Biógrafo fala sobre Quarentinha, o artilheiro que não sorria

sex, 26/12/08
por gm marcelo |

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Quarentinha cabeceia para marcar um de seus 313 gols com a camisa do BotafogoO time do Botafogo do final da década de 50 e início dos anos 60 é considerado um dos melhores times brasileiros de todos os tempos. Não é para menos. A equipe possuía campeões mundiais como Didi, Nilton Santos, Zagallo, Amarildo e… Garrincha. Mas o elenco alvinegro daquele período, três vezes campeão carioca (1957, 61 e 62), contava também com um atacante que nem sempre é lembrado da forma merecida. E que detém até hoje um número que nenhum outro jogador que vestiu a camisa da Estrela Solitária conseguiu superar: 313 gols pelo clube. Seu nome é Waldir Cardoso Lebrego. Mais conhecido como Quarentinha.

O maior artilheiro da história do Botafogo Futebol e Regatas ganhou uma importante homenagem neste mês, com o lançamento da biografia “O artilheiro que não sorria”, de autoria de Rafael Casé. O título é retirado de uma característica que marcou a carreira do jogador e que intrigava os torcedores: Quarentinha nunca foi de comemorar os seus gols.

A obra retrata a trajetória esportiva do jogador, desde os primeiros jogos no Paysandu, passando pelo Vitória, o início em General Severiano, o “exílio” no Bonsucesso, o retorno triunfal ao Botafogo, a passagem pelo futebol da Colômbia e o fim da carreira em Santa Catarina.

Nesta entrevista, o biógrafo de Quarentinha revela as causas do atacante não vibrar após estufar as redes, analisa as razões de ele não ser lembrado da forma justa pelo que fez em campo, sua passagem pela seleção brasileira e a tristeza com a distância dos gramados após o fim da carreira. O que deixa claro que o futebol era importante para ele. Apesar de não comemorar seus gols.

Porque Quarentinha não costumava comemorar seus gols?

- Era um sujeito simples e, principalmente, muito tímido. Se defendia de toda esta timidez dizendo que não estava fazendo mais do que a sua função, que era pago para marcar gols.

Você revelou que ele não deixava a família ir ver seus jogos e não deu sequer uma camisa de clube ao filho. Poderia se dizer que ele era um jogador de futebol que não gostava de futebol? Que exercia a profissão por obrigação?

- De jeito nenhum. Ele era um apaixonado pela bola. Não queria, no entanto, que o filho sonhasse em ser jogador como ele. Queria que o filho fosse doutor. Por isso tanta separação entre o trabalho e a casa.

Você acredita que Quarentinha não tem o reconhecimento que merecia? A que você atribui esse fato?

- Acho que a sua timidez. Não era um cara falastrão, não gostava de dar entrevistas. Muito pelo contrário. Era difícil arrancar algo dele. Isso, com certeza, não colabora na imagem de um ídolo. Além disso, seu jeito de não comemorar os gols fazia com que parecesse mascarado ou desinteressado. Mas, não dá pra entender mesmo, como um cara que marca mais de 300 gols por um clube não seja eternamente endeusado.

Ele jogou no Bonsucesso em 56, entre suas passagens no Botafogo. Qual a razão de ele ter saído do Alvinegro neste intervalo?

- Não se adaptou bem ao Botafogo quando veio da Bahia. Era muito novo ainda. O colocaram em uma posição que não era a sua, passou a não se destacar tanto e acabou ficando desestimulado. Como castigo, os dirigentes o exilaram no Bonsucesso.

A biografia de Quarentinha foi lançada em dezembroComo você avalia a passagem dele pela seleção? Poderia ter sido mais marcante?

- Ele marcou 17 gols em 19 jogos. Sempre que atuou ao lado de Pelé, fez mais gols que o Rei. Machucou o joelho num jogo pela seleção, em Portugal. Trabalhou duro na recuperação, mas acabou sendo cortado da Copa de 62. Se tivesse ido ao Chile, sua imagem vitoriosa com a “amarelinha” seria mais marcante.

Qual (is) o(s) jogo (s) que você destacaria na carreira de Quarentinha? E os gols mais importantes?

- As finais do Campeonato Carioca de 57 e 62, suas mais importantes conquistas. O gol mais importante talvez tenha sido pela seleção, contra o Chile, em 1959, pela Taça Bernardo O’ Higgins. Naa segunda partida, o Brasil venceu por 1 a 0 e ficou com o troféu. O único gol da partida foi marcado por ele.

Quais foram as descobertas mais interessantes/curiosas sobre Quarentinha verificadas durante sua pesquisa? Houve algo que surpreendeu a você?

- Foi interessante descobrir que ele fez mais gols do que o número considerado como oficial de até então (313 contra 308). O que achei mais legal foi mostrar a verdadeira face de Quarentinha, que não tinha nada de sisudo. Com quem conhecia, era bastante brincalhão.

Como era a relação dele com Garrincha? Há o famoso caso do desenho que Mané teria feito dele antes da Copa de 58, com cabeça grande e corpo fino.

- Mané e Quarentinha eram como irmãos, tinham a mesma idade, a mesma origem pobre e se gostavam muito. Quando Garrincha foi duramente criticado pela imprensa quando se casou com Elza Soares, Quarentinha foi um dos poucos a continuar a amizade com Mané.

Quarentinha era bem visto pelos companheiros de time? E pelos torcedores?

- Todos os ex-companheiros com quem falei o achavam um bom companheiro. Acho que entre os torcedores havia uma imagem errada dele, que pretendo desfazer com este livro.

Já veterano, ele atuou em times colombianos. Como foi essa passagem pela Colômbia?

- A Colômbia, naquela época era o Eldorado do futebol para esses jogadores veteranos que não tinham mais vez por aqui. Lá ele foi rei. Era conhecido como “El Maestro Quarentinha”.

Ele fez dinheiro no futebol? Como foi a vida dele após o encerramento da carreira? Teve dificuldades financeiras?

- Poucos foram os jogadores daquele tempo que ficaram bem, financeiramente, depois do fim da carreira nos gramados. Quarentinha não foi exceção, mas o mais duro não foi viver com menos dinheiro, e sim viver longe da bola, ficando apenas com as lembranças de seus anos dourados nos gramados pelo mundo afora.

Confira a entrevista de Rafael Casé ao Redação SporTV. Com imagens de Quarentinha em ação

Ouça entrevista de Rafael Casé ao programa CBN Esportes

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38 Comentários para “Biógrafo fala sobre Quarentinha, o artilheiro que não sorria”

Páginas: [2] 1 »

  1. 38
    Girardo:

    Quarentinha deixou seu nome escrito entre os maiores artilheiros do Botafogo! Era fantástico assistir jogo do Botafogo,eu tive este prazer de ver,hoje apenas saudades,o tempo passa rápido para os grandes jogadores.

  2. 37
    José arraes:

    Como paraense e orgulhoso botafoguense , sinto-me gratificadopelo resgate desta figura brilhante que foi o maior o artilheiro do glorioso , o Inesquecivel QUARENTINHA . obrigado e parabéns CAZÉ

  3. 36
    debora lebrego:

    adorai as fotografias do ex jogado quarentinha, sou muito fã dele mesmo ele naõ estando mas presente con agente.

  4. 35
    Jose Goncalves:

    Com todo o respeito ao botafoguenses, o Santos tinha o melhor time do Brasil naquela epoca.

  5. 34
    mario robson chumam:

    no ano de 1987 teve um corinthians x sao paulo .que jogao 3×3

  6. 33
    Eduardo Marinho Bittencourt:

    Grande Marcelo,

    conheci o Casé (grande amigo e mentor sobre as informações do Glorioso Botafogo) quando esse veio a Brasília lançar o livro do 40. Foi no dia 13 de dezembro e desde este dia já li o livro 2 vezes de tão fantásticas histórias que lá estão. Adoro reler as diabruras da turma do bagaço e sempre acabo por ler que com ele na seleção o Rei era súdito, hehehehe. Não é a toa que nosso querido 40 não foi a Copa de 62 (Pelé teve medo de perder a coroa, hehehehe). Quero ver um clube que já teve algum time perto desse de 57-62. Garanto, não existe!!!

    Sobre o Cesar, só espero que a venda esteja indo cada vez melhor, até porque comprei 5 e ainda irei comprar uns 4, hehehehe, só para que cada alvi-negro glorioso possa responder com elegância qualquer provocação de torcedor de outro clube.

    Um colossal abraço,

    Manto Glorioso.

    PS: Parabéns pelo espaço Marcelo, te desejo sucesso nesse blog!

    Caro Eduardo. Muito obrigado. Espero contar sempre com a sua participação no blog. Abs. Marcelo

  7. 32
    Renato Knupp Furtado:

    Rodrigo… Vc tá bebado? Drogado?.. Algo do tipo????
    Botafogo pequeno???
    Vou repetir uma frase do filme “Tropa de Elite”…
    “NUNCA SERÁ!!!!”

    rsrsrs… pessoas como vc me matam de rir!!! Seu fanfarãooooooooo…..rsrsrsrsrs.
    Saudações alvinegras.

  8. 31
    Rodrigo:

    O Botafogo NÃO existe. Hoje é time pequeno!

  9. 30
    Cesar Oliveira:

    Marcelo e amigos:

    Como o editor da biografia do Quarentinha, comunico à torcida botafoguense que vêm aí mais três livros sobre o Glorioso.

    Rafael Casé vai escrever o “Manual do Pequeno Torcedor Botafoguense”, um brinque-book com textos e brincadeiras para os jovens torcedores, que trará um jogo criado especialmente para este manual.

    Em parceria com o jornalista Paulo Marcelo Sampaio, Casé já está escrevendo a saga do Botafogo em 1989. Vai se chamar “21 depois de 21″, com histórias inéditas dos bastidores da conquista.

    E o jornalista mineiro Pedro Henrique Blank está preparando, ainda em fase de pesquisas, a biografia de Paulo Valentim, o grande artilheiro da final de 1957.

    A LivrosdeFutebol.Com não é uma editora voltada apenas para o Botafogo, mas para o nicho de livros de futebol. Queremos editá-los com qualidade, conteúdo e preço que não afugente o torcedor.

    “O artilheiro que não sorria”, a biografia de Quarentinha, tem 332 páginas, um caderno de fotos com 30 páginas, papel de excelente qualidade, projeto gráfico diferenciado mas tem um preço bem legal e compatível: apenas “quarentinha”…

    Abraços para você e os leitores deste Blog que, em boa hora, foi criado para ajudar a preservar a memória dos nossos craques.

    Como diria Gilberto Gil, na música “Louvação”…

    “louvando
    o que bem merece
    deixando
    o ruim de lado”

    FELIZ ANO NOVO A TODOS!

    Caro Cesar. Obrigado pela mensagem. E parabéns pelo livro e pelos outros projetos da editora. Grande abraço. Marcelo

  10. 29
    Leandro Maia:

    Parabéns pelo livro.

    Este livro demonstra mais uma vez que o botafogo é o principal time brasileiro em número de ídolos.

    Garrincha, jairzinho, didi, nilton, quaretinha e o único ídolo atualmente é Túlio Maravilha.

    Precisamos de mais feras como essas!

    Grande abraço para a massa alvinegra!!!

  11. 28
    Dary Calaça da Silva:

    Como botafoguense roxo que sou, gostaria de adquirir o livro sobre Quarentinha, mas não seu como adquirir. Gostaria de saber qual contato para poder compra-lo e o valor.
    Aguardo resposta

    Obrigado.

    Dary Calaça da Silva – Catalão-Go

    Olá. O autor do livro, Rafael Casé, colocou um comentário nesta lista que poderá ajudar você a conseguir o livro. Dá uma olhada por favor. Abraço. Marcelo

  12. 27
    Márcio Nascimento Pinto:

    Em 57 tinha apenas 7 anos de idade, mas foi nessa época que comecei a gostar de futebol, principalmente do botafogo. Me lembro de memoráveis partidas em que o Quarentinha fazia as cobranças de faltas, que por sinal eram feitas com maestria e muita força, acho que na época só haviam dois exímios cobradores de faltas; Quarentinha e Pepe(Santos).O Brasil já grandes cobradores de faltas, mas, melhor do Quarentinha acho que nunca houve, ele tinha uma pontaria exuberante e perfeita.
    Parabéns ao autor do Livro, pela iniciativa e justiça seja feita a memória desse glorioso jogador…

  13. 26
    Carlos Santana:

    Parabéns pelo lançamento deste livro histórico, para todos os brasileiros amentes do futebol. Principalmente para os amentes do Botafogo.

  14. 25
    Luiz Jose Roale:

    O LIVRO REVELA A TRAJETÓRIA DE UM DOS MAIORES JOGADORES DO BOTAFOGO NA DECADA DE 50 E 60. COMO TORCEDOR TIVE A FELICIDADE DE VE-LO JOGAR. ME RECORDO UMA VEZ QUANDO TINHA 11 ANOS , MEU PAI ME LEVOU AO MARACANA, NUM JOGO CONTRA O VASCO, E QUARENTINHA FEZ OS 2 GOLS DA VITORIA DO BOTAFOGO< SENDO QUE UM DOS GOLS FOI QUASE DO MEIO DE CAMPO , O GOLEIRO DO VASCO CHAMAVASSE ITA , E ELE NEM VIU POR ONDE ENTROU A BOLA TAMANHA FORÇA DO CHUTE.

  15. 24
    gerson do couto correa:

    É MARAVILHOSO UM TRABALHO COMO ESSE , SINTO ORGULHO DE SER BOTAFOGUENSE.
    OBRIGADO MARCELO.
    SOU DE VOLTA REDONDA .

    Valeu Gerson. Espero contar sempre com a sua participação no blog. Grande abraço. Marcelo

  16. 23
    LUIZ CARLOS RUFINO:

    SOU BOTAFOGUENSE GRAÇAS A ESSES IDOLOS; ÉPOCA DE OURO, FUI CRIADO EM INHAÚMA EM UMA RUA QUE O MANÉ
    IA CONSTANTEMENTE VISITAR DOIS IRMÃOS GÊMEOS SE NÃO ME ENGANO CHAMAVAM-SE ISIDRO E LOURENÇO,CUJO
    AFILHADO MEU VIZINHO E AMIGO CHAMAVA-SE JAIME, À QUEM EU NÃO VEJO A MUITOS ANOS, QUASE SEMPRE MANÉ
    APARECIA POR LÁ COM A ELZA E UM CRAQUE A LHE FAZER COMPANHIA; JOEL E QUARENTINHA ERAM OS QUE MAIS APARECIAM, QUASE SEMPRE O PESSOAL SE REUNIA EM TORNO DÊLES E ERA UMA GRANDE FESTA, INDEPENDENTE DO
    CLUBE QUE TORCIAM À FELICIDADE EM TORNO DELES ERA DE DESLUMBRAMENTO POR TUDO QUE ÊLES REPRESENTAVAM
    PARA O POVO BRASILEIRO, FICO FELIZ E GRATO POR ÊSTE ESCRITOR RELEMBRAR E RETRATAR A HISTÓRIA DE UM DOS
    MAIORES IDOLOS DE NOSSO GLORIOSO; SAUDAÇÕES ALVINEGRAS. (Ps: SOU DE 09/04/1950)

  17. 22
    Celso Luiz:

    Fiquei muito feliz ao saber do lançamento do livro, a mais justa homenagem ao jogador que me fez escolher o Botafogo para torcer, pois tantos foram os gols do Quarentinha que eu ouvia os locutores de rádio narrar ( na época não havia transmissão pela tv ) e que algumas inesquecíveis vezes eu via no Maracanã, que não me deixaram dúvida sobre o fascínio que aquela Estrela Solitária já exercia sobre a criança que eu era no fim dos anos 50 e início dos anos 60. Quarentinha foi o meu primeiro e maior ídolo no futebol, e olha que na época o time era um esquadrão de craques do quilate de Didi, Nilton Santos, Manga , Garrincha (o Carlitos da bola), Amarildo, Zagallo…e desde então teve início um sentimento de paixão tão arrebatadora pelo Alvinegro graças, como citei antes, à fascinante Estrela-símbolo deste Clube e aos gols do Waldir Cardoso Lebrego, o Quarentinha. Obrigado Quarentinha. Valeu a todos os envolvidos na edição do livro, desde já considerado uma obra-prima literária.
    Saudações Alvinegras.

  18. 21
    JOEL JERONIMO MARTINS:

    COMO BOTAFOGUENSE QUE SOU JAMAIS PODERIA ME ESQUECER DO QUARENTA,JUSTISSIMA HOMENAGEM DE UM CARA QUE SÓ NÃO TEVE MAIS VALOR PORQUE CONCORRIA COM OUTROS MONSTROS QUE FAZIAM PARTE DO ELENCO DO GLORIOSO,MAS DE QUALQUER FORMA É LAMENTÁVEL QUE TODOS OS GRANDES CRAQUES DO PASSADO TENHAM TERMINADO DE FORMA TÃO TRISTE.

  19. 20
    Rafael Casé:

    Caros amigos
    Como autor não poderia estar mais feliz com a reação de vocês. Também descobri Quarentinha fazendo esta biografia e passei a admirá-lo ainda mais. Espero que, quem ainda não leu, tenha o mesmo prazer que tive ao resgatar a história deste nosso craque.
    Um lembrete para quem é de fora do Rio. Como a distribuição para outras capitais é mais complicada, é possível adquirir o livro pelo site https://www.livrosdefutebol.com
    Um abraço a todos e um agradecimento ao Marcelo pela força.
    Rafael Casé

    Valeu Casé. Parabéns pelo livro. Grande abraço. Marcelo

  20. 19
    Gabriel:

    Parabéns pelo livro que revela a vida, a história e a trajetória profissional de um ídolo como Quarentinha. O torcedor brasileiro e destes eu posso com certeza me excluir, devia dar mais valor ao passado.
    Como o Botafogo tinha crack e merece mesmo ter sido eleito um dos doze maiores clubes do século.
    Um baita crack como Quarentinha só podia ter jogado em um clube enorme como o Botafogo.
    Livros como o seu, deviam existir em maior quantidade, para preservar a história do nosso futebol.
    Mais um vez parabéns

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