Quarta edição do Cinefoot reúne duas artes: futebol e cinema

qui, 23/05/13
por gm marcelo |

Os amantes do futebol têm um programa imperdível desta quinta-feira até a próxima terça no Rio de Janeiro, com a 4ª edição do Cinefoot (Festival de Cinema de Futebol). E torcedores de alguns dos principais clubes do país, como Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Santos e Vasco têm motivos especiais para prestigiar o festival.

Um dos principais ídolos da história do Botafogo, Amarildo será homenageado na sexta-feira (21h15) com a exibição do curta-metragem “Amarildo – o Possesso”, que mostra um pouco da carreira do atacante que teve uma dura missão em 1962: substituir Pelé durante a Copa do Mundo no Chile. O botafoguense estreou na terceira partida, contra a forte Espanha. Uma derrota eliminaria os então campeões mundiais. Mas o ‘Possesso’ não sentiu o peso da responsabilidade: fez os dois gols da vitória brasileira por 2 a 1.

Outro campeão mundial em 62 – e grande ídolo botafoguense – também estará nas telas do Cinefoot. O festival terá como filme de encerramento o famoso “Garrincha, alegria do povo”, filme de 1963 dirigido por Joaquim Pedro de Andrade (terça, 21h15).

A trajetória de Heleno de Freitas também estará no Cinefoot com o filme em que Rodrigo Santoro encarna o craque do Botafogo e da Seleção (sexta-feira, às 19h)

Maior artilheiro da história do Cruzeiro e um dos principais ídolos da história do clube, Tostão também será homenageado no evento com o longa “Tostão, a fera de ouro”, no sábado, às 21h15. Será a primeira exibição da cópia restaurada do filme de 1970, ano em que o camisa 9 foi peça fundamental para o Brasil conquistar o tricampeonato mundial no México.

Os gremistas poderão ver o time de coração nas telas do Cinefoot com a exibição no sábado (19h) do documentário “Geral do Grêmio, o filme”. Durante cinco anos, o diretor Juliano Kracker acompanhou os bastidores da torcida, que segundo ele, ”mudou a forma de torcer no Brasil”.

Os torcedores do Flamengo têm como atrativos no Cinefoot o curta-metragem “Zico 60″, de Marcelo Pizzi (segunda-feira, às 19h), lembrando os 60 anos do Galinho de Quintino, completados em março deste ano, e o longa “Zico na Rede”.

E para os rubro-negros, botafoguenses, tricolores e vascaínos uma boa pedida é o curta “Geral”, que destaca personagens que marcaram o setor mais popular do Maracanã, área extinta com as reformas no estádio.

Os corintianos terão um de seus principais ídolos lembrados no evento. Sócrates é um dos “Rebeldes do futebol”, documentário francês que mostra a trajetória de jogadores que mostraram sua oposição a regimes políticos antidemocráticos ou a gestões corruptas de dirigentes. Casos também do francês Cantona, do chileno Caszely e do marfinês Drogba. O documentário francês abre o festival, nesta quinta-feira, às 20h30.

E os santistas poderão conferir o curta “Santos para sempre na pele”, que mostra como torcedores decidiram marcar para sempre a sua paixão pelo Alvinegro praiano com tatuagens.

De 6 a 11 de junho, o festival chega a São Paulo. E de 11 a 29 do próximo mês, o evento percorrerá as sedes da Copa das Confederações (Brasília, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Rio).

Clique aqui e confira a programação do 4º Cinefoot

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter: https://twitter.com/memoriaec

Supercampeão pelo melhor Flamengo de todos os tempos, Adílio ganha biografia

sex, 10/05/13
por gm marcelo |

No início dos anos 80, o Flamengo teve a equipe mais vitoriosa de sua centenária história. Com as conquistas, entre outras, do Mundial Interclubes e da Libertadores de 1981 e de três títulos brasileiros em quatro anos (80, 82 e 83). Naquele time, brilhavam jogadores titulares absolutos da Seleção, como Zico, Júnior e Leandro. Além de outros destaques, como Raul, Tita, Nunes e um meio-campista que marcou seu nome para sempre no Rubro-Negro: Adílio, o terceiro atleta que mais partidas disputou pelo clube, com 615 jogos, menos apenas que os companheiros Júnior (834) e Zico (732).

Para homenagear o titular absoluto daquele time histórico do Fla, o escritor Renato Zanata lança nesta segunda-feira, dia 13, a biografia “Adílio – o camisa 8 da Nação”, na livraria da Travessa, em Ipanema, Zona Sul do Rio. No dia 15, o ex-jogador completa 57 anos.

Na opinião de Zanata, o parceiro de Zico na Gávea foi injustiçado na seleção brasileira e teria totais condições de repetir a dupla com o Galinho na Copa do Mundo de 82, na Espanha. E tinha um estilo que poderia ser comparável ao de Xavi e Iniesta, craques do Barcelona e da seleção espanhola. Confira a entrevista com o autor da biografia do “Brown”, como Adílio era chamado pelos companheiros de time.

Como você definiria o papel do Adílio naquele time que é considerado o melhor Flamengo de todos os tempos?

- O Adílio dividia com o Zico a batuta de maestro daquele baita time do Flamengo. Atuando como segundo homem de meio-campo, tendo a meia direita como referência, mas com liberdade para se movimentar por todos os setores da cancha, era o protagonista na transição ofensiva do rubro-negro carioca. Era ele quem mais ditava o ritmo e a direção da bola na saída da defesa para o ataque, enquanto que o Galinho articulava o jogo do escrete da Gávea nos últimos 30 metros de campo. Isso, quando os dois não invertiam o posicionamento e consequentemente as tarefas, e também superavam o bloqueio tático adversário. Zico recuava, enquanto Adílio se lançava ao ataque para esperar um lançamento do próprio Galo ou fazer o pivô, escorando um passe do camisa 10, lhe devolvendo a cortesia com uma assistência açucarada. Naquele primeiro jogo contra o Cobreloa pela final da Libertadores de 81, em partida realizada no velho Maraca, o primeiro gol do Flamengo, marcado pelo Zico, saiu assim.

Adílio foi um jogador polivalente, com ótima produtividade atuando tanto como volante quanto como meia (foi camisa 10 durante toda a divisão de base). Ou usando a beirada esquerda do ataque como referência, posicionamento que ocupou em jogos que valeram ao Flamengo importantes conquistas.

Você acha que o Adílio teve a importância dele um pouco ofuscada, reduzida, por ter jogado ao lado de Zico e Júnior? Se tivesse jogado em outra época, acredita que ele poderia ter um reconhecimento maior?

- No Flamengo, não. Sempre constatei (cresci indo ao Maracanã e ao Caio Martins para ver aquele timaço jogar) nas resenhas em que participei com amigos de infância ou aquelas que eu apenas escutava quando estava perto dos flamenguistas mais velhos do que eu, a grande importância que a torcida do Flamengo dava ao futebol do Adílio. Hoje, tanto pelo contato direto nas ruas, quanto através das redes sociais, constato a mesma coisa. O torcedor rubro-negro sabe e multiplica com orgulho que o Adílio também é considerado, assim como o Nunes, um “Artilheiro das Decisões”, por ter marcado gols importantes em várias finais de campeonato. Como, por exemplo, no Japão contra o Liverpool na decisão do Mundial Interclubes e no último jogo da decisão do Brasileiro de 1983, contra o Santos, no Maracanã.

Mas, claro, o fato do Zico e do Júnior terem frequentado inúmeras vezes as listas de convocações dos técnicos Claudio Coutinho e Telê Santana, e o Adílio só ter atuado com a amarelinha em duas ocasiões, realmente foi uma desvantagem para ele no que diz respeito a um maior reconhecimento do talento dele por parte dos amantes do futebol de uma forma geral, mas não dentro do “território da Nação”.

Você acredita que o Adílio foi injustiçado na seleção brasileira? Ele poderia ter jogado  a Copa de 82, por exemplo?

- Sim. Inclusive este foi um forte motivo que me levou a escrever a biografia dele. Deixar registrado para os torcedores brasileiros, principalmente os não flamenguistas, que o Adílio tinha futebol de sobra para integrar aquele grupo que disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Ao trabalhar no projeto do livro “Sarriá 82, o que faltou ao futebol-arte?”, parceria com o jornalista Gustavo Roman, eu entrevistei o Adílio porque quis aproveitar o tema para registrar que ele poderia ter ido, por exemplo, no lugar do Dirceu. Além de também possuir um invejável preparo físico, Adílio era bem mais técnico e criativo do que o, na época, jogador do Atlético de Madrid.

Adílio, que, aliás, fez uma partidaça contra a Alemanha no Maracanã poucos meses antes da Copa, tinha o perfil técnico mais adequado para atuar ao lado de feras como Zico, Falcão, Leandro, Sócrates e Júnior. Jogadores com uma habilidade mais apurada para trocar passes curtos, gerar a tabela, a triangulação e fazer a bola rodar com qualidade e produtividade por todo o campo ofensivo.

Um Adílio, que no Flamengo já demonstrava tal afinidade tática e técnica com os rubro-negros citados, poderia ter sido escalado também no lugar do Serginho Chulapa (limitado tática e tecnicamente), com o Sócrates passando para a função de centroavante (mais mobilidade e visão de jogo que o Chulapa). Neste caso, ele atuaria numa linha de 3 meias. Adílio caindo mais pelo  lado direito do ataque, mas com liberdade para inverter o posicionamento com o Galinho e com o Éder. E o “camisa 8 da Nação” também poderia atuar na vaga do próprio Éder, pois estava acostumado a jogar, e bem, como um meia que usava como referência a beirada esquerda do campo ofensivo, setor onde sempre se entendeu muito bem com o maestro Júnior, seu companheiro naquele histórico escrete da Gávea.

Você vê algum (ns) jogador (es) no futebol atual cujo estilo pudesse ser comparado ao do Adílio?

- Sem cair na armadilha de querer comparar o “tamanho do futebol” de gerações distintas, posso dizer que hoje, taticamente e também pela grande qualidade técnica que possuem, Xavi e Iniesta representam respectivamente, para o Barcelona e para a seleção espanhola, o mesmo que o Adílio representava para aquele baita Flamengo do final dos anos 70 e começo dos anos 80.

O Xavi que carimba a pelota com maestria e tem visão de jogo diferenciada na transição ofensiva da equipe, atuando por dentro, e o Iniesta da Fúria, fechando o meio-campo ao recuar para auxiliar o seu lateral na marcação e explorando o lado esquerdo do ataque buscando mais o drible, a jogada individual, escalado próximo à beirada da cancha por aquele setor.

Na sua pesquisa, encontrou muitas histórias, curiosidades sobre a carreira dele que surpreenderam você? Poderia citar alguma (s)?

- Sim, por mais que eu tenha vivido aquele período de perto, indo aos estádios e colecionando matérias de jornais na época ou gravando programas de rádio em um jurássico gravador de fita K7, eu descobri muita coisa sobre a vida do Adílio agora, durante o processo de elaboração da sua biografia. Como, por exemplo, que ele e o Tita atuaram na preliminar daquele amargo 6 a 0 que o Botafogo de Jairzinho aplicou no Flamengo em 1972. E ainda no Maracanã após o chocolate alvinegro, juraram que um dia devolveriam o placar para cima do time da Estrela Solitária. E nove anos depois, feito!

E também está registrado no livro o encontro de Adílio com um admirado técnico da União Soviética, que após assistir ele comer a bola contra os alemães no Maracanã, dava como certa a escalação do “Neguinho bom de bola” contra a sua equipe na Copa de 1982.

Como foi a saída dele do Flamengo para o Coritiba em 87? Houve alguma problema na época dele com o clube? Ele manifesta hoje alguma mágoa?

- Começo respondendo revelando um trecho do meu livro: “Desmentindo os cartolas rubro-negros, que na época disseram que haviam dado a ele passe livre e o dinheiro total da negociação com o Coritiba, Adílio conta que chegou a pedir a renovação de contrato em conversa com Márcio Braga, já que em maio de 1988, aos 32 anos, mais de dez servindo ao Flamengo como jogador profissional, teria então, nos termos do art. 26 da Lei nº 6.354/76, direito ao passe livre. Entretanto, o presidente rubro-negro preferiu vendê-lo antes.”

Segundo o próprio Adílio, os cartolas, e tão somente eles, é que resolveram tudo naquela negociação.

Sobre a partida especificamente, foi duro para o Adílio ter que jogar contra o seu clube do coração sem ter sido dele a decisão de deixar a Gávea, e ainda por cima, tendo o Maracanã como palco daquela incômoda peleja (vencida pelo Flamengo por 3 a 1).

Porém, ter sido muito bem recebido no estádio pela imensa Nação Rubro-Negra, e por estar vivendo um bom momento técnico no Coxa, conseguiu reunir forças para encarar aquele que foi mais um grande desafio em sua vida. Três dias antes do jogo contra o Flamengo, Adílio (com média, 7.33) ocupava o segundo lugar no ranking da Bola de Prata para a posição de ponta de lança, superando nomes como o de Assis, do Fluminense, e Pita, do São Paulo.

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter: https://twitter.com/memoriaec

Futebol: um capítulo de sucesso nas novelas

qua, 06/03/13
por gm marcelo |

Texto de Alexander Grünwald*

Muitas obras da literatura e da teledramaturgia já exploraram a paixão do brasileiro pelo futebol. Na TV, alguns dos casos mais famosos foram as novelas “Avenida Brasil”, de 2012, e “Irmãos Coragem”, que teve duas versões: a primeira entre 1970 e 1971, a segunda em 1995. Na megasucesso da Rede Globo no ano passado, o personagem principal – Jorge Tufão, vivido por Murilo Benício – era um jogador (depois, ex-jogador) do Flamengo, que também tinha ligações com o Divino, clube do fictício bairro do subúrbio carioca. Já na trama filmada ainda em preto e branco no início dos anos 70, Duda (Claudio Marzo na primeira versão - foto abaixo; Marcos Winter na segunda), mais jovem dos três irmãos, era um atacante que ganhava espaço no Flamengo para se transferir posteriormente para o Corinthians. Em ambos os casos, obras de ficção, que usaram times e jogos reais em suas gravações.

Nos anos 80, o futebol esteve presente na novela “Vereda Tropical”, exibida pela TV Globo em 84 e 85. Luca, personagem vivido pelo ator Mário Gomes, que, após defender o Vasco, chegou ao Corinthians como uma grande contratação. Gomes gravou cenas com jogadores do Timão, como Casagrande, João Paulo e Eduardo Amorim. E chegou a entrar em campo no Morumbi, durante o duelo do Timão contra o Vasco, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro de 85. Após Serginho marcar um dos gols do time paulista no empate por 2 a 2, o ator, que estava atrás do gol, correu para dentro da meta e agarrou a bola na rede, simulando comemorar o gol que teria feito.

No entanto, foram poucas as oportunidades em que a televisão explorou uma época importantíssima para o esporte. A fase em que o futebol se popularizou, saindo dos ambientes fechados dos clubes de elite para ganhar o aspecto popular que tem hoje. Curiosamente, o mais próximo movimento neste sentido foi dado com base em uma história real. Em 1990, a minissérie “Desejo” retratou a relação conturbada do escritor Euclides da Cunha (vivido por Tarcísio Meira) com sua esposa Anna (Vera Fischer) e o amante dela, Dilermando (Guilherme Fontes). Paralelamente, era contada a saga do irmão de Dilermando, Dinorah – por ironia, representado também por Marcos Winter. “Player” do Botafogo no início do século 20, sua carreira teve fim justamente por consequência de uma briga na qual seu irmão se envolveu com o escritor. Ao levar um tiro, Dinorah perdeu parte dos movimentos e foi obrigado a abandonar os gramados.

Saiba mais sobre o drama vivido por Dinorah

Recentemente, outra novela trouxe novamente à tona os primeiros anos do “football” no Brasil. Exibida desde setembro no horário das 18h, “Lado a Lado” tem feito, na verdade, muito mais do que isso. A trama estrelada por Camila Pitanga e Lázaro Ramos se passa no Rio de Janeiro – então capital federal – e retrata o período entre 1903 e 1910, que foi de grandes mudanças sociais e políticas no país, muitas delas polarizadas na cidade. Uma era ainda de transição entre o Império e a República, proclamada em 1889, que mostra a transformação de certos valores e a derrubada de antigos tabus. O que inclui, entre outras mudanças importantes, a integração do negro na sociedade, ainda contaminada pela cultura escravocrata. Vale lembrar que abolição havia sido assinada em 1888, e que grande parte da população tinha vivido a realidade anterior.

Para temperar a obra de ficção, diversos elementos reais são inseridos no folhetim. Como a resistência popular ao “bota-abaixo”, programa de demolição dos cortiços ordenado pela prefeitura do Rio de Janeiro, visando à construção de grandes avenidas; a ocupação dos morros, diante da falta de moradia e emprego dos antigos ocupantes dos cortiços; a “revolta da chibata”, movimento liderado por marinheiros negros que se cansaram das punições com castigos físicos aplicadas pelos superiores na hierarquia militar; a “revolta da vacina”, quando a população mais pobre se recusou a ser imunizada pelos órgãos públicos, na primeira grande campanha de prevenção de doenças do país; o surgimento dos “cordões” carnavalescos, que deram origem às escolas de samba; e, claro, a proibição por lei da capoeira, tida como “crime de vadiagem”, já que era um dos poucos instrumentos de defesa da classe miserável, formada em sua maioria por ex-escravos e seus descendentes.

Mas onde entra o futebol nesta história? Ele foi um instrumento fundamental para uma nova relação de classes, que contribuiu sobremaneira na formação social do Brasil. Na novela, os jovens aristocratas – que anteriormente jogavam críquete – passam a se divertir com um novo esporte vindo da Europa, mas sem qualquer contato com os “capoeiras”, como eram chamados muitos dos negros. Na trama, os personagens jogam no campo do Federal Sport Club, agremiação fictícia que faz claras referências ao Fluminense (também citado nos diálogos dos personagens, como se fosse um rival), a começar pelas cores da primeira camisa, em cinza e branco. É neste clube que trabalha Chico (vivido por César Mello), um aparador de grama – de pele negra – que um dia recolhe uma bola furada que foi abandonada pelos jogadores. Pacientemente, ele a costura e a leva para o morro, e assim faz com que o novo jogo caia no gosto das crianças de pés descalços.

Treinando sozinho entre os barracos de madeira e mesclando o futebol duro e desengonçado dos brancos e ricos com os seus passos de capoeira, Chico trata de mostrar suas habilidades de uma maneira bem peculiar. À beira do campo, enquanto faz seu trabalho, aproveita as bolas que saem pela linha de fundo para devolvê-las ao jogo com estilo. Às vezes com embaixadinhas, outras com cabeceios. Em determinado momento, improvisa (inventa, na verdade) uma bicicleta. E é assim que acaba convidado a participar de uma partida – ou melhor, “match”: uma revanche do time carioca contra um combinado de Niterói, cidade situada do outro lado da Baía de Guanabara. Aí, outra referência dos autores a fatos históricos, já que o primeiro jogo oficial realizado no Rio de Janeiro foi em Icaraí, um bairro niteroiense.

No seu jogo de estreia, Chico dá um show, praticamente levando os companheiros nas costas e marcando diversos gols. Mas um detalhe nada convencional, também baseado em fatos reais, é representado na cena: temendo o preconceito, o candidato a centroavante aceita o argumento de um dos jogadores do time (mais interessado em seu talento do que em sua cor) e entra em campo com a pele coberta de pó de arroz. Tudo para que os rivais e o pequeno público presente não percebessem sua origem, impedindo que ele participasse do jogo. Assim como na vida real, o pó de arroz se desmancha com o decorrer da partida, e a farsa logo é descoberta. Mas aí já era tarde. Seu futebol já havia encantado todos os que assistiam ao jogo, incluindo dois jornalistas presentes ao clube naquele dia.

As coincidências ou referências à construção da sociedade que atravessou o século 20 até a que conhecemos hoje são exploradas ainda em outros aspectos, a exemplo do nascimento do samba e sua lenta aceitação como legítimo movimento cultural brasileiro, desde o surgimento dos “cordões” carnavalescos, embrião das escolas de samba. Um traço em comum entre a música e o esporte é a adoção de uma “ginga” genuinamente nacional. Que, nos gramados, não precisou de muito tempo para se manifestar. Prova disso é a completa inversão do caráter elitista do futebol em alguns anos no Brasil. Uma ferramenta fundamental e decisiva para derrubar as barreiras do racismo e criar uma nação irreversivelmente miscigenada.

* Jornalista, repórter do GloboEsporte.com

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter: https://twitter.com/memoriaec

Livro retrata em quadrinhos a centenária história do Parque Antártica

dom, 23/12/12
por gm marcelo |

No segundo semestre de 2013, a torcida do Palmeiras deverá poder voltar a assistir aos jogos do clube do coração no Palestra Itália. Reformado, batizado de Arena Palestra. Enquanto o estádio segue em reformas, os palmeirenses podem matar a saudade do local em que o clube conquistou algumas de suas maiores vitórias, como o título da Libertadores em 99, com uma obra que relembra a história de um dos campos mais tradicionais do Brasil.

O livro “Alma – A história da arena esportiva mais antiga do país” retrata, no formato de história em quadrinhos, momentos marcantes do Parque Antártica, criado em 1890 após um grupo de imigrantes alemães inicialmente para ser uma área de lazer para os funcionários de uma fábrica de cervejas. E que em 1902 recebeu um jogo histórico: Germânia x Mackenzie, a partida inaugural do Campeonato Paulista, o primeiro campeonato oficial de ‘football’ realizado no Brasil. Portanto, o jogo oficial número 1 do futebol pentacampeão do mundo.

E que viu atuações de craques nacionais de praticamente todas as gerações. Desde o pioneiro Charles Miller, passando por Friedenrich, Leônidas da Silva, Oberdan Cattani, Pelé, Garrincha, Ademir da Guia, Romário, Ronaldinho Gaúcho e Neymar.

O livro retrata a história do local, antes mesmo de ele ser comprado pela diretoria do então Palestra Itália, em 1920. O Parque Antártica foi palco de torneios de outros esportes, com tênis e boxe, além de ter recebido a primeira corrida de automóveis disputada na América Latina e ter sido a base do pouso do primeiro avião do correio aéreo brasileiro.

- Para nós é uma grande honra editar um livro que remonta duas de nossas grandes  paixões: o Palmeiras e os quadrinhos. Estamos muito felizes por retratar o palco das grandes vitórias palmeirenses numa obra – disse ao site oficial do Alviverde paulista o cartunista Custódio, autor dos textos do livro. As ilustrações são de Fernandes, que ganhou o prêmio HQ Mix de melhor cartunista do país em 2010.

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter e fique por dentro de novos textos e promoções: https://twitter.com/memoriaec

A arte do futebol no cinema

qui, 24/05/12
por gm marcelo |

Os fãs do futebol de Rio e São Paulo têm um compromisso marcado nos próximos dias. Não no estádio, mas na sala de cinema, com a terceira edição do Cinefoot (Festival de Cinema de Futebol). O evento vai apresentar 45 filmes, entre longas e curtas metragens. Do Brasil e do Uruguai, Ucrânia, Dinamarca, Alemanha, Espanha, França, Itália, Ilhas Mauricio e Estados Unidos.

E os torcedores de Bahia, Botafogo, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Santos e Vasco têm atrações específicas ligadas à história dos seus clubes.

No ano em que comemora o centenário, o Santos está representado em três filmes: o longa “Santos, 100 anos de futebol arte”, de Lina Chamie, e os curtas “Santos – tricampeão paulista” (anos 60) e “Santos – bicampeão mundial”, preparados a partir de imagens captadas pelo Canal 100, cinejornal que animou as sessões de cinema nos anos 60, 70 e 80.

O Flamengo é o personagem principal do documentário “Copa União”, que trata da conquista do título em 87 e toda a polêmica que envolveu a competição. As conquistas do Rubro-Negro nos anos 70 e 80 também estarão presentes no curta “A Era Zico no Flamengo”,  com imagens históricas do Canal 100.

A rivalidade entre Flamengo e Fluminense, que se enfrentaram pela primeira vez em um campo de futebol há exatos 100 anos, é o tema de “Fla-Flu à sombra das chuteiras imortais”, de Oscar Maron Filho.

O Flu também será homenageado com imagens de seus títulos nos anos 60, 70 e 80 filmadas pelo Canal 100 no documentário “Fluminense campeão”.

Assim como Botafogo e Vasco.

Os torcedores do Alvinegro carioca poderão conferir o documentário “Meu Glorioso”, com imagens dos bicampeonatos carioca de 61/62 e 67/68. Além do curta “Heleno e Garrincha”, sobre dois dos maiores ídolos da história do clube.

E os cruzmaltinos poderão relembrar a campanha invicta do clube de São Januário no Carioca de 77 no filme “Vasco Dinamite”. Com direito a imagens da histórica vitória nos pênaltis sobre o Flamengo, na decisão do segundo turno, que garantiu o título estadual. E também conhecer um pouco mais sobre a trajetória de Ademir de Menezes, artilheiro do clube nos anos 40 e 50 e goleador da Copa de 50, no curta “Um artilheiro no meu coração”.

Na mostra em São Paulo, os torcedores do Corinthians poderão saber detalhes do movimento liderado por Sócrates, Wladimir e Casagrande nos anos 80 no filme “Ser campeão é detalhe: Democracia Corintiana”.

E os fãs do Bahia terão a oportunidade de assistir no Rio e em São Paulo ao longa “Bahêa minha vida”.

No Rio, o Cinefoot começou na quinta-feira (dia 24) para convidados e imprensa, com o curta “Meu glorioso São Cristovão”, sobre o tradicional clube carioca, e longa russo “Match”, que retrata a história de jogadores do Dínamo de Kiev que viraram prisioneiros de guerra dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

A partir de sexta-feira, as sessões são abertas ao público, no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo (até o dia 29), e no Centro Cultural da Justiça Federal, no centro da cidade (de 31 de maio a 3 de junho).

Em São Paulo, o festival ocorre de 31 de maio a 5 de junho, no Museu do Futebol e no cinema Reserva Cultural.

A entrada é franca.

Clique e confira a programação completa da 3ª edição do Cinefoot

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter https://twitter.com/memoriaec

‘Heleno é um personagem cinematográfico’, diz diretor

sex, 30/03/12
por gm marcelo |

A partir desta sexta-feira, os fãs do futebol têm um compromisso marcado nas salas de cinema, com a estreia de “Heleno, o Príncipe Maldito”, que retrata a vida de Heleno de Freitas, craque que defendeu o Botafogo, Boca Juniors e Vasco nos anos 40.  O ídolo alvinegro teve uma trajetória marcante dentro e fora dos campos. Nascido em uma família tradicional mineira, Heleno se formou como advogado e formou uma das melhores linhas de ataque da história da Seleção Brasileira, com Tesourinha, Zizinho, Ademir Menezes e Jair Rosa Pinto.

Mas teve a carreira não apenas marcada pelos gols (foram 204 em 233 jogos pelo Botafogo, sendo o quarto maior artilheiro da história do clube). As brigas com adversários, companheiros, dirigentes e treinadores foram frequentes. Problemas em sequência que acabaram provocando a sua saída do Botafogo em 1948, antes de ver o seu time do coração comemorar o esperado título carioca naquele ano. Somente teria a alegria de ser campeão no ano seguinte, com a camisa do Vasco. Do qual saiu após brigar com o treinador Flávio Costa. Que também comandava a Seleção Brasileira, o que fechou as portas do selecionado para o atacante.

Coube ao diretor José Henrique Fonseca o desafio de transformar em filme uma vida repleta de elementos cinematográficos: um jogador de classe alta, considerado galã, bon vivant, com muitas conquistas amorosas, vitórias e derrotas nos gramados, brigas e um fim melancólico, doente e longe da fama em um sanatório. Com a morte precoce causada pela sífilis, aos 39 anos de idade.

- Heleno é um personagem cinematográfico. Acho que na história do futebol brasileiro, não existe um jogador que se adeque tão bem a ser retratado em um filme. Cuja vida se parece com um filme. É um personagem fascinante – afirma o diretor, nesta entrevista ao Memória Esporte Clube.

Memória EC – Alguns críticos afirmaram que quem for ao cinema esperando em “Heleno” um filme de futebol, vai se decepcionar. Concorda com a análise que é não um filme sobre futebol?

- Concordo que não é um filme de futebol. É um filme em que o universo do futebol está retratado, que tem cenas de futebol, em que a relação do Heleno com os dirigentes está presente, por exemplo. Mas diria que (o futebol) está em um segundo plano. O filme mostra a vida conturbada do personagem, não apenas do ponto de vista do futebol.

A vida do Heleno realmente se pareceu com um filme?

- Heleno é um personagem cinematográfico. Acho que na história do futebol brasileiro, não existe um jogador que se adeque tão bem a ser retratado em um filme. Cuja vida se parece com um filme. É um personagem fascinante. Ele era um jogador à frente do seu tempo. E era bipolar. Em uma época em que esse problema não conseguia ser diagnosticado de maneira precisa. Na época, quem apresentava um comportamento do tipo era chamado de maluco, diziam que estava com o diabo no corpo…

Heleno atuou nos anos 40 e são raros os registros dele. Isso atrapalhou na produção do filme?

- Tivemos acesso a poucas cenas dele atuando pelo Boca Juniors. Não tivemos acesso à voz do Heleno, por exemplo. Mas acho que não atrapalhou muito. Deu até mais liberdade.

Alguns jornalistas comparam a trajetória de Heleno de Freitas a de Adriano. O que acha?

- Não acho uma comparação cabível. Acho que Heleno se aproximaria mais do Edmundo. Heleno era muito cordato fora de campo e se transformava dentro de campo. O Edmundo é conhecido como Animal. Mas acho que o Heleno não tem muito parâmetro no futebol atual. Ele era um advogado, por exemplo.

Saiba mais sobre a carreira de Heleno de Freitas

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter https://twitter.com/memoriaec

Cineastas preparam documentário sobre a revolucionária ‘Democracia Corintiana’

sex, 03/06/11
por gm marcelo |

Em 1982, o Brasil ainda vivia sob a ditadura militar. Mas os ventos democráticos já começavam a soprar sobre o país. Naquele ano, os brasileiros voltaram a eleger diretamente os governadores de estado. E abertura também chegou ao futebol na época. E em um dos clubes mais populares do país. Com a nomeação do sociólogo Adilson Monteiro Alves como diretor de futebol do Corinthians e a presença no elenco de jogadores politicamente engajados, como Sócrates, Wladimir e Casagrande, se criaram as bases para a “Democracia Corintiana”.

No sistema, os jogadores tinham voz ativa nas decisões do clube, opinando sobre períodos de  concentração, horários de treinos, contratações e dispensas.

- Ganhar ou perder. Mas sempre com democracia – era o slogan do movimento, sob o qual o Timão foi bicampeão paulista em 82 e 83.

O nome do sistema chegou a estampar as camisas do clube. Que também serviram para mensagens políticas, com a que incentivava a população a ir votar em 15 de novembro.

Mas o insucesso em Brasileiros e a saída de Sócrates do Parque São Jorge em 84 fizeram o movimento se enfraquecer. Até ser extinto.

Para relembrar detalhes daquele movimento que marcou o futebol brasileiro na primeira metade da década de 80, os cineastas Pedro Asbeg e Gustavo Gama Rodrigues preparam o documentário “Democracia em preto e branco”. No filme, a dupla quer analisar o movimento no Corinthians também sob a ótica da situação política do país da época, marcada pela mobilização popular pelas eleições diretas para presidente, e o panorama musical do momento, com o surgimento da geração ‘Rock Brasil”.

Em entrevista ao blog Memória Esporte Clube, Pedro Asbeg revela detalhes da produção do documentário, destaca a liderança de Sócrates no movimento e não vê possibilidade da repetição de algo parecido em um clube nos dias de hoje.

- Acho que da forma como ocorreu, não veremos jamais. Por outro lado, acho que muitos exemplos que nasceram ali, de liberdade de expressão e direitos dos atletas, podem e devem ser aproveitados – afirma Asbeg, que mantém um blog sobre o documentário.

Porque você decidiu escolher a Democracia Corintiana como tema de um documentário?

- Diria que a inspiração para o filme foi o fato de termos vivido aquela época intensamente. Meus pais me levavam para os comícios da campanha das diretas, sempre gostamos das bandas brasileiras que estavam surgindo naquele momento e somos fanáticos por futebol. O Sócrates, sem dúvida, era e ainda é um grande ídolo para nós.

Quais personagens já foram entrevistados? Quais vocês ainda pretendem entrevistar?

- Já filmamos papos ótimos com Sócrates, Casagrande, Juca Kfouri, Washington Olivetto, Marcelo Rubens Paiva, Roger Moreira (vocalista do grupo Ultraje a Rigor), entre outros. Vamos fazer a segunda bateria de entrevistas e queremos agora conversar com figuras que marcaram aquele momento do Brasil como Rita Lee, Lobão, Angeli, Lula e Fernando Henrique Cardoso .

O documentário não se restringe apenas ao futebol. Há relação daquele movimento no Corinthians com o momento em que o Brasil vivia na política e na cultura nos anos 80?

- Eu diria que o processo de abertura política no Brasil do início dos anos 80 é o tema do filme.  A Democracia Corintiana – que mistura futebol e política – é uma das três pontas do nosso documentário. Vamos abordar também o movimento do chamado Rock Brasil e a mobilização em torno das Diretas Já!  

Na pesquisa, você certamente encontrou histórias curiosas e surpreendentes. Poderia citar alguma?

- Acho que o mais legal foi descobrir a extensão da democracia corintiana. Os jogadores passaram a opinar sobre as questões mais variadas, desde contratação de jogadores até a existência ou não da concentração, passando inclusive por horários de treino. Ouvi coisas muito legais também sobre o histórico comício no Vale do Anhangabaú (SP), onde muitos dos entrevistados estavam presentes. Prefiro guardar essas surpresas para o filme…

É verdade que o goleiro Leão era contrário ao movimento?

- Eu não diria que o Leão era contrário ao movimento. Pelo que pude entender até agora, ele simplesmente não acreditava nos métodos da ‘Democracia’. Ao longo dos anos, se recusou a comentar o assunto, mas ainda acredito que conseguirei falar com ele. Por favor, Leão, conte seu lado da história pra nós!  

Havia um líder destacado naquele movimento?

- Sócrates, que era um craque de bola e articuladíssimo no campo das idéias, acabou tendo um papel de grande destaque por ser um ídolo que representava o movimento. No entanto, diria que além dele, foram cruciais para o “movimento” o Casagrande, o Wladimir e o Adilson Monteiro Alves (diretor de futebol).

Você acha que a ‘Democracria’ poderia se repetir hoje em um clube ou foi algo particular daquele momento?

- Jogadores e dirigentes tiveram na Democracia Corintiana a possibilidade de experimentar uma liberdade de expressão e certos direitos que não tinham do lado de fora do clube.  Acho que da forma como ocorreu, não veremos jamais. Por outro lado, acho que muitos exemplos que nasceram ali, de liberdade de expressão e direitos dos atletas, podem e devem ser aproveitados. Infelizmente, na minha opinião, os jogadores de futebol andam cada vez mais alienados.

Como está o processo de financiamento para o documentário?

- Além dos processos ortodoxos de captação de recursos através de leis de incentivo à cultura, decidimos partir para um método inovador de ‘crowdfunding’, onde qualquer indivíduo tem a chance de viabilizar uma etapa da produção. Através do site incentivador.com.br as pessoas ajudam a bancar a segunda bateria de entrevistas em troca de contrapartidas que oferecemos.

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter, ficando por dentro de novos textos e promoções: https://twitter.com/memoriaec

Emoção do futebol invade as salas de cinema no Rio e em São Paulo

ter, 24/05/11
por gm marcelo |

Os fãs do futebol que moram no Rio de Janeiro tem um programa cultural imperdível a partir desta quinta-feira, com a abertura do 2º Cinefoot – Festival de Cinema de Futebol. O evento apresenta 18 filmes sobre o esporte mais popular do mundo (oito longas e dez curta-metragens), produzidos no Brasil e mais sete países (Alemanha, Espanha, Suécia, Chile, Uruguai, Argentina e Inglaterra). A entrada é gratuita.

Torcedores de alguns dos principais clubes brasileiros, como Corinthians, Flamengo, Grêmio, Internacional, Palmeiras e São Paulo, têm motivos especiais para comparecer ao festival e relembrar momentos marcantes da trajetória de seus clubes.

A rivalidade Gre-Nal será retratada no festival com os documentários “A Supremacia é Vermelha”, que se refere no título ao maior número de vitórias do Colorado no clássico, e “Grêmio 10×0″, batizado com o maior placar registrado nos 102 anos de duelos entre os clubes.

A despedida dos torcedores palmeirenses do histórico Palestra Itália, em reformas para a construção da Arena Palestra, é fio condutor do filme “Primeiro tempo”. Ídolos do clube, como Ademir da Guia, Oberdan Cattani e Marcos, torcedores, funcionários do clube e moradores do entorno da sede palmeirense contam histórias do estádio.

A centenária história do Corinthians é contada em “Todo Poderoso: 100 anos do Timão”. Os corintianos também podem conferir o curta “Os fiéis”, sobre três torcedores que relembram a famosa invasão ao Maracanã e a marcante vitória nos pênaltis do Timão sobre o Fluminense na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976.

Os torcedores do São Paulo podem relembrar detalhes do seis títulos brasileiros do Tricolor Paulista no filme “Soberano – seis vezes São Paulo”.

Para a torcida do Flamengo, há o lançamento do documentário “O Gringo”, sobre a trajetória no futebol brasileiro do sérvio Petkovic, que entrou para a história do clube ao marcar o gol que garantiu o tricampeonato carioca em 2000. O longa abre o festival, na quinta-feira, com sessão exclusiva para convidados.

Os rubro-negros – e torcedores dos outros clubes cariocas – que não conseguirem convites para a abertura tem como boa opção o documentário “Mário Filho – O criador das multidões”, que retrata a trajetória do jornalista que foi um dos principais incentivadores da construção do Maracanã. E que foi homenageado ao batizar o mais tradicional estádio brasileiro.

O festival ocorre no Rio de 26 a 31 de maio, em sessões às 19h e 21h no Unibanco Artplex, na Praia de Botafogo, 316. Há sessões especiais marcadas também para o Cine Glória, na Praça Luis de Camões s/n (Glória, Zona Sul).

Os moradores de São Paulo também poderão assistir a filmes do festival de 2 a 5 de junho, no Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, no Pacaembu.

Clique e confira a programação completa do Cinefoot

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter, ficando por dentro de novos textos e promoções: https://twitter.com/memoriaec

Relação política-futebol é tema de documentário sobre o Mundialito de 80

seg, 04/10/10
por gm marcelo |

A Copa do Mundo de 78 ficou marcada pelas suspeitas de interferência do regime militar argentino na competição. A goleada de 6 a 0 dos donos da casa sobre a seleção do Peru é uma das maiores polêmicas da história dos Mundiais. Dois anos e meio depois, um outro torneio importante também foi realizado na América do Sul. Também sob a chancela da Fifa. Também em um país governado com mão de ferro pelos militares: o Uruguai. E como em 78, a competição foi encarada como uma oportunidade pelo governo local para melhorar a imagem das autoridades diante da população, que já questionava a restrição à liberdade de expressão.

A história desse torneio é o tema do documentário “Mundialito”, que faz parte da programação do Festival do Rio de Cinema.

Clique e veja o trailer do documentário ‘Mundialito’

Dirigido pelo diretor Sebastian Bednarik, o filme mostra, com imagens da época e depoimentos de personagens ligados à competição, como o Mundialito também foi encarado pelo governo uruguaio não apenas pelo lado esportivo, mas como uma oportunidade de ganhar apoio popular e legitimar suas decisões.  A película mostra entrevistas de jogadores da seleção uruguaia que disputou o torneio, como Rodolfo Rodriguez e Venâncio Ramos. E dirigentes. Caso de João Havelange, presidente da Fifa no período.

O objetivo inicial dos organizadores do Mundialito era reunir os seis países com títulos mundiais no currículo na época para celebrar o cinquentário da primeira Copa do Mundo, realizada em 1930 no próprio Uruguai.

A Inglaterra foi a única seleção campeã a não aceitar o convite de viajar para Montevidéu na virada de 1980 para 81. Alemanha, Argentina, Brasil e Itália confirmaram presença. E a Holanda, vice nas duas Copas anteriores, foi convidada para substituir a Inglaterra.

O Uruguai dominou o Grupo A, batendo Holanda e Itália (ambas por 2 a 0). O Brasil ganhou a Chave B, ao empatar com a Argentina (1 a 1) e golear a Alemanha (4 a 1).

Em 10 de janeiro de 81, Brasil e Uruguai ficaram frente a frente na decisão. E com o estádio Centenário superlotado, a Celeste prevaleceu, vencendo por 2 a 1 (Barrios, Sócrates e Victorino). Para alegria do regime que comandava o país na época.

O documentário “Mundialito” será exibido no Festival do Rio de Cinema nesta terça-feira, às 19h50min, no Estação Gávea 4, no Shopping da Gávea.

Deixe o seu comentário e acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter e fique por dentro de novos textos e promoções: https://twitter.com/memoriaec

‘Pé-frio’ Mick Jagger foi campeão no Rio de Janeiro. Ou quase…

seg, 05/07/10
por gm marcelo |

Mick Jagger virou uma das figuras marcantes da Copa do Mundo de 2010.  O líder dos Rolling Stones deve ter se arrependido de ir à África do Sul. Primeiro, viu, perto de Bill Clinton, a derrota dos Estados Unidos para Gana. No dia seguinte, presenciou a sua Inglaterra ser goleada pela Alemanha e voltar para casa. A sina continuou nas quartas de final. Na sexta-feira, ao lado do filho brasileiro, viu a seleção de Dunga cair diante da Holanda. Um dia depois, foi assistir Alemanha x Argentina. Certamente, não torcia pelos alemães, que eliminaram a seleção do seu país-natal. Resultado: Argentina desclassificada. Com direito a uma goleada (4 a 0).

Mas nem sempre Jagger torceu pelo time derrotado. No Brasil, ele viu uma equipe que apoiava ser campeã. Ou quase.

Em novembro de 1984, o popstar veio ao Rio de Janeiro para gravar o longa “Running out of luck” e o clipe da música “Just another night”, principal faixa de seu primeiro disco solo (“She’s the boss”). Parte das filmagens foi realizada na sede do Fluminense, nas Laranjeiras (veja o clipe no vídeo abaixo).

Em 16 de dezembro, Jagger foi ao Maracanã para assistir ao Fla-Flu que decidiria o Campeonato Carioca. Apesar de garantir, no intervalo, que não estava torcendo para um dos clubes, deixou evidente durante o jogo que apoiava o Tricolor. E o Flu venceu. Com um gol de Assis, de cabeça, aos 30 minutos do segundo tempo, o clube das Laranjeiras conquistou o bicampeonato estadual.

Detalhe: Jagger saiu antes do gol ocorrer e não viu a festa tricolor.

Acompanhe o blog Memória Esporte Clube no twitter e fique por dentro de novos textos e promoções: https://twitter.com/memoriaec



Formulário de Busca


2000-2015 globo.com Todos os direitos reservados. Política de privacidade