É verão, é janela aberta

qua, 08/07/09
por Emerson Gonçalves |

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Verão na Europa, janela aberta para espantar o frio nas residências e permitir a entrada de boleiros do resto do mundo, em especial de certo país ao sul do Equador em sua quase totalidade.

É tempo de torcedor brasileiro ficar preocupado, questionar, indignar-se com a perda e, ao fim e ao cabo, indignar-se com os pífios valores pagos pelos clubes europeus por nossos melhores e mais promissores jogadores.

Valores pífios?

Valor é algo muito relativo, depende de quão grandes são o interesse e a expectativa pelo bem pretendido. Depende, também, do interesse que ele possa despertar em outras pessoas. Temos que ter isto em mente quando analisamos os valores pagos pelos boleiros tupiniquins.


Se batermos o olho rapidamente no mercado, os últimos anos não têm sido dos mais animadores para nossos atletas, pois alguns de nossos maiores expoentes meteram os pés pelas mãos em terras d’Europa. Em terras, bares e boates, diga-se a bem da verdade.


Imaginem a perda do Barcelona com o declínio de Ronaldinho Gaucho…

Imaginem a perda astronômica da Internazionale com o chilique psicológico de Adriano…

Não são somente esses dois. Tem Thiago Neves, por exemplo, e muitos outros que vão e vêm, que vão e não se adaptam, seja ao frio, seja à comida, seja, ao que tudo indica, principalmente ao profissionalismo dos clubes europeus.

Clubes menores investem boas somas em jogadores brasileiros e decepcionam-se. Por aqui pensamos que basta ser europeu para ser rico. Não é bem assim.

Sobre essa questão do profissionalismo:

As equipes europeias muitas vezes se preocupam com o comportamento dos jogadores brasileiros fora do campo, mas aqui na Alemanha estamos muito bem representados (ele já havia citado Elber, Lucio e Zé Roberto como exemplos de bons profissionais). Inclusive no meu caso o pessoal do clube (o Wolfsburg) diz: “Grafite, você é um brasileiro meio alemão: sempre pontual e correto!” (risos).”

Esse trecho foi extraído da entrevista dada por Grafite, artilheiro e campeão alemão, ao boletim FIFA News. Destaque da edição de 22 de junho, o título da matéria é “A maturidade de Grafite”.

Entretanto, por aqui, de maneira inocente e natural, supervalorizamos nossos jogadores, enquanto do outro lado do oceano os dirigentes e treinadores estão preocupados com atletas que sejam, acima de tudo, bons profissionais. Acostumado por aqui a ser tratado como “meu rei” por dirigentes e torcedores, sem falar de boa parcela da imprensa, o jogador, que já não tem uma formação escolar e cultural primorosa (quando tem alguma), vai ficando mais e mais à vontade e, como diz a rapaziada, “se achando”. Esperança de salvação do clube para os dirigentes (como sou ingênuo, sempre acredito que só o clube interessa), esperança de lucro grande e revigorante para o empresário ou empresários e agentes diversos, nosso jogador é mimado.

Treina “numas”, dedica-se “numas”, cuida sempre da família, tanto nas necessidades como nas freqüentes desculpas, diverte-se, tem sempre um séquito a bajulá-lo e dizer que ele é “o” cara.

E é mesmo, não há como negar.


Até que chega na Europa, onde nem as majestades remanescentes são tratadas de “meu rei” ou “minha rainha”. Há que ser profissional. Horários têm que ser cumpridos, faça sol, chuva, vento ou neve. O treinador tem mais um bando de jogadores bons e não vai ficar se derretendo pelo brazuca, que será somente mais um entre trinta. Mesmo sendo astro de primeira grandeza por aqui, lá será mais um, se não entre trinta, pelo menos entre cinco ou seis. Sem privilégios, sem abonos a faltas, sem desculpas para atrasos.

É difícil ao boleiro adaptar-se a isso. Além disso, não tem mais a curriola amiga. Alguns até levam um, dois e até três amigos, a mini-curriola viajando e conhecendo as “oropas” na boa. Mas nunca é a mesma coisa. Fora todo o resto, como o clima, a comida, a língua, a televisão, etc.


Por tudo isso, uma parcela razoável dos nossos craques nega fogo. Quer voltar, esquece o futebol, fica deprimido, essas coisas todas que já acompanhamos muitas vezes entre os famosos e que é tão ou mais comum ainda entre os anônimos.

Para o dirigente europeu o jogador brasileiro é sempre um risco.

Rezam as cartilhas econômicas que investir em risco é bom, desde que o custo seja atrativo. Por isso, investir em jogador brasileiro é muito bom, desde que o custo seja muito baixo.

Para compensar o alto risco.


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24 Comentários para “É verão, é janela aberta”

Páginas: [2] 1 »

  1. 24
    augusto:

    Lamentavelmente, na minha opiniao o problema de nossos jogadores de futebol que vao para outras terras, e principalmente uma questao de “cultura”. O futebol no Brasil e praticado quase na sua total dimensao por atletas vindos do chamado (povao), com rarissimas execoes.(nao sei se e assim que se escreve). Nao me lembro qual jogador de outro pais falando a respeito dos brasileiros comentou: Eles sao sempre melhores porque enquanto estamos na escola, eles ja estao na rua jogando futebol. Esta declaracao obviamente nos desagrada, mas como contestar?. Sabe de quem e a culpa? DO GOVERNO CORRUPTO que comanda a nossa nacao. Enquanto os politicos estiverem enchendo os bolsos do dinheiro que seria destinado a educacao e a saude, certamente teremos esse tipo de problema em todas areas do desempenho humano. O Brasil ainda esta bem longe de ser um pais serio.

    Augusto, a grafia correta é exceções e exceção no singular.
    Quem falou isso foi o Thierry Henry.
    EG

  2. 23
    Eduardo Hollanda:

    Nelson, a Globo so’ transmitiu o jogo Corinthians x Fluminense para rio e Sao paulo. todo o restantye do Brasil viu o Fabio fazer milagres impedir a derrota do Cruzeiro.

  3. 22
    Carlos Augusto:

    O problema é mesmo cultural? Temos que ser letrados para sermos bons? Acho que as pessoas podem fazer opções que vão influenciar na vida delas, inclusive os jogadores de futebol. O que o Thierry Henry disse é uma besteira, caso isso fosse uma lei universal, África e muitos outros cantões seriam excelentes no futebol. Temos no Brasil talento natural e um investimento alto no futebol, quase exclusivo tendo o panorama começado a mudar há umas duas décadas. Isso faz com que muitas crianças tenham esse sonho e comecem mais cedo a praticar o esporte seja em clube, seja na escola ou seja na rua. Concordo que a educação tem que mudar e o esporte deve ser projeto dentro de escolas e universidades, pois os clubes são restritos demais. Esse negócio de caráter e perfil sócio cultural é triste. Vamos comparar a Europa com o Brasil e falar que a culpa é do jogador que quer ganhar mais? Quantos que comentam aqui não fariam o mesmo? Lá na Europa grande parte dos jogadores não vêm de locais pobres, tem acesso a muitas coisas e fazem essa opção, no Brasil para muitos o futebol é a única opção. Acho que ninguém aqui pode julgar o Gaúcho, o Ronaldo ou Adriano. Esses clubes perderam contratando esses caras? DUVIDO! A margem dos caras de lucro é alta demais, o problema todo é que sempre querem mais e mais. O Gaúcho tá assim não só pela vida boêmia que o acusam, mas por um projeto de fortalecimento muscular que acabou com a sua mobilidade, erro do clube.

  4. 21
    Nelson Oliveira:

    Porque a Globo transmitiu o jogo do Cruzeiro apenas para Minas e São Paulo e o do Corinthias para o restante do Brasil ??

    Será que a nona rodada do Brasileiro é mais importante que a Final da Libertadores da América. A competição mais desejada pelos Clubes Sulamericanos.

    Foi uma grande decepção, no momento em que o clube precisa de apoio, faz por onde merecer tamanha visibilidade. A Globo faz um papelão desses. Cobro uma posição imparcial dos meios de comunicação nacionais.

    O Cruzeiro merece respeito e reconhecimento. E uma Final de Libertadores, deve ser transmitida para todo o Brasil.

    Não acredito que jornalistas renomados não conseguem enxergar isso, estão sendo bairristas.

    Avante meu Cruzeiro,, você tem todo meu respeito e admiração, quando você está mau, sou o primeiro a cobrar, mas reconheço um bom trabalho, continue batalhando que o futuro será glorioso. Obrigado por representar bem Minas Gerais e o Brasil nas competições sulamericanas e me proporcionar inúmeros momentos de alegria.

    Abraço

    Nelson Oliveira

  5. 20
    Carlos Roberto RJ:

    Acho que o problema de jogadores brasileiros é o nivel socio cultural e a formaçao de base no lar, que formam o caráter de uma pessoa.
    O Adriano não daria certo em nenhum lugar. Mas muitos deram certo e projetaram uma imagem positiva, como Ronaldo, Kaká, Romário que até hoje é lembrado pela torcida do Barcelona.
    E muitos, como Thiago Neves, aparentemente não tem uma postura ética correta quando assinam contratos, olhando só os seus interesses. Infelizmente é uma realidade.

  6. 19
    Luís Carlos:

    Queria apenas mostrar indignação à forma que o Sr. Ivanor trata o Corinthians ao comentar um assunto que nada tem a ver com o post.

    Só queria dizer ao sr. Ivanor que o “Curintia” não pediu à CBF que transferisse a partida que seria disputada no domingo passado para o mesmo horário da partida pela Copa Santander Libertadores e que também não pediu à Globo que fizesse essa escolha.

    É bom que o sr. Ivanor saiba também que o “Curintia” não recebeu um centavo a mais de direitos televisivos pela transmissão dessa partida.

    Vocês, sr. Ivanor, costumam dizer que a mídia do “eixo do mal” só aborda assuntos relacionados aos clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo, ao mesmo tempo em que torcem para os clubes desse mesmo “eixo do mal” em detrimento dos clubes locais.

    Se você não gosta do “Curintia” ou de qualquer outro clube do “eixo do mal” e no seu estado não há emissoras de tv que exibam o que você quer, há outras opções de entretenimento para se gastar o tempo.

  7. 18
    José Carlos Coelho:

    EG
    Dizem algumas pesquisas, que a mulher trai tanto quanto o marido, só que pouca gente fica sabendo porque elas sabem fazer “direitinho”.
    Faço a analogia em relação ao comportamento extra-campo de alguns jogadores brasileiros, que segundo vc, os desvalorizam no mercado. Não acredito que o jogador europeu, africano ou asiático sejam mais profissionais do que os sulamericanos. Os de lá também vem de origem humilde, sem educação formal, e são doidos por uma boa balada (veja o que foi publicado sobre Cristiano Ronaldo, e outros). É como diz o ditado:”o que nos mata é a fama”, ou seria correto dizer?: “o que nos mata é a FOME”, pois na minha opinião, o que leva os jogadores brasileiros a serem negociados por valores tão pífios como vc mesmo diz, é a necessidade dos clubes, em “fazer” dinheiro sem perder muito tempo com barganhas para suprir suas necessidades imediatas! E para os jogadores e empresários, o valor está para lá de ótimo, pois a maioria deles nunca veriam tanto dinheiro aqui no Brasil, apesar de que se houvesse clubes no Brasil com dinheiro suficiente para segurar o jogador, esses valores seriam maiores.
    Quando vc diz que o custo/benefício dos europeus é baixo quando contratam jogadores sulamericanos, está alimentando o nosso complexo de inferioridade, que nos foi estimulado exatamente pelas potencias maiores para levarem toda nossa matéria prima através dos tempos!
    abs


    Vejo esse movimento em termos de mercados, José CArlos.
    Historicamente, a gurizada dos interiores, sertões e grotões tupiniquins, fizeram suas trouxinhas e foram para as “cidades grandes”. Meu pai fez isso.
    As pessoas vão em busca de oportunidades, trabalho, crescimento, por não encontrarem isso onde vivem. Esse processo, hoje em menor intensidade, também ocorre nos Estados Unidos, França, Alemanha…
    Aqui em Santa Rita, um garoto tem a vontade de sair de um sítio onde tudo é manual para ir trabalhar em outro onde o trator faça o trabalho pesado.
    Se um mercado paga melhor, atrai mais gente.
    EG

  8. 17
    Philippe:

    Emerson adorei o tema e acho que você o expôs muito bem. No entanto não concordo plenamente com você. Acho que o valor pago pelos jogadores brasileiros não é unicamente determinado pelo seu despreparo profissional. Com certeza isso conta muito mas acho que outro fator relevante e que faz com que sejam tão irrisórios os valores pagos é a facilidade que eles encontram em levar nossos melhores jogadores. E a razão disso são os empresários que ficam loucos pra lucrarem com a venda dos jogadores e os clubes, de um forma geral, que ao invés de se juntarem para tornar o futebol brasileiro mais organizado e um produto ainda mais atrativo, com fim de conseguirem mais receitas com o espetáculo, preferem a solução mais fácil, vender os artistas e, quem sabe, também embolsar algum. Na verdade penso que essa estrutura do futebol brasileiro, de extrema dependência dos clubes de vendas de jogadores interessa muita gente e por isso poucos procuram alguma solução. Seria normal perder jogadores para clubes como o Barcelona, Milan, Manchester, os gigantes da europa, mas até para clubes mexicanos nós perdemos….

  9. 16
    Eduardo Hollanda:

    No meu comentario sobre os jogos transmitidos pela Globo para Bras’ilia, eu pretendi dizer que a Globo tinha errado ao NAO transmitir para Brasilia os jogos de clubes cariocas. Mas isso tem sido corrigido de uns tempos para ca’.

  10. 15
    TNT:

    Pow, pode ter certeza que isso é correto. Joguei futebol na nova zelandia e na australia, apesar de eu ser o melhor do time o tecnico me deixava no banco, meu amigo chileno que me levou para jogar la nao entendia porque se eu era o melhor.

    mas é que eu fazia corpo mole nos treinos e ate mesmo em jogos as vezes eu brincava :/

  11. 14
    Eduardo Hollanda:

    Aqui em Brasília, a Globo vai passar a primeira partida da final da Libertadores. Achei bom porque gosto de ver futebol, embora nao torca por nenhum dois dois clubes. Mas, no Rio e em Sao Paulo, mostrar esse jogo em vez de Corinthians x Fluminense, seria um absurdo completo, pois a audiência na TV aberta seria ridícula. E como ninguém rasga dinheiro… A Globo andou errando ao mostrar em Brasília partidas em clubes cariocas – os de maior torcida por aqui – mas depois corrigiu o erro.

  12. 13
    Ivanor:

    Emerson,
    só para desestressar. Neste caso você teria alvará para ver Corinthians x Fluminense? Ou seria ainda mais fácil ser convencido a ir ao cinema?
    Atenciosamente,
    Ivanor


    Nesse momento, Corinthians x Fluminense interessa somente às duas torcidas, mas não totalmente.
    Uma parte – pequena – dos torcedores vai ver a final da Libertadores.
    Se fosse Estudiantes x LDU ou Boca ou Chivas ou Colo-Colo eu também assistiria.
    E tenho amigos corintianos que não verão nem um jogo nem outro, vão assistir filmes e séries.
    A propósito, leia a coluna do Tostão de hoje. Muito boa.
    EG

  13. 12
    Samuel:

    O profissionalismo exigido por la é perfeitamente compensado pelo salario, que só pela moeda ja é 3x maior, e tambem pela temporada menor. Brasileiro trabalha muito mais que europeu, disso eu tenho certeza.
    Claro que ha um certo risco em se contratar jogadores estrangeiros, pois a cultura é outra. Mas o risco é maior se nao contratar, principalmente para os grandes clubes. É só olhar os ultimos campeoes europeus ou nacionais (nos principais paises). Sempre havia a participaçao de brasileiros, e na maioria das vezes com grande destaque.
    Acho que, em rarissimas vezes, os clubes de la levaram prejuizo com jogadores daqui, pois pagam muito pouco. Invetimento de risco é bom com custo baixo sim, mas tao baixo assim, praticamente nao ha risco. O que eles fazem (ou faziam ate certo tempo atras, pois agora os preços pagos tem melhorado) é como jogar na mega sena. Se voce perde, perde 2 reais, mas se ganha, ganha milhoes.

  14. 11
    Ivanor:

    Emerson,
    tenho escrevido pouco porque estou envolvido em vários projetos ao mesmo tempo.

    De qualquer forma, o assunto transmissão da final da Libertadores deveria ser tópico de MKT, muito mais que os 2 posts relativos à desclassificação do SP (entendo o motivo).

    Reclamam de competitividade dos times de outros estados, mas eles tem menores receitas de TV, menores exposições na midia diária e pasmem, são considerados desqualificantes para as grandes competições (daqui a pouco a Globo vai incluir no regulamento o memso critério da Comembol que impede os times mexicanos de serem seus representantes, mesmo que ganhem a Libertadores). Se não for “Curintia” ou “Flamengo’, o título não vale nada. Tenho quase certeza que se um dia os 2 estiverem juntos na 2ª divisão este título esta série é que irá qualificar os times que irão à Libertadores, ou pelo menos o Campeão terá uma vaga. Se o Flamengo vier a se classificar para a Libertadores de 2010, a Copa do Brasil deixará de existir como torneio para a midia e para a TV.

    Não sei em qual pesquisa a Globo se amparou para transmitir o jogo de hoje, mas aí voltaremos a falar de MKT que também é a minha especialidade (já tendo trabalhado nesta área para 2 das maiores empresas do mundo), e finanças, (área na qual sou pós-graduado pela FGV) e portanto também considero minha especialidade.

    No MKT, existe 3 tipos básicos – Institucional, de relacionamento e o promocional

    Quem fez a pesquisa para a Globo (se é que fizeram neste caso) levou em consideração no máximo o último quesito, o que é extremamente perigoso quando tem-se objetivo de médio e longo prazo. Desvalorizar as competições em virtude de um posição clubística é um tiro no próprio pé. Porque um jogo de entrega de faixas de um título que no máximo dá direito de disputar uma Libertadores (tanto que quem participa dela não pode disputar este título) é mais importante do que a final? Mesmo que em um estado dê mais audiência (hipótese ainda duvidosa, pois a final da copa da Brasi teve a audiência que teve pois do outro lado estava o Inter e este eram um embate que atraia a atenção de todos os amantes de futebol e não só de Corintianos).

    No item institucional esta decisão foi um desastre, não sendo unanimidade nem entre o s Corintianos (10% da população) e sendo quase uma unanimidade negativa para a imagem da Globo entre os outros amantes do Futebol (+/- 50% da população). Quanto custa esta perda institucional? Quanto custa a boa vontade do telespectadores com programas inferiores das concorrentes apenas em represália a agressões como esta. Quem bate esquece, mas quem apanha nunca.
    Quanto fortaleceu a imagem institucional da RECORD neste caso? Basta ver a quantidade de emails citando seu nome. De emissora fanático-religiosa de uma Igreja como diria “de métodos pouco ortodoxos”, ela está superando toda sua rejeição não por méritos próprios, mas por deméritos da Globo.

    Quanto ao aspecto financeiro, por ter trabalhado em empresa que inclusive compra cota master do futebol, o motivo sempre foi claro. Não interessa o IBOPE das partidas, mas sim as chamadas no Jornal Nacional, Fantástico e outros que elas tem direito toda vez que vai ser feita alguma cobertura futibolística. Este é o verdadeiro prêmio que elas buscam. É óbvio que média de interesse aumenta esta exposição, mas será que a possível diferença da media da final da Libertadores contra um jogo comum teria algum impacto na media anual. Será que fortalecendo a Libertadores 2009, não iria repercutir ainda mais no interessa da Libertadores 2010 com a presença do “Curintia”.

    No aspecto relacionamento, a cobertura da Libertadores deste ano foi uma vergonha. Porque não abrir o PFC para passar os jogos de baixo interesse. Poderia inclusive gerar mais assinaturas no Nordeste. Queria ter visto alguns jogos do Sport e não tinha cobertura em nenhum canal, nem no SPortv.

    A única certeza é que quem tomou esta decisão o fez de forma amadora e é por isto que a marca vem ampiando sua rejeição e não pelo fanatismo religioso.

    É por tomar decisões cada vez mais amadoras que concorrentes antes inexpressivas hoje são ameaças (ainda fraca, mas cada dia mais forte).

    Sei que não tem nenhuma influência na Globo, mas este tema diz respeito ao seu BLOG muit omais do que a maioria do posts e vejo você fugindo dele.

    Por quê?

    Abordei essa questão em alguns comentários e não estou fugindo dela ou de outra qualquer.
    Repito o que já escrevi: mesmo a contragosto, se eu fosse executivo da emissora colocaria no ar a atração que resultasse em maior audiência.
    A audiência do futebol na Grande SP não é nada estonteante como já chegou a ser no passado.
    A maioria dos torcedores de futebol são torcedores de times determinados e não propriamente amantes do futebol. Aqui na minha casa, por exemplo, eu hoje não teria “alvará” para ver este jogo de La Plata, pois o time para o qual eu torço não estará em campo e, nesse caso, nada de futebol.
    Claro que, pela óbvia importância da partida, eu obteria o alvará, como sempre obtive para qualquer jogo. Uma ida ao cinema costuma ser a moeda de troca.
    Ora, pílulas, a mesma situação ocorre na maioria dos lares.
    Eu não vejo muito sentido nessa discussão. A emissora tem interesses comerciais outros e programa-se de acordo com eles.
    Lamento, mas não vou engrossar o coro crítico à decisão da Globo.
    Como profissional de marketing e finanças, você entende perfeitamente a opção feita pela emissora.
    E duvido muito que agisse de forma diferente se fosse o responsável pela programação.
    EG

  15. 10
    Eduardo Hollanda:

    Ja tinha feito o comentário quando li uma noticia na BBC sobre a contratação, pelo Manchester United, do jogador francês Gabriel Obertan, de 20 anos de idade. O Ferguson comenta, no site do ManUtd, que estava de olho no rapaz (uma das estrelas da seleções francesas sub-17 e depois sub-21) ha’ dois anos, mas teve que esperar que o Obertan terminasse seus estudos na França. E o futebol britânico e’ outro que exige que os jogadores terminem a fase dos estudos obrigatórios para qualquer morador das Ilhas…Igualzinho por aqui.

  16. 9
    Rafael:

    Emerson, só vale ressaltar algumas coisas:
    O Barça não teve prejuízos com o Ronaldinho Gaúcho e muito menos a Internazionale teve com o Adriano!
    O Barça porque com certeza ganhou muito em cima da imagem do Gaúcho no mundo inteiro, quando seu futebol estava irresistível e a Inter porque adquiriu o Adriano num dos maiores “negócios da china” da história (Veio como contrapeso na negociação que levou o cracaço Vampeta pro Fla!!!!!), sem contar os ganhos advindos pela grande fase que ele viveu de 2004 até 2006, por um jogador que nem se esperava tanto assim! Dessa maneira, digamos que os dois clubes apenas tiveram prejuízos no quesito “lucros cessantes” rsrsrsrs.
    Porém, concordo que a falta de senso profissional de muitos jogadores brasileiros atrapalham o rendimento deles lá fora!!

    No mais, parabéns! Irreprensível esse post!
    Abraços

    :o )
    Na prática, Rafael, você está certo, mas tecnicamente os lucros cessantes podem ser um belo prejuízo.
    EG

  17. 8
    Eduardo Hollanda:

    Esse Emerson acordou inspirado e deixou muito pouco espaço para comentários… Mas vamos la’. Essa questão da educação precisa ser atacada com rigor em relação aos jogadores de futebol. Se um garoto se destaca, porque precisa parar de estudar? Os clubes deveriam fazer convênios com escolas para que a garotada das divisões de base terminasse pelo menos os nove anos do ensino fundamental (ou que raios de nome passou a ter, quando houve a mudança de oito para nove anos). Isso ajudaria muito, especialmente aos que nunca conseguissem posições de destaque e contratos com salários elevados. E nao se trata de maluquice, pois isso e’ seguido na Europa, por exemplo, e nos EUA. O Real Madrid, para citarmos o time da moda, tem um convênio com um colégio particular em Madrid apara que todos das divisões de base concluam esse nove anos de estudo que citei.
    Quanto aos nossos mimados boleiros, chegam la’ fora e descobrem que terão que trabalhar, e muito, como se cobra de qualquer trabalhador, especialmente os mais bem pagos. Acho que essa idéia do custo Brasil foi bem sacada, pois exemplos muito recentes mostram que jogador, recém chegado do Brasil, e’ mesmo um risco, como aconteceu com o Thiago Neves, por exemplo. Sem falar, claro, no tal imperador (com minúscula mesmo), que deu um belo preju para a Inter de Milão. Observem os jogadores argentinos – onde a obrigatoriedade dos nove anos de ensino existe desde 1910 – como se adaptam muito melhor ao futebol europeu. Os anos de estudo certamente ajudam nisso, incluindo o aprendizado de línguas estrangeiras. E depois eu volto.


    Temos um problema cultural, também, Eduardo: escola formal não é algo que faça parte de nossa tradição, de nossa rotina do dia-a-dia. As famílias são muito… como diria… hummmmmmm… bom, digamos, as famílias são muito tranquilas em relação a esse quesito: escolaridade.
    Quanto aos nove anos, ou doze, de preferência, teriam que ser obrigatórios, sagrados, não negociáveis. Passou dos doze anos, e aí viria o ensino superior, a vida de boleiro profissional dificulta e até mesmo impossibilita. Essa é uma obrigação moral, social e esportiva dos clubes que adoram se dizer “formadores”.
    EG

  18. 7
    MEIRI ALENCAR:

    SEM QUERER PUXAR A BRASA PRA SARDINHA TRICOLOR,MAS JÁ PUXANDO,É INEGÁVEL QUE JOGADORES VENDIDOS PELO SPFC SE ADAPTAM MUITO MAIS FÁCIL ÀS REGRAS DO EXIGENTE FUTEBOL EUROPEU.ISSO É FATO!!!PARECE QUE ELES JÁ ESTÃO PREPARADOS PSICOLOGICAMENTE E NÃO SE ABATEM COM AS DIFICULDADES QUE MORAR EM OUTRO PAÍS ACARRETA!!!FÁBIO AURÉLIO SAIU DAQUI GAROTO,BORDON IDEM,KAKÁ NEM SE FALA,DENÍLSON ESTÁ NO ARSENAL E É TITULAR ABSOLUTO…E POR AÍ VAI…

  19. 6
    Thiago Rafael:

    Na verdade, nós somos um grande latifúndio de exploração para os clubes europeus… E eles exploram suas colônias dessa forma, vem aqui e escolhem entre tanta matéria-prima aquelas que são boas e estão mais baratas….

    Acessem: https://cademeucamisa10.com

  20. 5
    Raphael Silva:

    Emerson, bom dia
    A sua analise foi generalizada. Mencionou o “produto brasileiro” como algo arriscado. Concordo com vc.

    Porém, olhando o histórico dos clubes, será que podemos afirmar que jogadores de Clube A ou Clube B tem uma atitude diferente quando chegam na Europa? Ou ainda jogadores de determinado Empresário?

    Vou tentar “desenhar”… hehe

    Por exemplo, como não sei dos números nem do histórico de outros, vou citar o meu SPFC de 90 (+ou-) pra cá..

    Exportamos: Rai, Cafú, Juninho, Bordon, Grafite, Fabio Aurélio, França, Denilson (Arsenal), Kaká, Luis Fabiano (depois de ser repatriado), Lugano (não é da casa mas passou por ela), Ilsinho, Breno… Alguns que deram ou estão dando certo, pelo menos até agora.

    Por outro lado, me lembro de Denilson (estou na Hebe 2°), Souza (foi e voltou), Cicinho (se machucou e tentou voltar) , Adriano (tentamos recuperar)… lembrei estes, devem ter muito mais q sairam do SPFC e não deram certo por ai…

    Aonde quero chegar: será possível criar uma a imagem para determinado clube / empresário de que seu produto é diferente do produto do pais? E, por conseqüência, valorizar seu produto?

    Abraços;

    O São Paulo há muitos anos tem uma política bastante rígida na formação dos jogadores, postura seguida também pelo Cruzeiro, principalmente. A rapaziada, além de receber preparo específico, acostuma-se a uma vida de atleta profissional sem regalias. A paparicação nesses clubes também é menor e as direções tomam cuidado para não expor a molecada muito cedo. Tudo isso ajuda a formar atletas que vão e se adaptam sem grandes dramas.
    EG

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