Morre o último dos 11 ‘condenados’ por uma derrota no Maracanã

sáb, 31/10/09
por gm marcelo |

Caro amigo

Em 16 de julho de 1950, 11 brasileiros, vestidos de branco, entraram no gramado do recém-inaugurado (e inacabado) maior estádio do mundo para registrar seus nomes na história do Brasil. Diante de 200 mil pessoas (10% da população do Rio de Janeiro na época), iriam cumprir o que para quase todos os presentes era uma mera formalidade: confirmar sua superioridade diante de um  adversário conhecido e dar ao Brasil a sua maior glória no esporte: o inédito título de campeão mundial de futebol.

Realmente, aqueles 11 homens marcaram seus nomes na história esportiva do país. Mas por terem sido protagonistas da maior tragédia esportiva do país.

A derrota por 2 a 1 para o Uruguai marcou eternamente a vida daqueles 11 brasileiros, que estiverem muito perto de se tornarem conhecidos para sempre como campeões mundiais. Mas a denominação sempre veio acompanhada da palavra “vice” em suas biografias.

Nesta sexta-feira, faleceu, aos 86 anos, o último remanescente daquele grupo de brasileiros que pisaram no gramado do Maracanã naquele fatídico dia. E Juvenal Amarijo ainda teve que superar um peso adicional. Junto com o goleiro Barbosa e o lateral Bigode, o zagueiro foi apontado como um dos culpados diretos pela derrota para o time de Obdulio Varela e companhia. Uma punição perpétua.  Barbosa lembrava que a pena máxima para crimes no Brasil era de 30 anos. E que ele era um eterno condenado.

Apesar dos títulos conquistados na carreira – incluindo a Copa Rio de 51 pelo Palmeiras, ganha no mesmo Maracanã, um ano depois da derrota para o Uruguai -, Juvenal jamais conseguiu se livrar do fantasma de 50. A final do Mundial disputado no Brasil foi a última de suas 11 partidas pela seleção.

Após o encerramento da carreira, adotou um exílio voluntário na Bahia, tentando tocar o menos possível no assunto que não queria lembrar. Mas quem conhecia sua trajetória nunca deixava de questioná-lo sobre o tema-tabu.

Em 2007, a Rede Globo revelou o drama vivido pelo ex-jogador, que, doente, morava em uma casa em péssimas condições. Nem televisão tinha para ver partidas de futebol. O drama de Juvenal mobilizou várias pessoas pelo país. Ele ganhou uma TV e recebeu tratamento médico.

Mas uma ferida jamais seria cicatrizada. Aquela que cortou definitivamente a alma do zagueiro naquela tarde de julho no Rio de Janeiro.

Juvenal Amarijo

Data de nascimento: 27 de novembro de 1923
Local de nascimento: Santa Vitória do Palmar (RS)
Clubes : Brasil de Pelotas, Cruzeiro-RS, Flamengo, Palmeiras, Bahia e Ypiranga-BA
Títulos: Campeonato Paulista 1950, Copa Rio 51 (Palmeiras), Campeonato Baiano 54 e 56 (Bahia), Copa Oswaldo Cruz e Copa Rio Branco 50 (seleção)
Jogos pela seleção: 11



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