Em março de 2007, um grupo de apaixonados pelo futebol reuniu-se pela primeira vez em São Paulo e criou uma entidade com o objetivo principal de resgatar e preservar a memória do futebol brasileiro. Desde então, o MemoFut (Grupo de Literatura e Memória do Futebol) consolidou-se e ampliou suas fronteiras. Nesta terça-feira, com o apoio do SporTV, ocorre o primeiro evento da sede do Rio de Janeiro. A partir das 18h30, será realizado na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) o debate “Futebol e Jornalismo”, com a participação do jornalista Renato Maurício Prado e do sociólogo Maurício Murad, especialista em sociologia do esporte. A mediação será feita pela jornalista Vanessa Riche. A ABI fica na Rua Araújo Porto Alegre, 71 (Centro).
As reuniões no Rio, sempre na primeira terça-feira do mês, serão marcadas por encontros em que a relação arte e futebol será discutida. A ligação com o samba, cinema e rádio serão os próximos temas abordados.
Além de preservar a história do futebol e realização de palestras sobre o tema, o MemoFut tem como objetivos promover a troca de informações sobre o esporte e realizar exposições de artigos históricos.
Cerca de 100 amantes do futebol estão ligados ao MemoFut, que, além de Rio e São Paulo, está organizado em Fortaleza. Pioneiro, o núcleo paulista é formado por aproximadamente 50 integrantes. As reuniões serão realizadas a partir deste mês no Museu do Futebol, instalado no Pacaembu. Os encontros começam com apresentação de itens históricos relacionados ao futebol (livros, camisas etc), seguidos pelo “Bate-papo bola”, em que convidados fazem palestra sobre um tema relacionado ao esporte, com um debate na sequência.
Criador do grupo, o administrador de empresas Domingos D’Angelo (foto), 70 anos, é dono de uma das maiores bibliotecas do país – provavelmente, a maior – especializada em obras sobre futebol. Até o fim de abril, o colecionador contava com 1.580 publicações cadastradas, entre livros e revistas especiais.
O acervo começou a ser montado há 40 anos. E é democrático. Qualquer obra que tenha o futebol como tema pode ganhar espaço nas prateleiras. As obras preferidas são as que falam sobre a História do esporte, biografias e obras de autores que tratem o futebol com um toque literário (como Nélson Rodrigues, Mário Filho e Armando Nogueira).
Foi deste último o primeiro livro da coleção – “Drama e glória dos bicampeões”, escrito por Armando Nogueira em parceira com o jornalista Araújo Neto em 1962. Como um das raridades da coleção, Domingos D’Angelo cita o livro “Concursos Literários – 60 anos de futebol em São Paulo”, editado em 1954 pela Federação Paulista em tiragem reduzida.
Domingos ainda vê preoconceito em relação à literatura futebolística, mas afirma que ele vem diminuindo com o tempo. Aos poucos, as livrarias abrem mais espaço para as publicações que tratam do esporte. O colecionador cita duas obras que ajudaram a reduzir esse preconceito: “Estrela Solitária: um brasileiro chamado Garrincha”, de Ruy Castro, e “O Diamante Eterno”, biografia de Leônidas da Silva escrita por André Ribeiro. E iniciativas como o MemoFut ajudam a provar a importância dessas obras para um público cada vez maior.