenção dessa dificuldade, que somente será revertida com estratégia de longo prazo, investindo em estrutura e nas Categorias de Base. Mas para isto é preciso dinheiro, e para sobrar dinheiro os custos precisam diminuir, e isto significa elencos mais frágeis, rebaixamento, queda de receita e o círculo vicioso de sempre. Vida difícil de clube regional. 

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Pernambucano e ocupa a 20ª colocação da Série A.

Análise Econômico-Financeira Individual de 24 Clubes Brasileiros – Grêmio

sex, 06/12/13
por Emerson Gonçalves |

 

Explicação importante: a equipe que preparou esse estudo trabalhou única e exclusivamente com os balanços apresentados pelos clubes referentes ao ano de 2012. Não foram feitas consultas para tirar eventuais dúvidas ou buscar informações ausentes dos balanços. É importante ressaltar que o balanço é o documento fiscal e contábil oficial, é documento legal, assinado pelos responsáveis e auditado por profissionais independentes. Teoricamente, devem conter tudo que a legislação determina e essas informações devem ser, ou deveriam, suficientes para que qualquer pessoa, nos termos da lei, possa inteirar-se da situação econômico-financeira da empresa ou entidade.

Complemento com essa ressalva feita pela própria equipe:

Vale ressaltar que apesar de alguns clubes apresentarem balanços bastante detalhados e esclarecedores, há uma enorme dificuldade em ter a mesma qualidade em todos os balanços, o que torna limitada nossa ação. E mesmo para clubes que disponibilizam informações estruturadas, ainda restam dúvidas relevantes.

Os trechos em itálico são de minha autoria, para diferenciar da transcrição das análises.

EG

 

O Grêmio foi o único grande clube a não colocar o balanço completo em seu site oficial. O prejuízo causado por essa atitude fica claro logo na abertura da análise feita pelos especialistas do Itaú BBA, como se pode ver mais abaixo. Essa ausência de explicações detalhadas vai ficar mais clara quando o balanço desse ano corrente estiver disponível, permitindo, entre outros pontos, aferir o custo de formação e manutenção do elenco atual, bem como o impacto dos custos do novo estádio sobre as contas.

Em 2012 a receita do Grêmio considerada para esse estudo foi de R$ 196,0 milhões.

 

Equilíbrio sustentável?

A análise de 2012 do Grêmio ficou completamente prejudica pelo fato de não termos acesso às notas explicativas das demonstrações financeiras. Desta forma, não conseguimos nenhum tipo de esclarecimento sobre movimentações importantes, tais como Investimentos, Dívidas e Necessidade de Capital de Giro, limitando nossa atuação.

Isto posto, as Receitas cresceram 61% em 2012, fortemente impactadas pela Receita de TV, que cresceu 50%. Mas, positivamente, o Grêmio depende menos que a grande maioria dos clubes desta receita, porque a Receita com Bilheteria e Sócio Torcedor representa 31% do total, e chegou a R$ 60 milhões, número excepcional, e que representa crescimento de 56% sobre 2011. Para completar, em 2012 o clube teve Receita de Venda de Atletas de R$ 37 milhões, contra R$ 10 milhões de 2011. Isto sem considerar Receitas não recorrentes de Luvas do contrato com a TV, de R$ 18 milhões, que optamos por considerar como Não Operacional.

Os Custos cresceram 28%, bem abaixo das Receitas, e isto possibilitou ao clube atingir uma geração de caixa de R$ 43 milhões, bastante superior aos dois anos anteriores, cujo resultado foi de R$ 7 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2011.

Com este acréscimo de geração de caixa o clube pode realizar Investimentos de R$ 35 milhões, que pela ausência de detalhes não conseguimos saber o destino – se Formação de Elenco, Estrutura ou Base – e pagou elevada Despesa Financeira, mas para a qual também não temos explicações. Como a Dívida Bancária é relativamente baixa (R$ 31 milhões), é possível que haja itens não-caixa, meras correções de passivos, mas não é possível destacar isto. Assim como não é possível explicar as “entradas e saídas de caixa” no fluxo de caixa do ano.

O que destacamos é a ausência de Adiantamentos da TV em 2012, diferente de 2011, quando adiantaram R$ 10 milhões, além  de obter liberação de capital de giro ao financiar a aquisição de atletas.

Importante é que não vemos impactos na nova Arena neste balanço. Ao menos não temos informações a respeito.

PERSPECTIVAS 

Apesar da ausência de mais informações, o Grêmio aparente situação equilibrada, com receitas elevadas, custos controlados. Sabemos que o clube investiu bastante para formar o elenco que disputou a Libertadores de 2013, mas não temos como avaliar em que condições foram feitos estes investimentos, nem se parte deles foi feito ainda em 2012. De qualquer forma, acreditamos que 2013 tende a ter receitas menores, pois não há novas luvas da TV nem se espera vendas relevantes de jogadores, mas custos maiores. Ou seja, inicia o ano equilibrado mas terá muito trabalho para manter esta condição ao final do ano. Aguardamos os próximos dados, preferencialmente com mais detalhes.

EVENTOS SUBSEQUENTES 

Final de Setembro/2013 – O clube não chegou às finais do Gaúcho e ocupa a 2ª colocação da Série A.



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