João Saldanha ganha bela homenagem na Calçada da Fama do Maracanã
Um dos personagens mais ricos da história do futebol brasileiro foi eternizado no Maracanã nesta segunda-feira. Treinador do Botafogo e da seleção brasileira, e um dos mais respeitados comentaristas esportivos do Brasil, João Saldanha ganhou uma estátua em sua homenagem inaugurada junto à Calçada da Fama do Maracanã. O presidente Lula e o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, participaram da cerimônia.
Iniciativa do jornalista André Iki Siqueira, autor do livro “João Saldanha, uma vida em jogo”, a imagem em bronze foi produzida pelo escultor Ique (na foto), famoso pela sua atuação como cartunista na imprensa do Rio de Janeiro e que trabalhou com Saldanha no Jornal do Brasil na década de 80. A obra apresenta Saldanha com a mão esquerda perto do olho, fazendo sua saudação característica.
Conhecido como ”João sem medo” por sua forte personalidade, João Alves Jobim Saldanha nasceu em Porto Alegre no dia 3 de julho de 1917. Ainda jovem, veio morar com a família no Rio e logo começou a jogar futebol nas areias de Copacabana. Na praia, chegou a atuar ao lado de Heleno de Freitas, ídolo maior nos anos 40 do seu amado Botafogo.
A ligação com o clube da Estrela Solitária era intensa e, após fazer parte da diretoria do clube, foi convidado para assumir o cargo de treinador da equipe em 1957. Sem qualquer experiência prévia na função, soube tornar vitorioso um time repleto de talento (Garrincha, Didi, Nilton Santos, Paulo Valentim, Quarentinha). Foi campeão carioca daquele ano, com a maior goleada registrada em uma decisão de Carioca: 6 a 2 sobre o Fluminense, com cinco gols do atacante Paulo Valentim. No Maracanã, onde será homenageado nesta segunda.
Após deixar o cargo, em 1959, se tornou comentarista de rádio e articulista de jornal, adotando uma linguagem muito próxima da usada pelos torcedores, que logo caiu no gosto do público. Começava suas análises com o bordão: ‘Meus amigos”.
Filiado ao Partido Comunista, Saldanha sempre manteve uma postura crítica ao regime militar. Mas isso não impediu o presidente da CBD, João Havelange, de fazer um convite surpreendente ao cronista esportivo: ser treinador da seleção brasileira em 1969, no auge do AI-5. Sem pestanejar, ‘João sem medo’ aceitou a proposta. E logo após ser anunciado como técnico da equipe, tirou do bolso a lista de convocados e divulgou para os repórteres. Eram “as Feras do Saldanha”.
Nas Eliminatórias para a Copa de 70, a equipe empolgou o país, vencendo seis jogos, marcando 23 gols e sofrendo apenas dois. Mas após a classificação para o Mundial do México, o clima ficou pesado.
Uma série de polêmicas – chegou a insinuar que Pelé estaria com problemas de visão e disse para o presidente Médici não se intrometer na escalação do time, porque ele não se metia na formação do Ministério -, e tropeços em campo (derrota para Argentina por 2 a 0 no Beira-Rio e empate em jogo-treino contra o Bangu) causaram a sua queda três meses antes do começo da Copa.
Ao tomar conhecimento que a direção da CBD havia anunciado que a comissão técnica da seleção estava “dissolvida”, respondeu:
- Eu não sou sorvete para ser dissolvido.
Fora da seleção, foi ao México como jornalista para assistir ao tricampeonato.
A saída da seleção foi um das muitas polêmicas de sua vida. Ainda como treinador da equipe, se envolveu em uma discussão pública com o treinador Yustrich. Saldanha chegou a tentar invadir a concentração do Flamengo atrás do desafeto, que comandava o Rubro-Negro carioca. Detalhe: armado.
Fato semelhante ocorreu em 1967. Durante a final do Carioca daquele ano, entre Botafogo e Bangu, Saldanha, em seus comentários pelo rádio, disse estranhar a atuação do goleiro alvinegro Manga. À noite, após a vitória do Botafogo por 2 a 1, na famosa “Resenha Facit”, o jornalista afirmou que o bicheiro Castor de Andrade, patrono do time de Moça Bonita, havia subornado o arqueiro. Castor ouviu e invadiu o estúdio da TV Rio, cercado de seguranças. A confusão foi tamanha que o programa saiu do ar.
Na quarta-feira seguinte, Saldanha foi armado à festa pelo título em General Severiano e ameaçou Manga, que fugiu em disparada da sede alvinegra.
Clique e ouça uma discussão entre Saldanha e Jorge Curi na Rádio Globo em Fla x Vasco de 16/11/80
Fora da seleção, Saldanha se manteve ligado ao futebol, trabalhando na Rádio Globo e no Jornal do Brasil. Em 1990, já com a saúde abalada por problemas respiratórios, faleceu em 12 de julho de 1990, em Roma, onde estava para acompanhar a 14ª Copa do Mundo. Apesar dos conselhos contrários de médicos e amigos, viajou para a Itália. E morreu aos 73 anos fazendo o que mais gostava: falar de futebol.
Foto: Arquivo Ique / Marco Eusébio
12 janeiro, 2010 as 00:08
FALTA R O B E R T O D I N A M I T E..!!
29 dezembro, 2009 as 13:56
Sabio incontestável! merecida homenagem; sempre com suas conclusoes divertidas, como quando foi perguntado se mulheres poderiam jogar futebol: ele respondeu: – Sou contra! e ele depois explicou: – ” O sujeito tem um filho, que leva a namorada para conhecê-lo. O pai faz a pergunta clássica: Voce trabalha ou estuda?’ Trabalho’ ela responde. Em que?, quer saber o velho. ‘Sou zagueira do Bangu.” Concluiu Saldanha: ” Pega mal, voces não acham?”
26 dezembro, 2009 as 01:40
O MAIOR DE TODOS !!!
26 dezembro, 2009 as 01:20
Parabéns pela pesquisa do Ike……….mas como nasci em 1955……..posso dizer que teria muita gente MELHOR para se homenagear, mas bem melhor que esse “bobalhão” do João Saldanha, que quando era técnico da Seleção brasileira em 1969, nas eliminatórias alegou que PELÉ era míope e queria barrá-lo…logo o PELÉ…….lógico que em 1970 o técnico já era outro. Esse João Saldanha era um mau caráter e vivia armado prá lá e pra cá.
22 dezembro, 2009 as 14:20
Para esse tal de eu mesmo que falou que o saldanha era mal carater.Mal carater é voce que deveria estar na lua quando ele era vivo dediloide.
22 dezembro, 2009 as 03:57
Para ser exato, o documentário recebeu o título de “Histórias do João”.
Tem um vídeo a respeito, entre os que aparecem na lista do primeiro vídeo postado pelo autor do comentário.
22 dezembro, 2009 as 03:44
Procurem pelo documentário a respeito deste Homem, em maiúscula, porque este, sim, era alguém para se ter em conta e como exemplo. Em termos de exibição pública no Rio de Janeiro, acredito que atpe hoje só tenha passado durante o Festival É Tudo Verdade de 2008.
Salve o Glorioso João Saldanha!
22 dezembro, 2009 as 00:04
JOÃO 100 MEDO, HOMEM DE RESTISTÊNCIA, ABDICOU DE MUITAS COISAS, SÓ PARA MANTER A SUA INDEPENDENCIA. HOMEN CETICO , FALAVA O QUE QUERIA , SOMENTE QUEM VIVEU SOB AS ARMAS DOS TIRANOS,
RECONHECERÃO A SUA VALENTIA
21 dezembro, 2009 as 23:37
Ilustre amigos! justa homenagem a joão sem Medo.
mas houve um erro! Mesmo que tenhas achado registros de que Saldanha tenha nascido em POA, está errado ele nasceu em Alegrete!
21 dezembro, 2009 as 23:28
João “sem medo” Saldanha. Magrinho mas, um Homem inigualável. Botafoguense apaixonado, como todo bom torcdor do GLORIOSO. Viva João Saldanha um exemplar brasileiro. SAN.
21 dezembro, 2009 as 23:05
Este era o cara . Sem mais.
21 dezembro, 2009 as 22:34
Justa homenagem aquele que destemidamente sempre se posicionou sobre as questões mais polêmicas da sua época. Um verdadeiro botafoguense. Parabéns aos promotores de grande homenagem e a todos os botafoguenses que me antecederam. SAN.
21 dezembro, 2009 as 22:18
Grande João Saldanha!!! Homem de fibra e raça botafoguense. Esse não levava desaforo para casa de maneira nenhuma. É de gente dessa estirpe que o nosso botafogo precisava. Homenagem mais que justa e necessária.
21 dezembro, 2009 as 22:07
Grande João Saldanha!
Sempre fez muita falta como comentarista!
Ele era “o cara”: Inesquecível Botafoguense, tua Estrela Solitária nos conduz!
Homenagem de um Botafoguense!
21 dezembro, 2009 as 21:56
Salve inesquecível João Saldanha! Sua Estrela Solitária nos conduz! Grande Saldanha! Que Deus o tenha brilhando no firmamento!
De um botafoguense que não esquece os seue ídolos.
21 dezembro, 2009 as 21:01
Para os botafoguenses saudosos ,quem vive de passado e museu,um time tem que passado presente e futuro e isso so o mengao tem
21 dezembro, 2009 as 20:57
João saldanha, seguramente merece a homenagem até por que foi uma das poucas pessoas no país que teve a hombridade e
a honestidade de criticar os mercenários e incompetentes a exemplo do zico que amarelou na copa da argentina não teve bola e fibra para ganhar da seleção italiana em 82, sem contar que em 86 errou o penlti contra a frança e ainda desavergonhadamente e com apoio de alguns puxa sacos da imprensa perseguiu romário, agora fica promovendeofutebol solidário para sua promoção pessoal querendo derrubar o dunga,) aliás este porcaria pensa que todo mundo é burro neste país). João foi integro, foi gente de primeira qualidade coisa rara hoje em dia nos meios futebolísticos.
21 dezembro, 2009 as 20:48
Acho que demoraram muito para fazer a estátua do João Sem Medo. Lamento que ele tenha partido sem deixar alguém parecido com ele. O futebol precisa de muitos “Joões” Saldanha.
21 dezembro, 2009 as 16:47
Só um detalhe, ele nasceu em Alegrete, e não em Porto Alegre como disseste.
Caro amigo. Segundo um dos biógrafos do João Saldanha, André Iki Siqueira, ele nasceu na capital gaúcha e não em Alegrete, como constam em vários textos. Abs.
21 dezembro, 2009 as 14:20
Desde seu falecimento, eu acho que o nome do Maracanã deveria ser alterado para “Jornalista João Saldanha”.
João Saldanha e Zico são os dois nomes sinônimos de Maracanã…. para sempre. Não haverá nada igual.